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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A hora de voltar

Tenho passado esses dias aqui na casa da minha mãe e tenho me sentido bem melhor do que quando cheguei aqui. Estar perto de quem amo, boa alimentação, conforto, tranquilidade, ar puro... Acho que é uma soma de coisas que colaboram para o nosso bem estar. Da mesma forma, a falta delas contribuem para um estado doente.

Com certo receio de sair de casa, ontem saí para um exame e hoje fui à padaria. Tive momentos de insegurança mas posso dizer que me saí bem. Meu estado físico parece bem melhor, embora esteja com uma dor de dente que tem me incomodado bastante. Mas a minha reação a esses incômodos físicos tem sido bem melhor do que há uma semana atrás.

Ainda penso em 10 doenças por hora, claro. Não estou nem perto de estar bem (achei "curado" uma palavra forte). Mas claro que há progressos, tanto que hoje decidi voltar ao lugar onde moro e retomar minhas atividades.

Essa decisão de voltar me causou um certo temor agora à noite e incrível como meu corpo transparece esses sentimentos. Garganta doeu, respiração mais difícil, sensação de tontura e um pouco de agitação. Depois de um chá e um pouco na frente da TV, consegui me acalmar.

Mas bate aquele receio de sentir tudo de novo quando eu voltar para onde moro. Preciso encontrar formas de mudar o que não me agrada onde vivo e tornar um ambiente mais suportável. Além disso, preciso procurar novamente ajuda profissional, o que farei quando voltar. Como estou dependente de um serviço da universidade, terei que esperar até quase o meio de março, quando eles retornarão o serviço aos alunos.  Espero ficar bem até lá.

Enquanto isso, o que fazer? Tenho que mudar de moradia, fazer exercícios físicos e separar tempo para entretenimento. Aqui eu fico vendo TV e acabo vendo filmes, séries e shows. Sempre disse que não gosto de TV e nunca fiz questão de ter uma. Mas está claro que aqui na casa da minha mãe eu acabo me ocupando bastante com a TV. Logo, preciso achar formas de entretenimento também onde moro.

Espero continuar bem nos próximos dias para voltar pra casa. Tenho muito o que fazer e estou com tarefas do doutorado atrasadas. Nada diferente considerando a minha história de vida. Mas espero lidar com isso melhor do que das outras vezes.




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Sinais de melhora?

Hoje faz uma semana que estou na casa da minha mãe. Desde que cheguei não tomei SOS nenhuma vez, embora estivesse a ponto de tomar por dois momentos. Quando isso aconteceu, tentei dizer a mim mesmo que ia passar, como sempre passou, e tentei me ocupar. Não que ache que tenha descoberto a fórmula mágica, mas funcionou nesses dois momentos.

Por alguns dias tive momentos de muita angústia, achando que estava morrendo e que minha vida estava acabada, não importava o que fizesse.

Além disso, meu monitoramento de sensações corporais tava bem ativo, diminuindo um pouco nos últimos dois dias. Reparei que isso tem relação direta com meu humor, me sentindo menos triste ou angustiado.

Tenho tido dores em um lado da face e isso me causava muita preocupação na semana passada. Nesse fim de semana e hoje, embora ainda doa de vez em quando, tenho tido menos preocupação com isso.

Outra coisa que notei em relação a mim foi que tive mais vontade de me cuidar. Estava com uma barba há uns 2 anos e meio, e acabei tirando nesse domingo. Me senti bem em fazer isso, embora eu ache que fique melhor de barba. Mas sei lá, talvez tirar a barba represente raspar de mim um eu que não se cuida ou com aparência de largado.

Achei um canal no YouTube muito legal, chamado NeurologiaePsiquiatria TV, de uma psiquiatra e um neurologista. Em linguagem simples, eles explicam muitas coisas sobre diversos males. Olhando as palavras dela, me dei conta de duas coisas que parecia evitar: 1) A sensação de que preciso de ajudar profissional; 2) Não devo me sentir mal se tiver que tomar remédios de novo, desde que isso me faça bem.

