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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Motivações

As pessoas tem diferentes motivações para sair todo dia da cama. Seja por alguém que amam, por trabalho, por objetivos materiais, espirituais, ou outro motivo qualquer, o fato é que cada um tem a sua motivação.

A minha ultimamente tem sido colocar a minha vida em ordem. Por vários erros no passado, tenho dezenas de pendências para resolver. A maior parte delas se refere a dívidas, principalmente com o Fisco. Nunca agi de má-fé mas deixei para depois cumprir obrigações que, se não feitas no prazo correto, geram um custo imenso. E infelizmente foi isso que eu fiz. Priorizei necessidades pessoais e deixei a empresa para lá.

Por causa disso, tenho dívidas imensas com o Fisco que demorarei um pouco para pagar. Já comecei a pagar mas, com meu desembolso mensal atual, devo levar uns 5 anos para quitar tudo. Lógico que pretendo aumentar o que tenho gasto com essa regularização mas isso depende de trabalhos que tenho que fazer e novos trabalhos que tenho pego.

Me sinto preso porque tenho que fazer um trabalho que não me faz feliz há muito tempo apenas para corrigir besteiras que cometi há anos. Mesmo tendo o meu direito de ir e vir, isso não é estar preso? Penso na vida de milhares de pessoas que aguentam um trabalho ruim para poderem levar comida para casa.

Como essas pessoas lidam com isso? A motivação para sair da cama é "só" a necessidade?

Analisando hoje o tamanho do buraco com o Fisco e vendo as injustiças que pequenos empresários como eu (empresa de uma pessoa só) sofrem comecei a ficar muito nervoso. Por várias questões sou tratado como uma empresa que fatura milhões por ano e eu mal recebo para as minhas contas.

"Mas aí é só fechar a empresa". E aí que começa o inferno. Não se fecha empresa no Brasil sem ter quitado todas as pendências. E o duro é que se você não fecha a empresa, não pode assumir vagas em concursos públicos (a maior parte deles).

Tenho hoje dois tipos de pendências: impostos e multas por não entrega de declarações acessórias. Quanto aos impostos eu faço questão de pagar mesmo que tivesse como não pagar. Mas as multas são tão injustas porque somos multados por não entregar uma coisa que deveria ser trabalho da Receita Federal, se essa não fosse não falha.

E pensar em tudo isso me deixou nervoso e fiquei pensando se não era o caso de deixar para lá com relação ao fechamento da empresa, fora a parte dos impostos. Simplesmente pagar o que devo de impostos, ignorar as cobranças da Receita sobre as multas e deixar a empresa rodando cumprindo as obrigações daqui para frente.

O que eu ganho com isso? Alguns anos da minha vida que não seria obrigado a trabalhar no que não gosto (mas que dá dinheiro) e poder usar o que ganhar com meu trabalho para curtir a minha vida.

Me sinto tão injustiçado quando me vejo sendo obrigado a deixar de viver por cinco anos para trabalhar para pagar essas multas, quando grandes corporações cometem crimes (esses sim por má-fé) e não são punidas porque podem pagar grandes escritórios de advogados e/ou porque tem amigos poderosos entre os políticos e o judiciário.

O certo é pagar a multa? Com certeza. O jogo é injusto mas querer mudar depois de jogado não adianta muito. Mas parece tão injusto abdicar da minha vida agora que venho buscando ter uma para corrigir uma besteira que fiz há anos.

Sei que moralmente é condenável mas e a minha vida? Qual motivação terei todo dia? Acordar para corrigir um erro que cometi há anos. O que sobrará de mim depois que isso tudo acabar?










segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Quando a disposição aparece

Eu tenho momentos que estou agitadíssimo e momentos que não quero fazer nada. Isso tem acontecido nos últimos anos com alguma frequência. Quando estou nos momentos "parados" todos os meus projetos (pessoais e profissionais) param e eu me meto nos problemas de novo.

Quando estou na fase agitada, minha produção é incrível. Trabalho e produzo muito. E muitas vezes (maioria, eu diria) nem é trabalho em quantidade de horas. Coisas que eu demoro muito para fazer, quando estou na fase boa, produzo muito em pouco tempo.

Desde meu último momento ruim, tenho produzido demais. Coisas que estavam paradas, estão andando rapidamente e eu ando muito animado. A consequência natural é que as coisas acontecem e as pendências vão sendo resolvidas.

