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sexta-feira, 12 de julho de 2019

A vida depois dos 65 anos

Alguns acontecimentos parecem que aumentaram minhas reflexões sobre o que foi a minha vida e o que vem pela frente. Ando pensando demais nisso e confesso que essas reflexões tem me causado mais incômodo do que algum tipo de satisfação.

Recentemente completei 41 anos, embora ainda me sinta como aquele estudante que saiu da casa da mãe aos 19 anos.  Acho que a cada aniversário ando mais melancólico do que antes. No entanto, tanto esse ano quanto o ano passado tive um pequeno sentimento de alívio em saber que consegui mais um ano e passei dos 40, ao contrário do que me disseram anos atrás.

O outro acontecimento é que um problema bateu na minha porta: recebi uma carta da Receita Federal listando as dívidas da minha empresa e informando que elas passariam para o meu nome. Até aí, nada que não esperasse ou não soubesse. As dívidas da minha empresa são reflexo de tanta coisa errada que eu fiz, principalmente porque fui teimoso e não aceitando que deveria ter parado, aceitando a derrota. Meu orgulho me colocou com esse enorme passivo. Eu nunca tinha um número exato mas a tal carta me mostrou: em torno de 66 mil reais, sem contar os débitos com impostos municipais (mais uns 10 mil).

Por fim, a famigerada Reforma da Previdência. Desconsidero aqui a minha opinião sobre esse assunto e o que ela vai causar na vida dos mais pobres, porque o foco aqui é falar sobre mim. A reforma me estimulou a pensar como será minha vida quando eu estiver na terceira idade. E os números me deixaram muito deprimido. Só tenho 12 anos de contribuição por absoluta desorganização minha. Fazendo as contas simples, se eu contribuir por mais 3 anos, atingirei um pré-requisito para me aposentar por idade, aos 65 anos. Só que isso não me tranquiliza porque, nessas condições, o que eu receberia de aposentadoria não pagaria nem um aluguel. Ou seja, se eu não fizer nada, morrerei de fome quando for idoso.

Então, olhando como deverá ser a minha vida daqui para frente, tenho duas "motivações" principais: pagar minhas dívidas e juntar dinheiro para ter um final de vida sem passar fome. Em certos momentos me bate um desespero em sentir que estarei sozinho, sem mãe, sem casa e sem dinheiro para necessidades básicas que qualquer idoso tem.

Sei que parece muita ingratidão da minha parte, porque sei que tem muita gente em situação muito pior do que a minha. Mas não consigo deixar de me sentir mal, porque parece que a única perspectiva que vejo para mim é pagar pelos erros do passado e lutar pela sobrevivência depois dos 65 anos. Isso, perto de tudo o que sonhei para mim, é tão pouco e tão diferente do que imaginei...

Tenho vários desejos de contribuir para um mundo melhor através da minha pesquisa. Mas cada vez parece mais difícil trabalhar por esse propósito, porque tenho que pagar pelos meus erros e trabalhar para juntar dinheiro e não viver em condição miserável depois dos 65. Sei que não deixa de ser uma motivação mas...