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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Botão de "Ligar"

Mais uma semana e eu mal saio da cama. Saí algumas vezes nesses dias para ir ao mercado comprar algo para fazer em casa e mais nada.

Deveria ter ido a clientes e não fui. Deveria ter ido a aula e não fui. Deveria ter ido dar o curso e não fui. Esse curso, que me traria alguma grana é mais uma porta que irei fechar na minha vida.

Sempre critiquei essa empresa por ganhar dinheiro com treinamentos pegando instrutores inexperientes e cobrando absurdos das empresas. Aí me chamam para eu dar um curso numa coisa que sou especialista e o que eu faço: aceito e confirmo. Fico pensando em quantas vezes mais irei ficar rasgando meus princípios.

Oportunidades surgem o tempo todo e eu não canso de decepcionar as pessoas e a mim mesmo. Continuo a atrasar meus projetos, não saio desse estado letárgico. As pessoas falam que tenho que ter força, lutar mas eu não tenho conseguido. Me falta um botão para apertar e eu passar a ter vontade de sair da cama, de aproveitar as oportunidades que a vida me dá todos os dias.

Oportunidades essas, que com meu comportamento, serão cada vez mais escassas. As pessoas pararão de contar comigo, como a pequena fez, pararão de acreditar em mim, como muitos clientes e simplesmente me deixarão de lado. Sinto que o mundo não me respeita, tenho tomado broncas de pessoas muito menos qualificadas do que eu e me sinto humilhado a cada semana.

Penso que essa vida não anda tendo sentido nenhum pra mim. O que me dá alguma força ainda é aquela que sempre foi meu exemplo de luta: minha mãe. Sinto que não posso deixar de lutar para não dar esse desgosto a ela. Já sofreu tanto nessa vida que pelo menos os filhos deveriam ajudar. E nem isso eu tenho conseguido.

As contas não param de chegar, devo 2 meses de aluguel e sou cobrado sempre. Devo ter entre notas e moedas, uns 110 reais que é o que vai me ajudar a comer esses dias e garantir uma ida a Sampa para atender aos clientes. Duro que não me animo a sair de casa, durmo tarde, praticamente troquei a noite pelo dia.

Os únicos momentos que não sofro tanto são quando estou nas salas de bate papo, nas quais eu sou o engraçado, descolado, amigo de todos, animado. Como diz a minha psicóloga, tudo é resumido ao virtual quando se trata da minha vida.

Estou enrolando para escrever para a empresa e dizer que não darei o curso. Apesar de achar que essa é uma atitude mais relacionada a não sair de casa do que propriamente um momento de consciência limpa de não colaborar com a prática que citei antes.

Estou com barba, fedendo, casa e louça suja. E não tenho vontade de sair disso. Pelo menos eu ainda tenho a internet...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Rei do planejamento

Hoje, na terapia minha psicóloga falou uma coisa que eu já sabia: faço planos e mais planos e não realizo nada.

Faço planos para ficar bom tecnicamente e nunca me esforço para estudar. Faço planos com os projetos para colocar as contas em dia e na primeira catástrofe eu pulo fora. Rasguei um projeto de 3 mil por mês porque não dava certo e eu desisti em lutar. Provavelmente eles me cortariam do projeto mas eu preferi correr do que ser "demitido". Poderia ao menos ter lutado.

Tenho várias planilhas de cálculos financeiros espetaculares para deixar minha vida em ordem. E o que eu faço? Nada. Faço planos de viajar pro Chile e na hora de realizar,o que eu faço? Pulo fora.

Acho q o último grande planos que fiz foi o meu preparativo do vestibular. Tinha meu plano de estudos, de gastos e fiz tudo exatamente como planejei. Nunca um plano meu foi tão bom e realizado quanto aquele. 13 anos depois não fiz parecido com isso. Por que? Aonde foi q eu me perdi nesse tempo?

Tenho consciência que a salvação do estado em que me encontro está unicamente nas minhas mãos. Mas simplesmente eu não tenho vontade de ir além das planilhas. Como disse minha psicóloga, tudo fica no virtual, no imaginário. Assim é com minha carreira, com meus relacionamentos, comigo mesmo. Tudo fica como um plano maravilhoso que fica esquecido no meu computador meses depois.

