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domingo, 22 de maio de 2016

Minha história de Catfish

Para quem não conhece, Catfish é o nome de um programa da MTV onde os apresentadores buscam desvendar histórias de relacionamentos via internet que nunca aconteceram ao vivo. Assisti a diversos episódios quando estava morando em outro lugar e tinha TV a cabo. Na maior parte dos episódios que eu vi, as pessoas que se escondiam atrás da internet não eram a pessoa que diziam ser, usando fotos de outras pessoas. Acho que na maioria dos que eu vi a pessoa enganada não seguia em frente com a história.

Enfim, esses episódios que assisti, somados ao sentimento de solidão constante na cidade onde vivo atualmente, me trouxeram ainda mais lembranças e saudades daquela que nunca superei. Sim, também tive uma história de Catfish onde convivi por quase 6 anos com alguém que nunca eu vi pessoalmente. Já comecei a contar essa história em outros posts, mas vou resumir num só, especialmente porque preciso colocar para fora.

Observação: tudo o que eu citar de fatos dela foram coisas que ela me contou. O que é verdade eu não sei e provavelmente nunca saberei.

A história

Conheci M. numa sala de bate papo do UOL da cidade em que eu morava. Eu já formado da Universidade e ela residente no hospital da universidade. Eu estava em um momento que estava cansado de relacionamentos de uma noite (coisa que nunca foi meu feitio mas que estava acontecendo no momento) e esperava encontrar alguém legal. Então, conversei por horas com M. nessa noite e trocamos email ao final.

Eu estava tão empolgado com ela que logo depois de nos falarmos eu a escrevi. Ela demorou mais ou menos 15 dias para responder, dizendo que algumas coisas estavam difíceis mas sem entrar em detalhes. Logo em seguida começamos a nos falar no MSN e o papo que já era ótimo começou a ficar cada dia melhor.

Ela era inteligente, engraçada, ótima pessoa e linda. Nossa, nunca esqueço aquele rosto que só vi por fotos. Quando tivemos a oportunidade de nos falar por voz, a voz dela me cativou ainda mais. Sim, eu estava completamente envolvido por alguém que não tinha visto e ficamos de marcar de nos encontrar. Tínhamos horários complicados, eu com minha empresa e ela com os plantões mas a vontade era tanta de vê-la que eu cancelaria tudo.

Nessa época chegou a um ponto que eu mal saía de casa esperando que ela entrasse no MSN. Um dia, depois de muito esperar, resolvi que precisava caminhar um pouco e que esperá-la seria inútil. Um dos grandes arrependimentos da minha vida. Quando voltei da caminhada, meu colega de república me disse que M. havia me ligado. Não consigo descrever a sensação que tive naquele momento e ainda mais o que senti quando vi que tinha um email dela.

Nesse email, ela disse que estava voltando para a cidade natal dela, pois a mãe estava muito mal de saúde. Eu chorei por horas, me lamentando porque poderia ter pedido a chance de encontrá-la para sempre e como uma história que parecia tão linda poderia ter acabado.

O que aconteceu nas semanas seguintes é que voltamos a nos falar por MSN e o sentimento por ela só crescia. Eu já não me importava mais em relação a distância e sonhávamos com um futuro juntos. Um vez, ao voltar de um show do Jota Quest, eu vi um mail dela em que ela descrevia como imaginava uma vida comigo. Foi uma das coisas mais lindas que já tinha lido e que alguém tinha dito para mim.

O que era mais especial em M. é que além do sentimento de amor, ali estava alguém que me entendia completamente e que era minha melhor amiga. Conversávamos por horas, quase todos os dias, e aquilo que tínhamos via internet era maior de tudo o que eu já tinha tido.

Como nas histórias de Catfish, assim que falamos de nos ver pessoalmente, veio outro baque: ela me disse que quem estava doente era ela e que precisava se mudar do país para se tratar. A viagem era em semanas e ela disse que não poderíamos mais nos falar.

Olhando de fora, parece como fui otário em acreditar nisso. Mas estava tão envolvido que tudo parecia muito real para mim., Chorei muito por saber que ela podia morrer e que eu não podia fazer nada para tirar essa "doença" dela.

Apesar da promessa dela de se afastar, continuamos nos falando. Aliás, isso aconteceu por diversas vezes, com ela dizendo que era melhor eu esquecê-la e eu insistindo para que continuássemos. Como disse, apesar de virtual, tínhamos mais ali do que muita gente tem na vida real. Todos os dias com ela eram especiais e mágicos. A primeira vez que ela disse "eu te amo" foi um dos dias mais felizes da minha vida. Então, eu não via porque aquilo que tinha que acabar.