Tenho falado para mim mesmo que tenho que aproveitar bem essa fase e trabalhar bem, mas sem deixar de me cuidar. Quem sabe assim a fase ruim não venha ou demore muito mais a reaparecer.

Nenhum "tratamento" é feito de forma isolada. Além do olcadil que estou tomando (e logo chegará a hora de sair dele), estou na terapia, fazendo natação, malhando e caminhando. Como estou perto da praia tenho escolhido a praia para caminhar pois certamente o visual ajuda no meu processo de higienização mental.

Então, o que precisa ser feito é se manter firme nas atividades e não achar que uma atividade isolada vai resolver tudo. Sabe aquela coisa de cuidar do corpo, da cabeça, do coração e da alma? Pois é, penso que tem que ser assim o tempo todo.

Sobre o coração, falarei em breve. Um sintoma que estou melhorando muito é que tenho pensado cada vez mais em estar com alguém. Falarei daqui a alguns dias :-)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Lições a partir das perdas

Agora à noite faleceu meu padrinho. Como estou? Não vou dizer que estou arrasado, desesperado ou qualquer coisa do tipo. Convivemos sempre muito pouco e a minha madrinha (minha avó e mãe dele) o cobrava para ser mais participativo na minha vida.

Mas, sinceramente,  nunca senti falta e nem guardei rancor ou qualquer outro sentimento ruim quanto a isso. Ele tinha a vida dele, filhos para criar, muito trabalho e sempre lidei bem com o fato de nunca ter tido um padrinho na prática.

Sempre tive relação mais próxima com outros tios do que com ele mas penso que era por uma questão de afinidade. Então, nunca sofri por não ter tido padrinho no dia a dia.

Como deve ser com toda perda, algumas lições ficam. Uma é que a nossa vida pode acabar a qualquer momento e por isso nossa vida tem que ser vivida todos os dias.

Esse meu tio, por exemplo, sempre trabalhou muito. Muito mesmo. Trabalhou tanto não para ter luxo (ele sempre foi bem simples) mas para poder dar boas condições a sua família. Nos últimos anos, por causa do trabalho dele, meu tio viajava pelo Brasil, muitas das vezes em pequenos aviões para fiscalizar obras da empresa.

Ou seja, ele viveu boa parte da vida dele fazendo com que o chefe ficasse mais rico e sem poder desfrutar de tantos momentos junto aos seus. O dono da empresa, tenho certeza, desfruta bem a vida, às custas das vidas abdicadas pelos seus funcionários, como meu tio.

São escolhas que se fazem na vida. Por muito tempo eu vivi assim também e vi que só estava sacrificando minha vida para enriquecer os outros. E a entrada do transtorno de ansiedade na minha vida era o que eu precisava para acordar. Eu trabalhava antes para ganhar mais dinheiro mas mal tinha tempo de gastar e quando o fazia, fazia de forma errada.

Muitas pessoas, gastam horas das suas vidas para ganhar dinheiro para manter um padrão de vida que alguém disse que é o certo. Isso é vida? A quem serve isso? Certamente aos patrões que pagam salários ruins e sugam a vida de seus funcionários.

Há meses eu abdiquei do verbo "ter" na minha vida. Ter no sentido material, claro. Preciso dizer a vocês que tirei um peso enorme das minhas costas porque não tinha mais que trabalhar mais e mais para comprar um carro que alguém disse que é legal.

Eu vivo hoje com menos de 1/3 do que ganhava antes e posso dizer: minha vida anda muito boa. Cada vez melhor. Estou me cuidando, cuidando das pessoas que amo, ajudando os outros, fazendo exercícios, praticamente todo dia fazendo coisas prazerosas.

Enfim, meu tio fez uma escolha. Criou muito bem seus filhos e são esses que preciso dar apoio agora. Como primo e como ser humano que se preocupa com os outros.

Tio, sei que nunca estivermos próximos. Mas no meu coração não tem nada de sentimento ruim, muito pelo contrário. Sempre vou me lembrar de quando me apresentou a música do Zé Geraldo. Sempre entendi seu jeito e nunca me incomodei com isso. Esteja certo que farei o possível para dar apoio a sua família e tentar ajudá-los da forma que puder, até mesmo com a experiência de quem também perdeu o pai tão cedo.

