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domingo, 26 de abril de 2020

Quarentena - semana 7

Faz 14 meses que não tomo SOS, mas a última madrugada eu teria tomado, se tivesse algum aqui. Faz tanto tempo que não tomo que os comprimidos que eu tenho perderam a validade. Nem lembrei de pedir outra receita, porque venho tentando não tomar esse tipo de remédio. Mas essa madrugada foi bem complicada...

Me senti mole esse sábado todo, com algumas dores nas pernas. Achei que não tinha a ver com exercícios, já que a última vez que fiz foi na quinta-feira. Mas me senti bem fraco nesse sábado e isso é um gatilho para a minha ansiedade. E aí, durante a madrugada de sábado para domingo, comecei a ficar mais agitado ainda, com dores nos joelhos e incômodo muscular.

Comecei a pesquisar os sintomas na Internet, como faço sempre e fiquei fazendo contas para saber se seria possível eu estar com o tal vírus. Me sentia muito quente e a moleza que estava sentindo parecia mesmo o início de sintomas dessa doença. E tentava imaginar como seria possível me infectar, pois não saio de casa tem 3 semanas e tive dois contatos rápidos com entregadores (um a 2 semanas e outro tem 4 dias) a uma distância razoável, tomando os cuidados de higiene quando entrava em casa. Ficava pensando como seria possível ser infectado, mas lógica não é uma coisa que pessoas com transtorno de ansiedade levam muito em conta nessas horas.

Então resolvi me ocupar. Fiz chá, lavei louça e abri a lista de tarefas para escrever código em Java. E assim fui até mais ou menos 6 da manhã, quando consegui dormir.

Hoje até que passei melhor e agora à noite estou bem. Onde por "estou bem", entende-se por ausência de sintomas físicos evidentes mas não livre de preocupações.

Sei que tenho que ficar em casa e ficarei, pois além do meu compromisso com a saúde de todos ainda tem o meu medo de pegar qualquer doença. Mas, quando isso tudo acabar, será complicado voltar a sair de casa.

domingo, 19 de abril de 2020

Quarentena - semana 6

Incrível como o tempo está passando rápido nessa quarentena. Nem acho que é apenas pelo de eu estar com muitas atividades, mas tudo tem passado bem rápido no que parece minha rotina nessa quarentena.

Acordo tarde, faço lanche e vou cuidar das plantas. Depois, leio os números da epidemia no site worldometers.info e tenho mais esperança em ver que diversos países da Europa parecem virar o jogo. Esperança de que isso aconteça conosco também, seguindo o fluxo natural da doença. Mas temo pelo nosso futuro, em ver tanta gente negar o óbvio e furar o isolamento. Espero que essa gente caia na real antes de virarmos uma Itália. Outros países, como a Áustria, lutaram antes e controlaram a situação antes que virasse uma tragédia como na Itália e Espanha.

Depois dessas leituras, cuido do pequeno espaço onde moro e começo a pensar no almoço. A partir daí, trabalho e tento dar vazão às várias demandas que tenho. Por estar em casa e, apesar de ter essa rotina já tem algumas semanas, sinto que me falta foco para trabalhar mais nas tarefas. Acabo rendendo mais quando está próximo dos prazos de entrega e fico procrastinando até quando não dá mais.

Durante todo dia também troco mensagens com a família e procuro ligar todo dia pra minha mãe. Estou me comunicando mais com minha família e isso ameniza a lembrança que irei demorar a vê-los. Porque mesmo que aconteça o relaxamento das medidas aqui, não me sinto tranquilo de viajar até a cidade da minha mãe e ser possivelmente um vetor da doença.

Aliás, faz 2 semanas que não saio de casa. Recebi duas entregas nessa semana que passou, mas não passei do portão. A última vez que tive um contato pessoal (de conversar) tem uma semana e mesmo assim de longe. Como será quando tudo isso acabar?

Será estranho sair na rua, falar com alguém, apertar a mão das pessoas... E estou falando de algo, na melhor das hipóteses, lá para junho ou julho. Se bem que junho soa muito otimista da minha parte.

Enfim, é torcer para esse tempo continuar passando rápido assim e poder sair dessa prisão.

domingo, 12 de abril de 2020

Quarentena - semana 5

Mais uma semana ficando em casa, dessa vez sem idas até para fazer compras. Resolvi fazer as compras usando serviços de delivery, mesmo sendo mais caro do que se eu fosse ao mercado. Mas estou evitando correr riscos, mesmo para uma saída rápida ao mercado aqui perto. Fico mais tranquilo? Nem sempre.