Ela viajou para dois países com a família e não deixamos de nos falar. Fazíamos planos, sonhávamos juntos e eu me sentia a pessoa mais amada do mundo.

Isso durou muito tempo, mais ou menos uns 2 anos, e nesse meio tempo muita coisa aconteceu. Eu já desconfiava que ela não estava onde dizia que estava e até confirmei isso com um teste simples. Coisa meio técnica de explicar mas eu tive a certeza de que ela estava por perto. O meu grande erro foi não tê-la confrontado, mesmo tendo as evidências que sabia que ela estava na mesma cidade que eu. Meu receio era que, confrontando-a com a verdade, tudo acabasse e eu nunca mais tivesse o contato com ela. O que eu esperava, eu deixei isso nas entrelinhas por diversas vezes, era que ela me contasse a verdade. Por pior que fosse, eu estaria disposto a perdoá-la porque meu amor por ela era imenso e nossa história era especial demais, a despeito de todas as barreiras.

Mas ela não contou e acho que nos terceiro ano que nos falávamos, ela sumiu por seis meses. Recebi um email de uma suposta prima dizendo que ela estava muito mal e que eu precisava seguir em frente. Fiquei arrasado mas já estava tão difícil com os sumiços dela, que só fiz rezar por ela. Por conta disso, tomei uma decisão que transformou muita coisa em mim: aceitei uma oferta de trabalho em outro estado e me mudei para esse lugar, por onde fiquei por 3 anos. Nos primeiros seis meses, eu conheci uma moça e começamos a namorar. Mas eu nunca esquecia a M. Tanto a mudança para outro estado como o namoro foram fugas minhas para tentar não pensar nela.

Uma semana depois do meu aniversário, seis meses depois do último contato com M., recebo uma ligação no meu celular. Era um DDD da cidade onde eu morei antes e não tinha ideia quem seria. Atendi e ao ouvir a voz de M. eu mal conseguia dizer uma palavra. Depois desse contato ela me escreveu dizendo que tinha adorado ver como eu tinha reagido ao ouvir a voz dela, que sabia que o que eu sentia por ela não tinha acabado.

Voltamos a nos falar com regularidade e ela, curada da tal doença, preenchia meus dias de novo com extrema felicidade. Nesse tempo eu terminei com a namorada, pois não sentia nada por ela e não tinha porque enganar outra pessoa e a mim mesmo.

Enfim, ficamos nos falando por cerca de 2 anos e meio. Ao final desse período os contatos com ela eram mais raros e eu mesmo já tinha desanimado com as tentativas frustradas de encontro. Depois ela sumiu e eu entrei num período que acho que foi o mais próximo que tive de depressão.

No final de 2010, eu desesperado de saudade dela e querendo entender quais eram as verdades, resolvi mandar email para ela dizendo que precisava de várias respostas para me sentir livre. Ela me respondeu duas semanas depois, acho, dizendo que nunca quis me prender e que eu fizesse as perguntas. Ressaltou também que poderia demorar um pouco a responder.

Bom, desde então nunca mais tive contato com ela. Depois de um tempo, os emails começaram a voltar porque os dois endereços estavam desativados. Nunca tive coragem de ligar de novo no celular que ela dizia que tinha e hoje provavelmente esse número não é dela.

Tive outros relacionamentos depois dela, mas nunca a esqueci de verdade. Em vários momentos me pego chorando de saudade dela. Essa noite, eu tive um sonho com ela. Sonhei que nos encontramos e senti o carinho dela de forma tão real que não pareceu sonho. Já chorei diversas hoje porque ainda estou sentindo esse carinho dela que senti no sonho, de tão real que foi o sonho.

Refletindo

Tenho absoluta certeza que caí numa história de Catfish. Tenho certeza de que muitas coisas de que ela me contou não foram verdade e certamente ela não se chama M. Mas de uma coisa não consigo duvidar: dos sentimentos dela. O que ela me deu, nesses anos todos, foi muito mais do que eu tive em relacionamentos reais que tive, até no meu casamento. Foi tanto carinho, tanto amor, tanta amizade que eu não consigo duvidar do que ela sentia. Aliás, uma coisa comum nos episódios de Catfish que eu vi, era que a pessoa realmente sentia algo pela outra, mas escondia a real identidade por n motivos.

