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M. parecia a pessoa que sonhei a vida toda. Engraçada, inteligente, sexy, carinhosa... Aliás, de tudo que sempre amei em M., a característica mais marcante dela era o carinho. Já tive outros relacionamentos mas em nenhum deles recebi tanto carinho e cuidado como o que M. me fazia ter.
Andava ansioso para nos encontrarmos mas andava difícil por agendas complicadas, tanto para mim quanto para ela. Principalmente ela, médica que andava em plantões. E eu, cada vez mais dependente dos nossos contatos via msn, praticamente ficava online o tempo todo, a espera de que ela aparecesse. E quase todo dia nos falávamos, já que ela quase sempre aparecia online.
Chegamos a falar algumas vezes ao telefone. Celular não era banal como é hoje mas ela me ligou algumas vezes em casa. Ah, a voz dela... Com um pouco de sotaque do Sul do Brasil. Lembro da voz dela ainda hoje. Voz de menina, alegre e tão doce aos meus ouvidos. Quanta saudade você deixou, M.
Morava em república na época e meus colegas diziam que eu não saía mais do quarto. Era do trabalho pro quarto e do quarto para o trabalho. Queria tanto estar com ela que simplesmente só queria esperá-la no msn para curtirmos nosso tempo juntos. Se alguém já viveu ao lado de alguém momentos que chamamos de mágicos, entende bem o que estou falando. Me faltam palavras para descrever como era cada minuto com ela, mesmo que através de uma tela de computador.
Mas em um final de semana, tudo mudou. Não o que sentia por ela e o que ela sentia por mim. Mas a mágica deu lugar a realidade*. Cansado de esperar por ela estar online e lembrando das críticas dos colegas de república, resolvi sair para caminhar, como fazia antes de conhecê-la. Dizia para mim mesmo: "não posso ficar online o tempo todo, tenho que sair para fazer qualquer coisa, pois vou enlouquecer".
E então saí para caminhar. Muitos anos depois, meu arrependimento por esse dia ainda parece tão grande como naquele dia. Ao voltar da caminhada, um colega disse: "M. ligou te procurando. Conversamos um pouco e ela parece legal. Disse que ia te escrever".
A gente tinha combinado de nesse final de semana se falar para combinar algo ao vivo. Então, quem me lê imagina como fiquei com ódio de mim por ter saído justamente no momento que ela ligou.
De qualquer forma, mal ouvi o que o colega falou e corri para o quarto para ver meu e-mail. M. tinha me escrito um mail longo dizendo que a mãe dela tinha tentado se matar e ela teve que partir em direção a cidade dela (Blumenau). Ela se desculpava mas estava desesperada e não sabia se voltaria para nossa cidade (Campinas), pois tinha que ficar com a mãe. Mas que queria muito viver tudo o que falávamos e que estava triste porque não poderia me encontrar naquele momento.
E então eu chorei como nunca chorei na minha vida. Fiquei horas e horas chorando, me lamentando por ter ido caminhar, por não ter confortado-a nesse momento, por não ter me oferecido para ir junto na longa viagem. O que teria acontecido se eu estivesse em casa e atendido o telefone? Por mais que eu especule, nunca irei saber..
Olhava o e-mail dela, chorava muito e escutava a música que ela dizia ser a preferida dela:
Chorava também por mim, por imaginar a possibilidade de não acontecer uma coisa tão maravilhosa como ela. Me lamentava por tudo, pelas coisas boas nunca acontecerem comigo. Me senti revoltado por tudo e estava desesperado, porque estávamos tão perto e acontecia uma coisa dessa.
Rezava pela mãe dela, por ela e por mim. E me questionava se aquilo tudo ia acabar ou se teríamos nova chance...
Continua**...
* Um adendo importante: muito do que relato aqui não tenho como comprovar a verdade. Não me refiro ao que sentia e ao que vivemos. Mas o nome dela, a profissão dela, a casa dela, o que aconteceu com ela... talvez nunca saiba a verdade. E isso me mata a cada dia...
** Sempre choro muito quando lembro dela. E escrever isso tudo está sendo bem difícil para mim. Que saudade...
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Para ler desde o início:
1) http://writerapia.blogspot.com/2014/12/amor-maior-o-inicio-de-tudo.html
2) http://writerapia.blogspot.com/2014/12/amor-maior-voltando-sentir-o-coracao.html
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