Acho que muito da relação médico-paciente se baseia em confiança. Dessa forma, se vc não está aberto  as indicações do profissional, talvez fique mais difícil para encontrar as soluções para os problemas. Já tinha decidido procurar atendimento psicológico, mas também irei procurar psiquiatra. Preciso lutar de todas as formas para buscar saúde, me despindo de certos preconceitos que tenho.

Embora ainda tenha alguma sensações físicas que me causam muito incômodo, o que mudou de uns dias para cá e que meu nível de "esperança" está um tanto melhor. Que seja a curva pra baixo da minha fase ruim!

Ah, já ia esquecendo: instalei um aplicativo chamado Diário de Humor, em que coloco de vez em quando como estou. Tem uma dinâmica diferente de blog, mas parece uma abordagem interessante. Segue um print










sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Buscando o porto seguro

Na última segunda, depois de mais um momento de pavor, resolvi vir para a casa da minha mãe. Acabei vindo praticamente só com a roupa do corpo e estava desesperado para estar aqui.

Na terça fui a um médico que me receitou um antibiótico para a sinusite. Apesar de ter receio quanto a remédios fortes, acabei tomando porque não aguentava mais o que estava passando. E é claro que pesquisei reações que podem ocorrer com a azitromicina, o que certamente nunca é uma atitude boa. Digo que não é porque, como bom ansioso, olhar bulas sempre me causam mais mal do que benefícios.

Como sou hipertenso e tomo remédio, sempre aviso aos médicos dos remédios que tomo e lhes questiono se teria algum efeito por causa disso. Mesmo com a negativa deles, eu acabo buscando ler sobre os remédios na internet e isso me leva a mais pensamentos ruins do que informações úteis de fato.

Embora não esteja bem ainda, tive melhora nos dois primeiros dias com o antibiótico. Nem perto de estar bom, mas uma melhora perceptível. Hoje, após o 3o e último dia tomando o remédio, acabei me sentindo muito mal. Desconforto no nariz, dores na face e tensão na nuca, que me dá a sensação de tontura ou cabeça caindo. E aí tudo começa...

Diante desse quadro, meu pensamento de "estou tendo um treco, vou morrer" já é disparado e penso em muitas coisas. O que acontece quando estou assim: vontade de beber água (uma garrafa atrás da outra), tosse, dores no corpo, respiração rápida, coração acelerando e por aí vai.

Dessa vez, ao menos, não tomei o alprazolam. Estive com ele na mão mas tentei falar para mim mesmo que esse momento ia passar e eu precisava vencer esse momento. Além de tentar controlar a respiração, procurei me ocupar com alguma coisa. Primeiro com coisas de trabalho e depois com um jogo de cartas que achei no Windows.

Agora, por mais que ainda esteja com dores e sensação de cabeça pesada, estou mais calmo. Espero continuar nos próximos dias, enquanto o antibiótico ainda faz efeito no meu corpo. Segundo a bula, a meia vida é em torno de 68 horas, o que implica que ainda está agindo por mais uns dias mesmo eu tendo tomado a última dose ontem.

Embora eu tenha as mais ferramentas e conhecimento, me parece que esse momento de ansiedade é comparável a primeira manifestação, há 10 anos atrás. Ando sem fome, chorando por tudo, sem esperança, vontade de desistir do meu doutorado, etc.

Quero crer que isso é "só" a ansiedade e que não tenho nada físico muito grave. Mas provavelmente irei passar pelos vários especialistas para me certificar que não há nada de errado com o cérebro, coração, etc.






segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Velhos hábitos, mesmos resultados

No post passado, em que eu falava da minha releitura de posts antigos, me dei conta também que continuei com os hábitos que contribuíram para meu estado de ansiedade. Além disso, mesmo sabendo de tanta coisa que poderia me fazer bem, não mudei tanta coisa nas minhas ações. Os resultados com os mesmos hábitos? Só pode ser a mesma coisa.