Como o livro, q planejei escrever tantas vezes. Como esse blog. Como meu condicionamento físico. Como meu tratamento para ansiedade. Como minha busca por felicidade.

Por que meus planos não saem do papel? O que me impede de colocar em prática tudo que planejo? Em qual momento da minha vida eu perdi o que tinha de melhor: minha iniciativa?

Ver a psico foi bom. Mas não sei como continuarei a terapia. Ela me lembrou que faz 1 ano que não a pago e ela não pode esperar muito mais sem um plano. E eu preciso fazer esse plano. E mais do que fazer o plano, realizar.

domingo, 17 de julho de 2011

Fundo do poço?

Têm sido tão difíceis esses dias... Olho para a minha vida e me pergunto: "o que eu fiz da minha vida?".

Fase de indefinição total. Procurei emprego, fiz entrevistas e vi que depois de tantos anos de empresário, não tenho preparação nenhuma. Com mais de 30 anos e mais de uma década de trabalho, não estou qualificado para boas vagas.

Penso em estudar uma coisa, estudar outra e não sei o que fazer. Penso em seguir carreira técnica, outra hora penso na carreira gerencial. Tem horas q fico pensando se existe alguma ideia que me deixe rico rapidamente. Na verdade, nem penso em ficar rico mas sim pagar as minhas dívidas. Fazendo as contas hoje, sem contas os impostos da empresa, devo mais de 55 mil reais.

Fico me perguntando como consegui me enrolar assim. Poderia ganhar mais de 4 mil por mês e mesmo assim devo esse absurdo. Minhas duas contas estão zeradas, não tenho limite disponível no cartão de crédito (ainda bem que é baixo) e devo ter uns 300 reais na carteira, que saquei do banco com medo do banco cobrar taxas e eu ficar sem nada.

Como cheguei a esse ponto absurdo? Morei 3 anos em saigon, ganhando mais de 3 mil por mês e pagando 350 de aluguel. Paguei dívidas antigas mas mesmo assim não juntei dinheiro. Fazendo contas daria mais ou menos 100 mil reais em 3 anos e mesmo assim voltei para a minha cidade sem quase nada no banco.

Aonde eu torrei tanto dinheiro? Não me droguei, não fui alcoólatra, não me envolvi com prostitutas e nem jogos. Aonde eu torrei esse dinheiro?

Desde a minha volta, em 2010, devo ter ganho mais de 30 mil no período. E mesmo assim, minha dívida saiu de uns 12 mil para mais de 50 mil. Uns 40 dessa dívida é do Itaú, pois caí na besteira de usar cheque especial e depois pedir empréstimo para cobrir cheque especial.

Ano passado tive as minhas várias viagens para o Rio para ver a pequena. Voei e gastei com ela sei lá porque. Talvez para compensar o fato de não ter carro, ou de ser feio, ou de não ter roupas legais, etc. Mas não foi só com ela.

Deixei de andar de ônibus, ia de táxi para todos os lugares porque não tinha paciência de esperar ônibus. Tive recebimentos espalhados, é verdade. Mas não era para estar assim. Não sei aonde gastei tanto dinheiro...

Não consigo atender bem nenhum cliente que eu tenho. Os treinamentos que dei foram péssimos, superfaturei horas de trabalho. Deus, como cheguei a esse ponto?

Atrasei todos os projetos e enrolei todos os meus clientes. Eu não era assim, meu Deus. aonde eu me perdi?

Em abril cancelei 3 mil reais por mês ao cancelar o projeto com meu maior cliente, porque assumi minha incapacidade de atendê-lo. Fui um péssimo prestador de serviços.

Mal posso usar os clientes como referência em futuros empregos, porque pisei na bola com todos. Com todos eu fui incompetente, irresponsável, mentiroso. Desmarquei reuniões, cheguei atrasado em quase todas, sumi sem dar notícias e dei desculpas mentirosas. Como de profissional exemplar virei um lixo desses? Como eu fiz isso?

Talvez ainda consiga salvar uns 2 ou 3 projetos, se correr atrás. Mas não tenho forças, não consigo fazer as tarefas que me passam e quando faço alguma coisa é apenas para enrolar o cliente. Não tenho nem vontade de trabalhar, mesmo sabendo exatamente o que tenho que fazer.

