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sábado, 30 de maio de 2015

Preciso de ajuda

Tenho andado com pensamentos e sentimentos tão ruins que ando bem assustado comigo. Falta de paciência com qualquer coisa, irritação fora do normal com coisas não me irritariam (ou me irritariam pouco), raiva ao ver coisas erradas, etc. Não que sejam sentimentos anormais mas o grau em que essas coisas vem acontecendo está me preocupando.

Hoje, vi um casal fazer uma coisa que infelizmente é muito comum em supermercado. Para poder passar nos caixas rápidos, dividiram a compra enorme deles em várias compras, como se fossem para várias pessoas. Os dois são cretinos e isso explica porque temos os políticos que temos. Mas a raiva que senti, a irritação e reclamações o tempo todo, me mostraram que não estou nada bem.

Esse exemplo tem acontecido com muita frequência. Para tentar me irritar menos, tenho tentado não ler notícias de jornais. Mas das coisas que acontecem no dia a dia, não consigo fugir e isso tem me feito muito mal.

Com relação a sentimentos, também ando sentindo coisas muito estranhas. Um vazio, como se nada que estivesse fazendo tivesse sentido, não vendo propósito na minha vida. Estava atribuindo isso ao estresse em que ando, sem férias e com milhares de coisas para fazer, Fiquei uns dias fora em um evento acadêmico e achei que, apesar de ter levado obrigações para fazer, sair me faria bem. Mas tive todos esses pensamentos e sentimentos ruins durante os 4 dias que fiquei fora.

Tive alguns momentos lúcidos e produtivos e até produzido uma lista das coisas que mais "não quero":

  • não quero ficar sem dinheiro
  • não quero ficar todo o tempo desesperado com tarefas para entregar
  • não quero depender de remédios pra dormir
  • não quero ter pensamentos ruins
  • não quero mais dever pra ninguém
  • não quero fins de semana com listas de tarefas 


Consegui refletir sobre meu momento e na minha pressa para fazer andar coisas que ficaram paradas por anos. Um colega me disse, a respeito das tarefas acadêmicas, que não preciso ter pressa e que tenho que ir mais devagar. 

E vendo meu acúmulo de tarefas, de coisas que eu coloquei nos meus afazeres, vi que preciso mesmo tirar um monte de coisa e deixar apenas o essencial. Cancelei inscrições em alguns cursos online que tinha me inscrito. São cursos importantes para minha carreira, mas como já tenho um mestrado para concluir, talvez valha a pena pensar nisso depois.

Essa viagem eu fiz de avião e, não sei se falei aqui, detesto voar. A ida, no primeiro trecho, foi aterrorizante e nem com rivotril consegui ficar calmo. Na segunda parte da viagem consegui ao menos ficar controlado. Na volta, embora não tenha tido o pavor da ida, tive pensamentos ruins pela viagem toda. E se o avião cair? E se eu tiver um treco aqui dentro? Pensava na morte e nas coisas que deixaria pendente para as pessoas que ficariam. Na tristeza profunda que deixaria nas pessoas.

Isso, por si só, deveria ser motivo para eu me animar e lutar para seguir em frente. Mas tem muitos momentos que me sinto sem forças, sem ânimo para fazer qualquer coisa. Dias atrás, tive início de conjuntivite e a oftalmo me deixou em casa por um dia. Não consigo descrever a alegria que tive ao receber o atestado para poder ficar em casa e não ver ninguém, não fazer nada.

Esse momento também se reflete na relação com minha namorada. Estou tão preocupado comigo que mal dou atenção a ela, me limitando a responder as mensagens que ela manda e vendo cada mensagem que tenho que responder como mais uma obrigação na minha vida. Também reparei que nesses dias fora, só liguei para ela uma vez, antes de pegar o avião de volta. Quando vi as mensagens de saudade dela, só consegui pensar que não estava sentindo a menor falta dela. E isso, mais uma vez, me preocupou muito. Me sinto um lixo porque não estou conseguindo ser um mínimo de namorado para um anjo que Deus colocou na minha vida, que só quer o meu bem e tem feito tudo para me ajudar, mesmo tendo passado recentemente por uma tragédia familiar. 

Eu devia fazer o máximo por ela, mas não consigo... quando o faço é mais no sentido de obrigação (porque ela é uma pessoa boa, por tudo que passou, pelo que faz por mim) do que por vontade de fazer para agradá-la.  Me sinto um lixo por ter desejado tanto uma namorada e quando eu recebo esse anjo, não consigo fazer nada por ela. 

Ando sem vontade nada inclusive com relação a ela. E fico pensando no que fazer... se volto para a minha solidão (nunca acharei alguém como ela) e deixo ela seguir a vida dela, para achar algo melhor. Ou se tento o máximo que puder, na esperança que esses sentimentos em relação a ela estejam sendo influenciados pelo meu momento psicológico péssimo e lute para ficar bem.