Em 2009-10, quando eclodiu a minha ansiedade pela primeira vez, percebi várias coisas que contribuíram para isso. Trabalhava sem parar, não cultivava minhas amizades, mal saía de casa, não fazia exercícios, mal dava atenção à minha família, comia mal e com exageros, ficava trancado em casa, etc. Digamos que essa foi a minha rotina por uns 3-4 anos.

Depois de tudo que já aprendi sobre transtornos mentais, em especial aos transtornos de ansiedade, é claro que esses hábitos contribuíram e muito para o meu estado doente. Acho que afirmar que são 100% da causa, seria inadequado. Mas tenho certeza que têm uma boa parcela de contribuição.

Olhando outros momentos bem ansiosos na minha vida, como em 2015 e agora, vejo que continuei a cometer os mesmos erros. A grande diferença é que, em relação a 2009/10, eu já sabia de muita coisa e tinha as ferramentas que poderiam me levar para o caminho da saúde. No entanto, ao continuar com os velhos hábitos, trilhei o caminho da doença.

Em relação ao segundo período, em 2015, eu trabalhava, fazia mestrado e mais um curso de especialização. Então, não sobrava tempo para qualquer interação social e com a natureza. Até tive uns meses fazendo exercícios e com namorada, mas depois voltei ao velho eu. Foram tentativas, é verdade, mas sucumbi e voltei a trilha da doença. Diria que esse período foi mais ou menos de 2014 a final de 2015. Nessa época eu já conhecia meditação, sabia da importância de fazer exercícios e de interagir socialmente.

Ah, lendo meus posts antigos, vi que falo muito da minha situação financeira. Tive duas ótimas oportunidades de trabalho, em 2014 e em 2016, e hoje estou mais endividado do que antes. Ou seja, também no aspecto financeiro meu velho eu não usou o que aprendeu.

Em 2016, em nova cidade, tentei fazer diferente. Tentei conhecer pessoas, não ficava 100% no trabalho e buscava ter alguma coisa que se parecesse com vida social. Curioso, e eu vi isso num post antigo meu, é que eu dizia que nesse lugar novo eu poderia conhecer vários lugares legais, devido a proximidade que eu não tinha antes.

Fiquei nessa cidade de 2016 a 2018 e quantos desses lugares eu conheci? Z E R O. Exatamente isso. Não tinha as desculpas de falta de dinheiro e nem de companhia. Simplesmente, eu sempre arrumava algum motivo para não ir: "estou cansado", "depois que terminar essa pendência eu vou", etc. Desculpas que o velho eu sempre dava para não fazer as coisas que envolvessem interação social e com a natureza.

Sobre isso, aliás, li uma pesquisa bem interessante. Não lembro o nome do artigo, mas os pesquisadores descobriram que o efeito do contato com a natureza é comparável ao efeito de relacionamentos saudáveis. Não é para abandonar as pessoas e sair abraçando árvores, hein? Pode e deve fazer os dois :-)

Tive alguns amigos nesses 3 anos em que fiquei nessa cidade, mas todos feitos no ambiente profissional. E um a um foi embora dessa cidade, porque eram forasteiros que nem eu, voltando para suas cidades de origem. E aí, no segundo semestre de 2018, todos os meus amigos que fiz no trabalho já tinham ido embora e eu estava numa cidade sem amigos e nem família.

Então, além de não ter explorado a região e ter interagido com pessoas basicamente em ambientes profissionais, também mal cuidei da parte física, ficava trancado em casa, ia pouco a cidade da minha família, etc. Exatamente o mesmo eu de 2009/10 e o de 2014-2015. Como agravante, eu já sabia muito mais coisa nesse período, sobre exercícios, meditação, interações sociais e seus benefícios para uma vida mais "leve".

Sabia muito mais do que em 2014-15 e muitíssimo mais do que em 2009-10. E mesmo assim, continuei adotando os velhos hábitos. Olhando tudo o que estou passando agora, com mudança de cidade novamente e falta de dinheiro, vejo que possivelmente essa falta de cuidados comigo me levou novamente à doença. Ou, no mínimo, me deixou mais fragilizado para enfrentar os novos desafios, aumentando meu estado ansioso e somatizando no meu corpo.