Descanse em paz, tio. Aproveite e dê um abraço no meu pai e um beijo na minha vó. Sei que vocês estão olhando por nós.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Pensar em coisas boas

Quando alguém sabe que temos alguma coisa relacionada a depressão, sempre nos traz aquele conselho clássico "tente pensar em coisas boas". Como se realmente fosse fácil, né?

Nem culpo essas pessoas e na verdade agradeço pelo desejo de ajudar, mas infelizmente "ficar feliz" não é um botãozinho que apertamos na nossa cabeça e um mundo de pensamentos positivos surgem.

Mas o fato é que temos que tentar de alguma forma. Vou dar um exemplo: estava na quinta-feira muito chateado porque me dei conta que uma pessoa que amo muito não anda se cuidando, dando prioridade para si mesma. Já perdi uma pessoa querida porque essa não se cuidou e não quero perder outra. Então minha tristeza era porque por mais que eu falasse, não via mudanças de atitudes dessa pessoa.

Na quinta à noite eu tenho aula de natação e tem sido uma coisa maravilhosa na minha vida. Eu não sei nadar, então vou falar do ponto de vista de quem está aprendendo.

No meu caso pessoal, a natação tem sido o melhor exercício possível para dar uma folga para a minha mente. Na academia, enquanto fico malhando, não deixo de pensar nos problemas. Mesmo na yoga não atingi um nível que me permitisse desligar completamente. Lembrando que isso vai de cada um, ok?

Mas na natação eu consegui isso, por um motivo muito simples: quando estou tentando nadar, não me sobra tempo para pensar em qualquer outra coisa do que tentar nadar. Uma hora é "já deu 3 braçadas, tenho que respirar." "Ih, esqueci de soltar o ar pelo nariz" ou ainda "será que fiz a braçada direito". E todos os pensamentos sempre estão concorrendo com a necessidade básica: respirar.

Não sei como vai ser quando eu realmente estiver nadando, mas nessa fase eu não tenho como pensar na morte de bezerra. Porque se penso outra coisa, eu engulo água e me afogo. Ou seja, por necessidade básica do corpo humano (respirar) eu sou forçado a só pensar naquilo que estou fazendo.

Então, nessa última quinta, eu saí de lá completamente relaxado, pensando mais que não tinha feito as braçadas corretamente. O motivo da minha chateação não tinha sido resolvido mas ao menos, por uma hora, eu relaxei minha cabeça, o que todo mundo diz que é importante para quem tem qualquer tipo de transtorno.

Não é uma fuga dos nossos fantasmas, mas sim ocupar nosso cérebro com outras coisas e tentar dar aos problemas o máximo de atenção que eles pedem e nada mais.

Tenho procurado outras coisas para preencher meu tempo. Outras coisas que me façam rir ou "pensar coisas boas". Acho que buscar isso diariamente talvez seja uma maneira de ensinar ao nosso cérebro que "pensar coisas positivas" não é tão difícil assim.




segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Quando a dor aumenta

Desde que comecei a ter as crises de ansiedade sempre me passam pela cabeça pensamentos ruins, como se algo fosse acontecer comigo a qualquer momento. Uma dorzinha simples já é motivo pra pensar se não é algo mais sério.

Deve ser algo natural para quem sofre de ansiedade. Aquele preocupação que é normal, fica multiplicada muitas vezes e já achamos que estamos condenados.

Acho que no meu caso meu principal medo é de morrer. Não sei dizer porque mas fico com esse medo constante. Como se não quisesse morrer sem terminar todos os meus projetos e sonhos inacabados. Fica aquela sensação de que: "agora não, ainda preciso fazer tanta coisa".

Mas de todos os meus medos, o meu maior é perder a minha mãe. Perdi meu pai muito cedo e desde criança tinha sonhos relativos ao meu medo de perdê-la. Acho que talvez tudo isso seja o medo de ficar sozinho, sem ter ninguém pra cuidar de mim.

Sempre me senti muito só mas da mesma forma sempre soube que teria a minha mãe sempre que precisasse dela.

E quando a vejo passando mal, como nesse fim de semana, esse meu medo vem a tona e fico quase que  desesperado.

Eu sei que as pessoas vão. Meu pai foi um dia, ela vai um dia e eu também vou um dia. Mas no fundo queria que tudo ficasse como na infância, que as pessoas não morressem.