No vôo, enquanto estava tendo os pensamentos ruins, eu repetia para mim mesmo. Preciso muito de ajuda. Não estou nada bem e tenho medo de afundar tudo que consegui reconstruir em pouco tempo. Como diz minha mãe, em relação ao que estava no final de 2012, quantas vitórias eu tive até agora. Mas estão me faltando vontade e energia para continuar. 

Com tanta coisa boa acontecendo (a namorada, o trabalho q melhorou, o mestrado indo bem), eu não consigo ficar feliz. Ao invés disso, ando desanimado, irritado com as coisas erradas e com medo.. muito medo.




sexta-feira, 22 de maio de 2015

Só por hoje


Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu espero conseguir
Aceitar o que passou e o que virá

(...)

Em dias que estou muito para baixo essa música sempre me vem a cabeça. Aliás, tenho andado assim faz um bom tempo... Parece que uma luz se apagando em mim a cada dia que passa. Tenho, na minha vã esperança, atribuir isso tudo a falta de férias e ao ritmo louco de atividades em que me meti.

O fato é que não me sinto feliz...Tudo anda me aborrecendo ou me deixando mais deprimido. Um exemplo dessa mistura: minha mãe estava em um ônibus em que o motorista passou a toda no quebra-molas e com o impacto minha mãe subiu e caiu em cima do braço do banco. O resultado é que ela está com muitas dores em todo o corpo e, como se não bastasse todos os cuidados que ela deve ter com a saúde, agora tem mais isso para se preocupar. Raio-x na segunda e volta ao ortopedista para um diagnóstico mais preciso. Tomara que seja o mínimo possível de efeitos que sejam tratados rapidamente. Minha mãe não precisa de mais dificuldade de locomoção.

E como eu reagi a isso tudo? Bom, a primeira coisa que senti quando ela me contou foi uma raiva imensa. Juro que pensei em descobrir quem foi o motorista que fez isso e fazer ele pagar com isso. Sim, pensei em no mínimo socá-lo e estragar bastante a cara dele. Matá-lo? Desejei isso também. Não justifica e nem resolve nada, eu sei. Mas meu ódio por esse desgraçado ter causado tanta dor a minha mãe, que tudo o que faz em todos os dias dela é procurar fazer o bem pelos outros, só me fez ter sentimentos ruins. Ainda estou com muita raiva mas ao menos penso em apenas escrever uma carta à empresa relatando o fato. Pensar que isso não vai resolver nada e o desgraçado no máximo vai tomar uma chamada me deixa com mais raiva ainda. Então, estou me esforçando muito para não alimentar esses sentimentos e pensamentos. Mas é muito difícil.

Estando hoje com ela e vendo/ouvindo o relato sobre o que aconteceu, sobre as dores que ela está, sobre o medo que ela está de ter que ficar de cama.. ver minha mãe sofrendo só me deixou mais deprimido. Minha mãe foi duas vezes a UPA e o merda que faz o Raio-X fez dois e não conseguiu acertar um. E, como tudo é demorado nesses lugares, minha mãe não voltou nas várias filas para tentar que o lixo humano que cuida disso fizesse a merda do trabalho dele direito.

Paguei um particular na tentativa que ela fosse melhor atendida e embora isso não garanta nada, pelo menos ela foi e agora espero ter um diagnóstico melhor. Saber de outras coisas dela, como uma cretina de uma ginecologista que machucou minha mãe num preventivo porque estava de papo com a enfermeira, me deixa mais puto e triste. Puto porque não posso fazer nada que gostaria e triste por ver minha mãe cercada de monstros que não se têm o mínimo de cuidado com um idoso. 

Já pensei algumas vezes em largar tudo (trabalho e mestrado) e voltar a morar com ela aqui. Pelo menos eu poderia acompanhar minha mãe nessas coisas e evitar alguma dessas coisas. Mas infelizmente tenho outros problemas que minha estada longe tem amenizado. Pagar esses exames dela e o procedimento mais caro que ela fará esse ano, só são possíveis porque tenho um emprego que me paga razoável.

Mas me deprime ao lembrar que cada vez mais ela ficará mais dependente da gente e um dia nos deixará. Eu morro de medo desse dia e não sei o que será de mim quando isso acontecer. Enquanto eu ouvia os relatos dela, tive vontade de chorar por várias vezes. Agora, ao desabafar aqui, pelo menos posso chorar sem que ela veja e fique mais preocupada. 

Tudo tem me deixado assim: deprimido ou puto. Às vezes as duas coisas ao mesmo tempo. A falta de humanidade das pessoas, a certeza de que estamos completamente abandonados por todos aqueles que delegamos poderes (com nosso voto), a situação cada vez pior em todas as áreas... Minha mente vai longe e fico mais deprimido, só vendo caos e dor.

Não consigo olhar para a minha carreira tendo progressos, oportunidades boas que estão aprendendo, o anjo que eu namoro... nada disso parece estar sendo suficiente para eu ter um estado onde, como disse o Renato Russo na música que escrevi acima, possa aprender a viver um dia de cada vez.