Então, tenho 3 histórias comprovadas do que os hábitos do velho eu causaram em mim. Nessa quarta parte, sabendo tudo o que sei e com 10 anos de sofrimento, será que consigo virar a chave e construir um novo eu e fugir da tendência de se manter no velho eu?  Espero que sim.

Crio esse blog para organizar minhas ideias mas espero que meus depoimentos sejam úteis para alguém além de mim. Não precisam acreditar em mim. Procurem as pesquisas científicas que mostram os efeitos positivos que uma mudança comportamental causa em pessoas portadoras de transtornos (uma boa dica é procurar no Google Scholar):

- Fazer exercícios físicos
- Melhorar as interações sociais (mais do que no Twitter ou Face)
- Contato com a natureza
- Meditar

É fácil? Não. estou há 10 anos nessa lida. Mas a nossa única escolha é tentar. Pois, com as minhas 3 histórias passadas, está claro que o jeito antigo não está funcionando. Então, por que não dar uma chance para uma abordagem nova e construir seu novo eu, com este trilhando o caminho da saúde?







domingo, 10 de fevereiro de 2019

Mexendo no baú velho para achar respostas

Ontem, depois de ficar refletindo sobre tudo o que anda acontecendo comigo, tive um insight de ler minhas postagens antigas nesse blog. Eu sabia que já tinha tido boa parte dos sintomas que tenho hoje e achei que ler postagens antigas poderia me ajudar de alguma forma.

Em 2015, eu passei boa parte do meu ano com dois sintomas físicos que estou tendo agora: sinusite e a dor na parte de trás de cabeça. O que me impressionou foi que passei quase o ano inteiro tendo tudo isso. A diferença para a situação atual é que naquele ano a sinusite e as dores de cabeça não foram ao mesmo tempo.

Naquele ano eu andava bem estressado, sem férias, com tarefas acumuladas no mestrado e outro curso, namoro que foi bom no início mas depois me causou mais desgaste do que benefícios, etc. Além disso, eu passava por um conflito de largar ou não um emprego. Tive uma mudança de cidade também. Na verdade, foram duas, a última já no início de 2016.

Agora, eu também mudei de cidade, saí do emprego que tinha e estou às voltas com o doutorado. Claramente estou com um nível de estresse parecido com o daquela época. Prazos, falta de dinheiro, dormitório bem pequeno e mais barulho do que acho normal. Assim como naquela época, ando perdendo a paciência facilmente. Essa madrugada, meus vizinhos chegaram fazendo barulho e eu me irritei tanto que senti a tensão muscular na cabeça ardendo. Acabei recorrendo ao alprazolam.

Assim como naquela época, as dificuldades e motivos de insatisfação se referem mais a questões internas do que ao que acontece fora. O que quero dizer é que claramente essa somatização das coisas tem a ver com o jeito como lido com tudo.

Por exemplo: prazos. Notei que ando muito preocupado com os prazos do doutorado sendo que, no papel, não tenho motivo algum para me preocupar, pois estou com tudo em dia. Naquela época, em 2015, eu andava preocupado com os prazos mas ninguém morreu porque estiquei mais 6 meses além do prazo normal e, como resultado, fiz um grande trabalho de mestrado. Então, por que me estressei tanto? Por que ando ocupando tanto meus pensamentos imaginando situações que não aconteceram e talvez nem aconteçam?

Esse pequeno depoimento serve para ilustrar o que acontece com muitos de nós, que sofremos por questões que nós mesmos criamos e que só existem na nossa cabeça.

Como vencer isso? Ainda não sei. Mas um caminho possível talvez seja aprender a observar nossos pensamentos e não nos identificarmos com eles. Observar de maneira gentil e sem julgamentos. Nós não somos nossos pensamentos!

Sim, estou falando de meditação. E eu já sabia de boa parte disso em 2015. Por que não fiz a escolha do caminho da saúde e continuei com os velhos hábitos que me levam à doença? Como já ficou grande aqui, vou deixar para outro post.




sábado, 9 de fevereiro de 2019

Hipocondríaco?