Sim, não sei lidar com a perda. E preciso muito pensar nisso logo antes que aconteça o pior e eu não sei  o que acontecerá comigo.

Todas as minhas ideias atuais, meus projetos, sonhos, desejos atuais não significam absolutamente nada quando se trata de algo que possa acontecer com a minha mãe. Eu sei que não posso me sentir assim, dependente de ter ela por perto. Mas esse medo é tão horrível...

Ontem tomei a dose dobrada do olcadil. Natural ainda mais quando se vê alguém que ama passando mal.







sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mais tempo com o Olcadil

Hoje cedo fui a uma médica (diferente do que o que me passou o Olcadil). Eu tive que ir pois precisava de um atestado para a natação e fui no SUS mesmo porque não queria pagar outra consulta com o médico que me atende normalmente.

Falei do Olcadil e da ansiedade e ela me disse que achava melhor me receitar outra receita. Ela foi muito clara nisso ao dizer que do jeito que me viu agir (enquanto eu procurava uns exames na mochila) ela percebeu que sou muito agitado.

Provavelmente eu vou comprar e usar o remédio ainda um tempo, até voltar no médico original. Não tinha prestado atenção na receita original mas estou com duas caixas do Olcadil de 2mg. Como estou tomando meio por dia, ou seja, vai pelo menos uns meses aí com essa receita.

A receita nova é de uma caixa do Olcadil 1mg que devo comprar para usar na fase do desmame. Ainda não sei quanto tempo isso vai levar mas estou fazendo tudo (ou quase tudo) que é preciso: academia, natação, psicóloga, tentando me ocupar ao máximo com os trabalhos.

Esses dias ando um pouco mais agitado e o sono não tem sido tão bom quanto foi nas outras semanas. Não sei se efeito ainda do fim de semana (pessoa na família foi ao hospital) ou se devido a outros fatores.

O médico que me receitou o Olcadil disse: "um comprimido à noite e se estiver nervoso durante o dia, meio". Mas como estou tomando só meio, vou pensar se aumento a dose. Se continuar assim ou piorar, provavelmente aumentarei a dose para um comprimido diário.

As atividades extras (academia, natação e terapia) talvez ainda não tenham feito o efeito que devem. Então, talvez com o tempo eu fique bem mais tranquilo e não precise do remédio.

Para quem chegou aqui hoje por causa do Olcadil, recomendo ler meus post anteriores nos quais eu relato como estou me saindo com ele.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Aumentar o ritmo ou não acelerar tanto?

Estava lendo uma matéria hoje sobre efeitos dos exercícios no corpo. Segundo a pessoa entrevistada na matéria, o ritmo dos exercícios não podem ser tão pesados no início porque a pessoa tende a ficar muito cansada e desanimar. Além, é claro, de risco de lesões.

Tenho andado esses dias num ritmo bem acelerado, muito diferente do que estava nos últimos meses. Academia, natação, trabalho, resolvendo coisas pessoais, etc. Voltei a ter ideias sobre trabalhos e me movimentei bastante nesses dias.

Explico: além da minha profissão, mantenho uns sites e blogs. Blog comigo, como esse, não tem atualizações diárias, o que faz com que o blog não cresça. O mesmo vale para os sites. Um site para aparecer bem nos motores de busca depende, além de diversos fatores, de atualizações constantes. Não basta publicar uma matéria super boa e voltar a publicar meses depois. Não se cria a tal fidelidade de visitantes.

Enfim, depois de uma correria grande, hoje eu acordei muito cansado. Acho que fisicamente e mentalmente, não estando com vontade de fazer qualquer coisa. E olha que eu tenho muita coisa para fazer hoje e nos próximos dias que, se demorar, poderão me trazer problemas (trabalho).

Então fiquei pensando se o que indiquei no início do post também ocorre no meu caso. Fiquei muito tempo praticamente levando os dias com a barriga e fico pensando se não retomei forte demais o ritmo das atividades (pessoais e profissionais).

O ponto é que quando estou nessas atividades minha cabeça está focada nelas e não nas minhas questões inacabadas, nos meus medos, nos meus pensamentos ruins. Mas talvez eu não deva inserir metas demais inicialmente e ir incluindo as coisas na minha vida aos poucos. Senão corro o risco de desacelerar de vez de novo. Pra pensar...