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terça-feira, 28 de setembro de 2021

Carma? Castigo?

Meus poucos leitores devem perceber que a frequência das minhas postagens está relacionada com minhas crises de ansiedade. Para ser sincero, não tenho tido grandes crises a ponto de pensar num SOS, mas meus dias têm alternado entre mais ou menos tranquilo e outros bem ruins.

Acho que deve ser um questionamento comum de quem tem algum tipo de doença crônica, mas tem horas que me pergunto porque isso acontece comigo. Porque não tenho a vida normal que as outras pessoas têm, como falei na postagem anterior.

Como alguém quase-espírita, sei que muitas provas que passamos nessa existência são oportunidades de aprendizado. Não acredito em castigo do Universo ou num Deus que nos pune pelas coisas erradas do nosso passado. Mas, justamente quando penso em algumas ações do meu passado, percebo que se existisse punição divina, então eu estou recebendo exatamente o que mereço. 

Não sou uma pessoa ruim, mas pessoas boas também fazem coisas ruins. Tive desvios no passado, alguns graves e outros nem tanto. Percebo que ainda cometo alguns erros que não teria coragem de contar para a minha família. Se eu fosse corajoso em me mostrar como sou, certamente seria "cancelado" em uma semana. Mas eu sou um grande covarde.

Se existisse carma ou castigo divino, seria mais fácil explicar porque nenhuma mulher se interessa por mim. Talvez eu mereça nunca mais ter alguém na minha vida. Talvez pagando eu consiga beijar alguém de novo, mas, nas poucas vezes que recorri a isso, me senti a pessoa mais merda do mundo.

Não sei se tenho amigos. Sei que tem pessoas que gostam de mim e me ajudariam se eu pedisse. Mas acho que amizade é mais que isso. O fato é que ninguém se lembra de mim e, se existisse carma ou punição divina, eu mereço mesmo estar esquecido.

Não sei nem se mereço a família que tenho. Mas talvez eu seja o "carma" deles.


domingo, 26 de setembro de 2021

Ser normal

Falei na postagem passada sobre o tal "novo normal" que virá quando a pandemia acabar, mas tenho pensado no ser "normal", algo que parece tão distante pra mim. 

Vendo meus colegas de faculdade, pessoas com quem tive contato e mesmo familiares da minha geração, sei que posso ser tudo, menos uma pessoa normal. Claro que as pessoas geralmente só contam as parte boas das suas vidas, mas o que eu tenho?

Pessoas com quem estudei há 20 anos atrás hoje tem bons empregos e famílias. Essas eram coisas que sonhei lá atrás, mas não tenho nada disso hoje. Enquanto meus colegas têm empregos fixos, eu faço minhas atividades como autônomo, sem horas normais de trabalho e nem coisas básicas, como férias, cargos e até salário. Enquanto meus colegas irão acordar amanhã para ter mais um dia de trabalho, eu irei acordar tarde, porque não consigo dormir cedo, e vou enrolar até não conseguir adiar mais minhas atividades.

Enquanto meus colegas terão seus compromissos durante o dia, eu estarei com meus pensamentos obsessivos e arrumando algo para distrair a minha mente, já que o trabalho infelizmente não me propicia isso. No final do dia, meus colegas pararão seus trabalhos e irão fazer algo, como exercícios físicos, algum curso ou ficar com suas famílias.

E eu?

Eu estarei ainda com meus pensamentos obsessivos, fazendo alguma atividade que não consegui fazer durante o dia porque estava tentando me livrar desses pensamentos. Enquanto meus amigos estarão curtindo suas famílias ou indo dormir, eu estarei enrolando com coisas que só são úteis para me fazer esquecer da minha vida e dos meus pensamentos.

Claro que eles têm suas chateações, mas provavelmente deixam elas de lado em pouco tempo ou desabafam com suas esposas/maridos. Eu não tenho ninguém além desse blog, já que certas coisas não consigo nem compartilhar com minha psicóloga e ela vai me lembrar do medicamento que o psiquiatra passou.

Passarei mais um dia assim, sendo perseguido por esses pensamentos que ficam ainda mais ativos quando tenho um incômodo qualquer, como uma dor de cabeça. E tenho tido tantos incômodos que tem horas que penso: "foda-se, se Deus quiser me levar, que me leve".

Enquanto meus amigos estarão fazendo sexo com suas esposas ou namoradas, eu estarei pensando em como minha vida é uma droga e tentando descobrir quando tudo começou a dar errado para mim. Fico pensando que enquanto as pessoas têm o fluxo normal conhecer-namorar-casar, eu mal tive o conhecer-namorar e não sei o que é estar com alguém há 5 anos, mesmo casualmente. Sei lá se um dia vou ficar com alguém novamente sem pagar por isso.

Por que não sou normal e não tenho a vida como as outras pessoas? 

Postagem já ficou grande, continuarei em outra...

terça-feira, 21 de setembro de 2021

O novo normal

Irei tomar a segunda dose da vacina nos próximos dias e com isso ando mais ansioso. Quando saio para caminhar, ainda vejo mais gente com máscara do que sem, mas em muitos locais parece que a pandemia acabou faz tempo.

Com o andamento da vacinação, já rola uma certa pressão para encontros de todos os tipos. Para mim, que não entro em local fechado desde janeiro,  já estou ficando tenso porque não terei mais argumentos para continuar sem ir aos locais. Não que eu ache que a situação estará bem tranquila em novembro (não estará), mas acredito que serei um dos poucos que ainda usarão máscaras e evitarão aglomerações.

Por outro lado, estou tão cansado disso tudo. Toda vez que saio para caminhar fico desviando de pessoas sem máscara. Quando faço compras, sempre faço uma operação de guerra pra receber as compras aqui. Também não aguento mais terceirizar a escolha dos produtos que eu compro. 

Terei um evento familiar daqui a dois meses e já estou sofrendo com isso. Não pelo evento em si, porque serão pessoas que sei que se cuidam, mas porque o deslocamento até lá implica em eu estar em local fechado por umas oito horas.

Fico pensando como será quando entrar num ônibus ou metrô de novo. Se já fico tenso só em cruzar com gente sem máscara na rua, imagino como será num transporte cheio de gente. Aqui onde moro quase todas as restrições já caíram, acho que só restam as máscaras. Acredito que serei uma das últimas pessoas que abandonarão todos os cuidados. 

Além disso, com o "fim" da pandemia, alguns prazos voltarão a correr e isso tudo me deixa tenso. Tenho mais um ano para terminar meu maior projeto atual e isso é bem pouco tempo, ainda mais porque andei muito pouco nos últimos meses.

Tenho me esforçado para andar umas duas vezes por semana para perder um pouco o receio. Depois da segunda dose, acho que tentarei entrar em algum mercado ou pegar ônibus. Tenho alguns exames para fazer e acho que aproveitarei isso para voltar a ter contato com o mundo. Mas tudo isso me deixa tenso, pois o receio de pegar essa maldita doença ainda existe.

Mas o que mais me deixa tenso é porque sei que não poderei fugir pra sempre. Deveria comemorar que falta pouco, mas esse não sou eu.