Embora esse termo não seja mais usado na comunidade médica, acho que hipocondria resume bem meu estado quando numa fase aguda de ansiedade. E esse estado é responsável por minhas várias idas a médicos, de diferentes especialidades e as constantes buscas ao Google após qualquer sensação corporal que eu julgue ser "diferente".

Uma vez, há cerca de 10 anos, um amigo me disse: "Você é hipocondríaco". Não lembro exatamente o contexto, mas penso que ele se referia a minha relação com médicos e remédios. Lembro também que foi numa fase que eu achava que estava com problemas de pressão e vivia indo a médicos. Além disso, nessa época, eu tinha engordado bem, comia muito, vivia estressado e não fazia exercícios. Logo, a possível suspeita de pressão alta (comum na minha família) era absolutamente plausível. O que não imaginava é que isso também poderia ser reflexo e/ou causa de problemas emocionais.

Como lido com dados, a curiosidade científica me força a fazer umas análise de dados recentes. Desde a minha última mudança de cidade, há cerca de dois meses e meio, segue a contagem de profissionais que já visitei:

- Clínico geral: 3 vezes
- Otorrino: 2 vezes

Acho que só não fui a mais porque não tenho mais plano de saúde e a marcação no atendimento pública não é uma coisa tão fácil.

Ainda nessa análise "estatística", seguem remédios que já tomei (a contagem exata eu não sei):

- Losartana: tomo diariamente há cerca de 10 anos
- Ibuprofeno: uma vez
- Alprazolam: acho que umas 12 vezes (0,5) desde novembro/2018
- Novalgina: 1 vez
- Vitamina C: 5 vezes nos últimos cinco dias

Alguns sintomas que observei no meu corpo:

- Tremedeira no dedo esquerdo da mão: fim de novembro/início de dezembro
- Dor de cabeça
- Dor em volta do nariz
- Dor no centro da testa, entre os olhos
- Dor e tensão na nuca
- Dor naquele osso do início da coluna
- Cabeça pesada
- Peito apertado
- Dor de garganta
- Cansaço às vezes
- Dor de dente
- Nariz entupido
- Sensação de tontura ao andar: desde novembro, mas muito frequente nos últimos 7 dias

Alguns sintomas emocionais:

- Sensibilidade (vontade de chorar e choro algumas vezes)
- Saudade maior do que o normal da família
- Sensação de fracasso em todas as áreas
- Sensação de morte
- Pensamentos ruins (prefiro não descrevê-los)
- Tristeza e falta de perspectiva

Sim, tenho passado semanas me sentindo muito mal. No entanto, olhando meu histórico, vejo claramente que estou num ápice de estado ansioso além, é claro, de sintomas de sinusite. A sinusite eu consigo entender, visto que fiz duas mudanças de casa, mexi com muita poeira, estava em lugar com pouca circulação de ar e vim para um lugar notadamente poluído.

Já em relação ao meu estado ansioso, não sei explicar o(s) motivo(s). Eu fiz a mudança que eu queria, vindo para um lugar mais perto da minha família e trabalhando em um aspecto que considero muito na minha carreira. Estou mais perto de amigos também, coisa que não tinha na cidade anterior. Então, eu estou na cidade que eu escolhi estar e isso que me deixa intrigado. Das outras vezes que eu estava muito ansioso, eu estava em situações que me incomodavam muito e eu não conseguia mudar. Mas, assumindo as minhas responsabilidades, também eram frutos de escolhas minhas.

Dessa vez, no entanto, eu escolhi estar aqui e trabalhei para isso. Então, não entendo porque estou sentindo tudo isso. Mas, buscando achar explicações e essa é a razão desse blog, aponto algumas coisas que me incomodam:

- Moro num lugar muito pequeno (o espaço que posso chamar de exclusivo), muito mesmo
- A casa onde estou é uma espécie de república, mora muita gente e a noite geralmente é meio bagunçado por aqui
- Estou com recursos financeiros bem limitados
- Me sinto culpado por não dividir melhor com meu irmão a carga dos custos com saúde da minha mãe
- Me sinto feio, pois nesses apps de relacionamento quase nunca dá "match"

Em relação a minha vida de antes, apenas o último item não é novidade. Então, muita coisa mudou mesmo nos últimos tempos.