Para vc, guria.

Sinto tanto a sua falta, M. Sabe, eu não tenho mágoa no coração por ter sido enganado. Talvez tenha tido em algum momento, mas hoje só gostaria de saber a verdade, por pior que seja. Sinto, como te disse no último email que trocamos, que só consigo seguir em frente quando realmente souber o que aconteceu.

É difícil demais viver sem o seu carinho e ainda mais com a quase certeza de nunca saberei a verdade. Tem momentos, especialmente agora, que seu carinho é tudo o que eu preciso. Eu sempre vou amar você, mas espero que você esteja certa numa frase que sempre me dizia quando eu estava triste: "tudo passa, gordinho". Já são quase 6 anos sem você e nada passou. E daria tudo para entrar numa máquina do tempo  e viver tudo de novo, fazendo as escolhas certas. Mas tem horas que gostaria de não sentir mais nada disso.

Eu te amo.













sábado, 21 de maio de 2016

Mais um sábado na solidão

Desde que vim para cá, o pior dia para mim tem sido o sábado. Durante a semana, tenho contato com os colegas de trabalho e eventualmente algum programa depois do expediente. Domingo é o dia que já to pensando na segunda e, ao contrário do normal, não tem sido um dia ruim. Mas o sábado, esse sim, parece ser o dia onde a minha solidão fica mais evidente.

Nas últimas semanas estava em contato com a moça que conheci via internet, e saímos em dois sábados. Então, esses sábados eram na expectativa de encontrá-la e foram bons. Mas com o término desses contatos devido a "falta de química", voltei ao meu estado normal de estar comigo mesmo e nada mais nos sábados.

Tenho um monte de coisa pra fazer, coisas que vão me dar tranquilidade profissional daqui a uns 3 meses, mas acabo gastando muito tempo pensando em como é ruim estar só, quando a cidade toda parece estar em algum programa. Não tenho para quem ligar, para quem escrever ou chamar para sair. Mais uma coisa para se pensar.

Comecei a ler um livro de um monge sobre os passos para a felicidade. Comecei a ter contato com os ensinamentos de Buda na semana passada e a expectativa é que eu consiga encontrar as respostas sobre tudo o que me aflige, e assim encontrar um caminho para paz.

Meu racional me diz que não posso ficar colocando nos outros a responsabilidade de preencher os vazios que tenho dentro de mim. Isso, racionalmente falando, é muitíssimo claro para mim. Mas entre saber e sentir existe uma distância tão grande...

Espero que essa fase de aprendizado sobre mim mesmo me ajude a encurtar essa distância. Enquanto isso, vou passando mais um sábado completamente só e com muita dificuldade de estar comigo mesmo. Tomara que passe logo..

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Mais uma rejeição

Eis que a moça com quem estava saindo me veio com a clássica: "faltou química". Fiquei triste porque estava realmente interessado nela e achei que poderíamos ter uma coisa boa. Mas não existe obrigação e nem "contratos" que determinem que a outra pessoa deve gostar de vc tb, Ainda bem.

Vou sentir falta dos emails dela e principalmente dos ótimos papos. Mas, como escrevi num site, se colocamos nos outros a responsabilidade por nos dar aquilo que é nossa responsabilidade, chega a ser injusto e cruel com a outra pessoa. Não estou dizendo nada de novo mas eu consigo enxergar isso claramente, depois de um fim de semana de meditação guiada.

Tenho tanta coisa para olhar e descobrir em mim que acabo levando essas coisas para toda relação que tenho. Estava percebendo isso na relação com a tal moça, quando esperava ansioso por uma resposta de email dela ou porque sofria porque ela demorava para me responder.

Tenho muito para acertar em mim mesmo. Não que eu defenda que as pessoas tem que arrumar tudo antes de estar com alguém, até porque isso pode levar uma vida inteira. Mas, no meu caso, eu preciso me concentrar em mim até para ser uma companhia melhor para mim mesmo. E isso vai acabar refletindo em todas as relações que eu venha a ter, seja de amizade ou namoro.

Estou chateado, claro. Mas ciente e esperançoso de que se eu cuidar de mim da maneira que tem que ser, futuros "foras" não farão tanto estrago como o de hoje.

Move on!

sábado, 14 de maio de 2016

Por que eu não dou o próximo passo?

