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domingo, 10 de novembro de 2019

Sobre planos

Aproveitando o assunto da postagem anterior e o comentário do amigo Skull, tenho pensado muito nos planos que tive, nos que eu não tenho agora e no que eu deveria pensar para o futuro. Sinceramente, acho que tenho perdido tempo com muita coisa mas que, bem ou mal, me fazem esquecer um pouco da minha vida. E aí levo um bom tempo lendo matérias, vendo lives, ouvindo músicas e por aí vai.

Não que não sejam coisas boas de fazer, mas isso tem ocupado tempo demais dos meus dias ultimamente. Enquanto escrevo, penso que esse exagero pode ser uma fuga do que eu tenho realmente que pensar: o futuro.

Mas, quando penso no futuro, é impossível não pensar no passado, nas várias coisas que não cumpri e no quanto falhei. Dizem que mais difícil do que perdoar os outros é perdoar a si mesmo. Talvez seja, porque eu acabo guardando muito mais mágoa de mim do que de outras pessoas que me causaram algum tipo de chateação.

Estava pensando esses dias, enquanto preparava uma apresentação para a faculdade, no quanto faltou humildade para mim em muitas coisas e isso certamente foi a causa de muitos fracassos meus.

Na época de escola, sempre estive entre os melhores da classe, geralmente era o melhor. E lembro que eu tinha uma certa motivação nisso, em tentar tirar sempre a maior nota entre todos. Quanta bobagem... Claro que isso me motivou a sempre estudar mais, mas competir com outros nunca pode o objetivo primordial no processo de aprendizagem.

Aí, quando entrei na faculdade que era a melhor no meu curso, tive o choque de realidade. Eu, que era um dos melhores na escola, passei toda a minha graduação entre os piores. E aí, já que não era mais destaque naquilo que cresci sendo, fui me envolver com outras atividades estudantis. Até fui bem conhecido naquela época, mas de novo meu foco era buscar confete e não fazer coisas legais. E me envolvi tanto com essas atividades que demorei muito a me formar, porque acaba me dedicando menos aos estudos.

Antes de me formar, abri uma empresa. E com ela fiquei um pouco mais de 10 anos, de novo com objetivo de ser destaque. Até por conta disso, pegava muito mais trabalho do que poderia fazer, buscava coisas que me rendiam mais mídia do que dinheiro e por aí vai. De novo, a vaidade me jogou no buraco, porque eu não aceitava que estava perdendo e não fechava logo a empresa. Não admitia que tinha fracassado, porque ainda achava que poderia conseguir cumprir o plano que tinha de construir uma empresa que todos quisessem trabalhar e que fosse diferente das outras.

Conheci alguns que estava na mesma luta que eu. Dois esses, inclusive, construíram empresas que passaram de 1 bi de valor de mercado, sem exagero. O eu de antigamente até ficaria com inveja ou tentaria desmerecer a conquista desses. O eu de agora acha muito legal ver que conhecidos meus conquistaram algo que muitos de nós sonhávamos há 15 anos atrás. E vejo muitas qualidades neles, essenciais para isso, que não vejo em mim.

Hoje não tenho mais essa ambição de ter uma empresa estilo Google. Mas, mais do que ter ou não ter ambição, a realidade me mostra que não tenho a competência que esses conhecidos têm e que os levaram onde estão hoje. Não me sinto para baixo vendo o sucesso deles, me sinto pra baixo porque eu tentei ser eles, sem me dar conta da realidade e de quem eu sou de verdade.

E voltando para a parte intelectual, acho que nem nisso tive sucesso. Eu, na minha imensa arrogância, me achava mais inteligente que todos e que esse plano das pessoas de "ter um bom emprego" era pequeno demais para mim, como se eu estivesse destinado a coisas maiores. E aí invisto numa carreira acadêmica, agora como doutorando. E, de novo, a vida de pesquisador te coloca várias tentações que mexem com a sua vaidade. Confesso que ainda me pego agindo mais de acordo com a minha vaidade do que com objetivos mais concretos, de coisas que realmente façam a diferença na minha vida.

E os sentimentos de fracasso aparecem de novo, o tempo vai passando e estou ficando com menos possibilidades e energia para novas empreitadas. Talvez eu devesse aceitar que não nasci para ser a estrela que algumas pessoas que conheço são e ser feliz com o que eu tenho de verdade. Muita gente parece viver muito bem com a vida que eu sempre desprezei e talvez eu pudesse ser feliz assim também.

sábado, 2 de novembro de 2019

Pra que?

Estava vendo um vídeo no YouTube sobre a crise da meia idade e coloquei um comentário que reflete bem o que ando sentindo. Perguntava "Pra que?" e comentava que não via mais sentido em nada porque tinha o sentimento que estava tudo acabado.

Passei dos 40 e pode parecer um absurdo falar isso, já que muita gente que fala do assunto diz que essa fase da vida é quando podemos realizar as coisas que não poderíamos antes. Além do mais, vejo vários exemplos próximos de pessoas mais velhas do que eu, com vários planos e iniciativas, com uma energia que eu queria ter.

Mas o fato é que estou sem essa energia que eu tinha há 20 anos atrás. Ando desmotivado a maior parte das vezes e me questionando qual o sentido de tudo o que tenho feito hoje. Sim, estou envolvido em várias coisas ao mesmo tempo, com iniciativas que parecem coisas boas tanto para mim quanto para outras pessoas. No entanto, existem momentos que olho e penso: "Pra que?".

Além disso, tem vindo com alguma frequência o sentimento de que fracassei em tudo que planejei para mim quanto tinha meus vinte anos. Não tenho a tranquilidade financeira que achei que teria, moro de aluguel, não tenho uma família (me refiro a esposa e filhos) e por aí vai. Esses fatos têm batido a minha porta toda semana e o sentimento fica pior quando me sinto sem perspectiva de mudança, aquele sentimento de que daqui a 20 anos continuarei com problemas financeiros, sozinho e morando de aluguel.

Sei que o poder para mudar tudo isso está todo na minha mão. Isso para mim é absolutamente claro. Mas me sinto sem forças e me questionando: "Pra que?".