Não sei o quanto disso tem contribuído para meu estado ansioso e não posso afirmar que é só isso. Com esses anos todos passando por isso, entendo que a ansiedade é um processo que vai sendo construído durante muito tempo e não "só" uma mudança radical no estilo de vida. Para corroborar isso, eu já estava mal logo assim que cheguei. Então não posso colocar 100% na conta da nova vida o estado em que estou.

A médica que me atendeu essa semana, depois de fazer os testes em relação a tontura e descartar problemas do sistema nervoso central (o que seria bem grave), sugeriu que possa ter relação com o meu estado ansioso e pediu-me que faça um diário buscando entender o que acontece comigo quando sinto esse desequilíbrio ao me movimentar. Além disso, ela sugeriu:

- Intensificar meus exercícios de meditação e relaxamento
- Fazer exercício físico
- Buscar não encucar com essa questão do equilíbrio. Palavras dela: "fique tranquilo"

Ainda tenho um exame para fazer, em relação a vitaminas, que poderia ser uma explicação física para boa parte dos sintomas que tenho. Depois desse exame, talvez eu consiga ter maior clareza sobre o que acontece comigo.




















sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Parábolas de ansiedade

Criei esse blog para tentar colocar no "papel" as minhas reflexões sobre o meu estado. Nem sempre escrevo em um momento de crise. O que acontece muito, é que o caso desse post, é uma escrita pós-crise, em que tento organizar as várias ideias.

Olhando tudo o que aconteceu comigo desde a primeira crise de ansiedade, há quase 10 anos, vejo tudo são fases. Como se fossem uma série de parábolas (sou de exatas, então tendo a quantificar as coisas), onde a fase das crises começa devagar, dando sinais de que as coisas podem piorar, e então atinge seu pico, que são aqueles momentos que você acha que vai enlouquecer. Depois tudo entra em um estado de "normalidade". Até que o ciclo recomeça.

Contextualizando, há cerca de 11 anos atrás, trabalhava em uma empresa onde tinha bastante pressão e vivia planejando (e adiando) a minha saída dessa empresa. Em 2008, se bem me lembro, comecei a me sentir mal, ficando nervoso e agitado. Como sou de uma família de hipertensos julgava que isso era decorrente de pressão alta. Então, comecei nessa época a procurar médicos, que mediam a minha pressão, viam que estava mesmo alta, e me receitavam remédios.

Mas as coisas não melhoraram, fui tendo mais momentos "agitados" e relacionava isso a alguma doença física. Voltava a médicos, fazia novos exames e continuava tomando remédios. Tinha também, nessa época, engordado muito. Com aumento de peso e alimentação sem cuidados, naturalmente meus exames não vinham legais.

Embora tinha começado a minha maratona de médicos, as coisas não melhoravam. Tive algumas crises nervosas em diversos momentos. Mas julgava que tudo isso eram problemas físicos. Até que, no final de 2009, tive aquele que considero o dia mais difícil da minha vida. Um super ataque de pânico em que achei que estava infartando. Minha pressão estava altíssima e naquele dia achei mesmo que ia morrer.

Depois disso, consultas e mais consultas depois, vários exames, remédios e mais remédios, outras crises, alguém disse que isso era ansiedade. Acredito que esse foi o pico dessa primeira parábola de ansiedade da minha vida. Depois daí, em 2010 - 2011, continuei tendo crises mas isso foi diminuindo aos poucos até que poderia me considerar quase "normal".

De lá para cá, houveram outros ciclos desses, talvez com duração menor, mas aconteceram. Acho que meus próprios posts nesse blog ilustram isso.