Todos estão decepcionados comigo. Acho que mais que a decepção deles, está a minha própria decepção comigo.

Sinto pavor de morrer às vezes, em outras penso em eu mesmo fazer isso. mas nessas horas lembro do desgosto que daria pra minha mãe. Coitada, sofre tanto para cuidar da minha vó, tem os 3 filhos longe, vive só com uma mãe doente e uma irmã que só suga. Eu sou tão lixo que mal dou atenção aquela que abdicou de viver para cuidar dos filhos.

Perdão minha mãe. Eu nunca quis ser esse lixo que eu sou. Sempre quis ganhar dinheiro para te dar uma vida de rainha. Mas quando ganhei foi para gastar com meus luxos e/ou impressionar alguém.

Deixo meus irmãos preocupados comigo o tempo todo. Como se eles não tivessem suas próprias preocupações e frustrações para pensar. Nem dar atenção a eles eu sou capaz. E como me disse a pequena há semanas atrás, quando procuro as pessoas é porque tenho interesse. Porque quando acho que não preciso volto para o meu isolamento.

Tenho medo dos meus pensamentos, tenho medo de ficar louco. Olho minhas contas e vejo que para me livrar das dívidas vou ter que trabalhar um ano sem poder gastar com nada além do básico. Até não seria muito tempo, se eu não estivesse tão sem vontade, tão deprimido, tão angustiado.

Acabo de tomar rivotril. Queria tanto me livrar dessa merda. Mas espero que faça efeito logo e me ajude a parar de pensar coisa ruim. Ou que me faça dormir logo, que seja.

Vontade de gritar, de correr, de chorar mais. De sumir, de apagar minha vida e começar tudo de novo. Me falam para escrever mas acho que fazer isso está me deixando pior. O sentimento de fracasso está maior. Os pensamentos em fazer besteira aumentam.

E não tenho ninguém pra falar. Não tenho namorada, nem sei como arrumo uma. Meus amigos? afastei todos com meu isolamento. Família? Acho que já os maltrato demais para levar mais problemas para eles. Como disse meu irmão, talvez seja apenas uma crise de stress. Mas acho que é muito mais do que isso.

Queria ficar horas conversando com minha psicóloga mas até para ela eu devo. E devo muito. Nem tenho coragem de chegar lá. Faltei várias consultas, porque acordava tarde, ficava ansioso para ir e não dormia na noite anterior. Ou simplesmente, como diz ela, por medo de mexer em alguma coisa.

Eu quero ter esperança. Quero pensar em coisas boas como as pessoas falam. Quero ter forças. Quero ter vontade. Quero ter vida. Quero ser livre de dívidas.

Mas será que quero isso tudo mesmo? Porque eu não consigo ter nada disso e estou aqui, de madrugada, escrevendo num blog que ninguém lê na tentativa quase desesperada de pedido de ajuda.

Penso em tudo, nos meus medos, na minha mãezinha e não paro de chorar. Oh Senhor, me ajude. Preciso superar mais essa noite.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Recaída

Depois de muito tempo sem nada, com tratamento com Sertralina eis que tive uma nova recaída.

Estava quase dormindo, quando senti uma picada de mosquito. Aí acordei com a garganta ruim (tinha tomado vento) e pensamentos ruins começaram a me dominar, como se minha respiração fosse piorar ainda mais e eu não conseguisse respirar mais.

Sentindo que tava ficando nervoso demais resolvi apelar para o SOS (Rivotril) e espero que essa ansiedade passe logo.

Estava pensando nos fatores que me deixam ansioso e um deles são os compromissos atrasados. Não me policio para deixar as coisas em dia nos clientes e de repente todos começam a me cobrar com demandas "urgentes". Aí fico preocupado e me chateio (aos clientes tb).

Preciso ser mais organizado para evitar esses fatores que aumentam minha ansiedade.

domingo, 13 de março de 2011

Sem dores

faz tempo que não tenho dores. Pelo menos dores como antes.

Vida anda menos agitada graças a pílula da tranquilidade: sertralina (assert). Não sei ainda quanto tempo vou tomar isso mas está valendo os dias menos tensos.

De vez em quando recorro ao SOS (rivotril) mas estou melhorando.

Como disse o psiquiatra que me receitou tudo isso, meu tratamento é 80% psicoterápico. Que bom!