Cada sensação no corpo já é motivo para ficar preocupado e fazer cálculos para saber quando foi a última vez que tive algum contato com outra pessoas. Nas entregas que recebi nessa semana, procurei manter uma distância segura e tomei o cuidado de levar as mãos, rosto e narinas quando entro em casa. Mas qualquer dor eu já começo a relembrar os passos e analisar onde eu poderia ter errado e ser infectado. Enfim, outra semana convivendo com as preocupações.

Pelo menos os dias têm passado muito rápido. Tenho acordado tarde mas, quando percebo, já é noite. As atividades de plantação, arrumações e exercícios estão fazendo meus dias passar mais rápido. Amanhã fará 30 dias que comecei meu isolamento e parece que passou rápido. O que não parece que passará rápido é essa situação, infelizmente, e isso me deixa muito mal às vezes.

Saudade da família que aumenta ainda mais porque não posso estar com eles. Saudade de sair de casa, para ver o movimento das pessoas.

Não posso me queixar. Sei que sou privilegiado, pois minha vida profissional não parou nada durante essa quarentena, muito pelo contrário. Além disso, os recursos para as necessidades básicas não faltarão e isso é muito diferente de quem perdeu o trabalho e não tem como levar comida para casa. Então, por mais que seja difícil, minha situação é melhor do que de muita gente.

Mas tem horas que bate um desânimo tão grande. Desânimo em perceber que as coisas piorarão muito, especialmente uma parcela considerável de privilegiados como eu insiste em furar o isolamento, colocando a própria vida em risco e das outras pessoas.

Esses dias, quando estava lendo notícias da crise na internet, me senti tão mal ao ler um relato de um óbito de uma pessoa que, aparentemente, era contra o isolamento. Não só por imaginar que uma família ficou sem um ente querido, mas também por ver um número grande de pessoas sem compaixão alguma, debochando de uma coisa tão triste. E aí percebi que preciso limitar meu tempo de leitura de notícias, seja em sites ou redes sociais.

Se eu não fizer isso, sinto que o pouco equilíbrio que tenho há quase um ano irá embora.



domingo, 5 de abril de 2020

Quarentena - semana 4

Já estou na quarta semana de quarentena em casa, saindo muito raramente apenas para compras em mercado. Acho que, desde o dia 13/03, saí de casa umas 5 ou 6 vezes. E cada saída é seguida de vários cuidados de higiene ao voltar, como trocar a roupa, tomar banho com sabão, higienizar as compras e por aí vai. Pessoas hipocondríacas já tomam muitos cuidados, imaginem nessa fase.

Ontem estive em dois mercados e um deles tinha mais gente do que eu acharia normal. Procurei manter uma distância segura, mas fica sempre a preocupação de ser infectado. Para evitar mais preocupação do que eu "normalmente" tenho, vou evitar sair de casa nas próximas semanas. Aqui tem um quintal, que tenho varrido quase todo dia, e isso é uma forma de contato com o mundo além do meu quarto.

Mas qualquer dorzinha ou nariz um pouco obstruído já é motivo para eu pensar que posso estar infectado. E aí vira um gatilho, que dispara diversas sensações no meu corpo. Fico agitado, sentindo mil sensações e ficando ainda mais preocupado do que já sou. Para ter risco zero de infecção, evitarei sair de casa nas próximas semanas.

Estou lidando com essa espécie de prisão de algumas formas. Tenho reservado uns minutos todo dia para pegar sol no quintal, já que aqui dentro não bate sol. Além disso, estou cuidando das minhas plantas e até plantando coisas novas. Tem sido uma experiência muito boa, especialmente quando vejo as plantas se desenvolverem.

Faço exercícios em casa todo dia, alternando cardio e exercícios de musculação. Percebi que dá para fazer muita coisa em casa, mesmo tendo pouca coisa. Tenho um halter, com uns 10 kg de peso, o que estou usando para exercícios isolados. Também tenho feito exercícios usando o peso do corpo (já estava lendo sobre isso antes da quarentena) e a experiência é interessante.

E tem o trabalho/estudo. Isso na verdade nunca faltou e estou envolvido com diversas iniciativas. Então ocupação para mente é o que não falta, embora às vezes eu tenha dificuldade de me concentrar e focar nas diversas demandas que tenho.

Com tudo isso que tenho feito não posso afirmar que meus dias estão passando devagar. Na verdade, estão passando até rápido. Mas, toda vez que penso que essa situação ainda vai se arrastar por mais uns meses, bate um certo desespero, porque não posso sair de onde estou e ficar com minha família. E a saudade tem batido bem forte ultimamente.