De 2016 até meados de 18, embora tivesse alguns momentos ansiosos (que nem chamo de crise), posso dizer que foram bons anos da minha vida. Houveram outras parábolas, claro, mas com amplitude e duração bem menor do que a primeira. De julho de 2018 até mais ou menos novembro, comecei a ter sinais parecidos com aqueles de 2008-09. Momentos nervosos, pensamentos de doença e morte quase que diários, etc. Pelo menos, nessa fase mais recente, eu já sabia do que sofro e usava o que tinha de recursos para lidar melhor: meditação, oração, exercícios, respeito aos meus limites, etc. Mesmo assim, as coisas não passaram.

De dezembro/18 para cá, venho tendo crises toda semana, lembrando muito a primeira parábola. Além da ansiedade, problemas para dormir, vontade de chorar (e choro) quase sempre, medo de morrer, quadro hipocondríaco, desgosto com o passado e algumas vezes com o presente, etc. Por mais que essas últimas semanas têm sido insuportáveis, não posso afirmar que sejam do mesmo nível das outras parábolas. Acho que isso se deve a um cuidado que venho tendo faz um tempo. Tenho procurado ter interações sociais, por mais que isso seja um desafio para mim, venho fazendo alguns exercícios e andando com algumas coisas que achei que nunca andariam. Por exemplo, aprendi a andar de bicicleta. Coisa que achei que nunca iria fazer.

Mas, embora eu esteja fazendo tudo o que considero certo para lidar e suportar as crises de ansiedade, essa lógica bonita não funciona no momento da crise. Somado a isso, ainda não sei a causa, mas tenho tido crises de sinusite. O que acontece comigo: cabeça dói, sinto dor em volta do nariz, ouvido direito dói e nariz fica bem entupido às vezes, mas sem coriza, cabeça pesada, etc. Julgo isso a algum componente alérgico que tive/tenho contato desde que voltei a morar na minha cidade natal. Já mudei de lugar de moradia (um mês depois de mudar), cogito nem ir mais ao laboratório onde faço pesquisa (devido ao ar condicionado poluído). Tenho feito lavagem nasal e usado um remédio indicado por uma médica, mas não vejo grandes melhoras. E isso me causa insatisfação, porque o que quero é melhorar logo.

Além disso, e é isso que tem ativado o modo "hard" da minha ansiedade, tenho sentido espécie de vertigens ou tonturas. Não sei a diferença, mas o fato é que quanto estou andando, sinto-me desorientado às vezes, com sensação que vou cair. Também sinto que estou andando como bêbado, sem conseguir fazer uma linha mais ou menos reta. Hoje a tarde, ao sair de uma biblioteca, estava tão desorientado, que não conseguia olhar para frente sem ficar andando em zigue-zague. Não é aquela coisa que acontece quando viramos a cabeça de repente e sentimos um pouco de tontura. É estando parado ou andando numa rua. Resultado: fui do local onde estava até o ponto de ônibus procurando linhas no chão para poder seguir. Aí funcionou mas já tinha ativado meu modo "estou doente, vou ter um treco e vou morrer agora".

Outra característica da parte superior da parábola, é que pesquiso todo o dia sobre doenças e sintomas. Qualquer dor ou sensação, já vira uma pesquisa no google. Hoje, por exemplo, fui pesquisar porque não consigo andar em linha reta. Vim para casa com medo (já medicado com o SOS) e só saí para ir ao mercado porque estava com fome e precisava comprar algo pra comer. Mas fui com medo de ficar zonzo de novo.

Após essas crises, eu fico com medo, esperando a próxima. O resultado? Trabalho mal, durmo mal, vivo mal. Estou sempre em estado de alerta achando que vou ter de novo.

Não sei se isso tudo é "apenas" sinusite ou meus sintomas físicos são causados por um estado ansioso. O fato é que quando estou nessas fases, quero desistir de tudo e voltar pra casa da minha mãe. Fico triste porque não consigo ter uma vida normal, mesmo o meu lado lógico me mostrando que isso vai passar, como passou das outras várias vezes.

Mas, como bom ansioso, as três questões fundamentais são:

1) Quando vai passar?
2) Já atingi o pico da parábola?
3) Ou dessa vez não é "só" ansiedade?

A ver...