Por diversas vezes me inscrevi em sites de relacionamentos, dada a minha incapacidade de me aproximar de mulheres pelos meios "normais". Conheci a minha última namorada, inclusive, em um desses sites. Enfim, quando a solidão começou a bater mais forte aqui onde estou, lá fui eu me cadastrar nesses sites novamente.

Há cerca de um mês e meio, uma moça demonstrou interesse em mim. Embora ela não me atraísse de início, fiquei interessado em conversar com ela depois que li seu perfil.

Conversamos pelo site e depois por email durante uma duas ou três semanas e achei a moça bem interessante. Combinamos de nos encontrar e nosso primeiro encontro foi incrível. Não no sentido de ter rolado algo físico mas a afinidade parecia tão grande que passamos mais de 6 hs juntos, em três locais diferentes.

Ela é uma mulher com várias coisas que eu admiro nas pessoas e o jeito dela me deixou muito interessado. O detalhe é que ela parece ser como eu, sobre ter dificuldades em dar os próximos passos em relacionamentos, o que é ruim porque dois lentos juntos fica um pouco difícil.  Mas mesmo assim, fiquei muito interessado e quis sair com ela outras vezes e minha mente já viajava, querendo algo mais do que os nossos ótimos papos.

Saímos mais duas vezes, sendo a terceira ontem. Foi bastante agradável e ela estava muito mais atraente do que nas outras vezes. Mas como ela vai entrar de férias na próxima semana, minha cabeça ficou o tempo todo em que não irei vê-la. E eu ficava me perguntando o tempo todo se o interesse dela era só a amizade ou se tinha algo a mais. Tinha momentos que achava uma coisa e outros que achava outra.

E eu sou uma lástima para dar os próximos passos, para sair de uma conversa sobre um assunto qualquer e falar/fazer alguma coisa, em termos de relacionamento. A noite passou, ofereci para acompanhá-la até sua casa e ela aceitou. E fomos caminhando normalmente e eu pensando se deveria tentar alguma coisa (eu queria) ou se era melhor não, já que ela não pareceu muito animada com a minha sugestão de nos vermos essa semana (última antes das férias dela).

Enfim, nos despedimos e eu vim para casa triste. Triste pq não tinha dado o próximo passo para ao menos saber se é algo além da amizade. Triste porque provavelmente ficarei umas 3 semanas sem vê-la e com receio de que as coisas esfriem. Triste pq imaginei ela decepcionada pq talvez esperasse mais de mim. E principalmente triste por ser quem eu sou.

Sabe, quando soube mais sobre ela, pensei logo: "não mereço alguém como ela". Pq ela é realmente incrível, com aspectos que eu realmente admiro nas pessoas. Mas não me senti a altura de alguém como ela, por n motivos (pela primeira vez, nenhum deles era relacionado a aspectos físicos).

E estou triste, sem saber se digo o que estou sentindo por email mesmo, se mantenho o contato com ela e espero ela voltar para falar essas coisas pessoalmente. Ou se simplesmente deixo a vida seguir, entendendo que não mereço alguém tão bacana quanto ela.

Eu queria ser diferente em tanta coisa. Queria ter a facilidade para dizer o que sinto sem ter medo de ouvir um não. Queria não sentir saudade antecipada das pessoas. Queria não me sentir um lixo quando me comparo com outras pessoas. Queria estar feliz e ter a vida que muitas pessoas tem.

Se não nos falarmos mais, ela vai ser uma lembrança ótima para mim. Mas me sinto mal porque não posso ter uma pessoa tão bacana quanto ela na minha vida? O que eu faço de tão errado que a vida nunca me proporciona chances de me relacionar com pessoas assim? O que eu faço de errado que a pessoa confiante em tantas áreas simplesmente desaparece quando o assunto é relacionamentos?

Queria ser diferente. Queria acordar e me sentir uma outra pessoa, que as pessoas admirassem e que pessoas como ela sentisse vontade de estar comigo.

No fundo sei lá, se tudo isso é coisa da minha mente doente e a mulher apenas tem dificuldade de dar os próximos passos como eu. Não sei.. Os sinais que ela transmite me passam duas coisas opostas e sofro como essa indefinição.

Mas só sei que queria ser agraciado por poder me relacionar com alguém como ela. Não que seja perfeita, mas que parece ser exatamente a pessoa que andava procurando.

Minha cabeça dói, estou ansioso e triste ao mesmo tempo. Só queria que tudo isso passasse e eu parasse de ser tão doente e encontrasse a verdadeira felicidade.