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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Como (não) funciona a cabeça do ansioso

Há pouco mais de um ano perdi um tio com uma doença (acho que foi meningite). Foi uma perda mas como nunca fomos próximos não foi uma coisa que senti muito.

No final do ano passado visitei vários familiares em São Paulo (inclusive os filhos dele) e numa dessas visitas me descreveram como foram as últimas horas dele. Falaram que ele ficou sem respirar, com a garganta trancada, entre outras coisas.

Além do choque pelo cenário descrito, essa história causou outro efeito em mim: toda vez que tenho qualquer coisa na garganta, já acho que estou tendo a mesma coisa que ele teve. E aí me vem os pensamentos de morte, etc.

Esse ano, como tenho trabalhado em um lugar com ar condicionado, não tem sido incomum eu ter algum tipo de incômodo na garganta. E quando a garganta, como agora há pouco, fica irritada, eu começo a tossir e achando que estou morrendo.

Estou com medo agora e já tomei meu rivotril (fazia uns dias q não tomava e estava feliz com isso). Pode ter sido qualquer coisa mas esses pensamentos de morte não saem da minha cabeça (além da garganta não passar).

Acho que o ansioso acaba sendo muito influenciável por más notícias e acha que tudo vai acontecer com ele. Vim aqui correndo escrever porque tem sido meu refúgio, onde tento organizar meus pensamentos e me convencer que o que estou sentindo não é nada demais e que não há motivo pra pânico.

Mas é tão duro. Essas coisas não me deixam mesmo eu tendo um dia difícil e podendo relaxar finalmente que chegou fim de semana. Espero ficar bem logo....

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ansiedade que não me deixa em paz

Nesses últimos 5 anos, acho que o único ano que tive relativa tranquilidade em relação a ansiedade foi em 2012. E foi um ano bem difícil, com 3 mudanças de casa, quase sem dinheiro, etc. Talvez foi o momento nesse tempo todo que a ansiedade não deu muito as caras.

Ano passado tive algumas crises e esse ano tenho tido mais crises ainda. O que não entra na minha cabeça é porque isso vem acontecendo com tanta frequência. Tenho tido uma vida organizada, com emprego, ganhando em dia, realizando um sonho que era voltar pra vida acadêmica e as coisas prometem muito em termos de carreira.

Me dou bem com as pessoas do meu trabalho e acho até q isso me faz bem, pois o pessoal é muito divertido. Na vida acadêmica, perspectivas de grandes trabalhos e de um futuro promissor como pesquisador.

Ainda tenho dívidas imensas, mas elas estão sendo pagas. Analisando friamente, as coisas estão melhorando para mim.

Mas por que raios estou com muito mais crises de ansiedade que nos últimos anos, quase se comparando a 2009/2010?

Não tenha tido momentos diversão mas isso não é tão diferente dos últimos anos. Ando com a agenda bem apertada, é verdade. Mas é com coisas que são boas. Trabalho não é o trabalho dos sonhos mas me dá uma coisa que nunca tive desde que comecei a trabalhar: estabilidade financeira.

Me sinto só, na verdade, sem ninguém para contar minhas amarguras ou desabafar nesses momentos em que acontecem essas coisas. Hoje, por exemplo, durante a reunião com o orientador, comecei a ficar extremamente agitado e achando que ia ter uma coisa a qualquer momento. No meio da rua, a caminho de casa, tomei 10 gotas de rivotril. Apesar de estar menos agitado do que antes, ainda não estou "normal".

Será que é "só" a pressão de várias entregas de trabalho, cumprimento de horários e obrigações financeiras que me deixam assim? Será que a vida com múltiplas obrigações é uma vida que não serve para mim?

Acho que vou ter mesmo que voltar a terapia em novembro e ir mais devagar com a quitação das dívidas. Só queria que isso fosse resolvido logo e essa porcaria da ansiedade me deixasse ter uma vida normal, sem semanas com medo ou dependendo de remédios para ficar calmo. Sem pensamentos que vou ter um treco a cada momento. Por que isso se isso não estabilizar, logo não terei emprego ou vida acadêmica e estarei parado no tempo de novo, como estive nesses anos.

Ansiedade: me deixa em paz, só até eu arrumar minha vida, pelo menos!



sábado, 18 de outubro de 2014

Tá na hora, hein?

Em conversa com um colega de trabalho essa semana, quando me perguntou se eu tinha filhos, disse-me, ao saber que não tenho: "Tá na hora, hein?". Pois é, a maior parte das pessoas que conheço que tem a minha idade já tem filhos e são casados de bom tempo já.

Anos atrás, quando meu primeiro namoro chegou num ponto mais "sério", falávamos de planos de casamento e filhos. Já morávamos juntos e olhávamos o futuro. Se me lembro bem, 2007 era o ano que teríamos o primeiro. Acho que muito disso vinha do meu desejo grande de ser pai. Quando estava com essa moça, achava que iríamos casar e eu teria uma família, nos padrões tradicionais.

Dez anos depois do término, outras pessoas apareceram e saíram da minha vida. Em boa parte desses anos, esteve aquela que nunca consigo esquecer, com a qual eu também sonhava em ter família. Ela desapareceu (menos do meu coração) e apareceu uma outra que, apesar do pouco tempo juntos, tínhamos lá nossos momentos de "viagem" sobre família.

O que acontece é que minha vontade grande de ser pai arrefeceu. Não me vejo mais sendo pai, levando criança à escola, vendo filho sair de casa, essas coisas. Falando só de mim, apesar de gostar muito de criança, não tenho mais essas visões de ser pai. Não sei se um dia serei mas lamento, ao ver minha mãe envelhecendo, que possivelmente não darei a ela a alegria de ser vó.

Com a vida que levo hoje não me vejo nem namorando quanto mais tendo família, com esposa, filhos, casa, cachorro, etc. Não sei se um dia essa vontade irá voltar e se voltar, espero que não seja tarde demais.

Quando mais novo, me via tendo uma carreira profissional, família, casa, carro, essas coisas que meio que parecem um padrão de "vida arrumada". Hoje, com dívidas monstruosas, dormindo em uma cama quebrada, sem amigos para quem eu possa chamar pra sair no fim de semana e com as pessoas a minha volta envelhecendo, parece que estou apenas fazendo o tempo passar, convivendo com meus transtornos e pensamentos como os que escrevo aqui.

As dívidas estão diminuindo, claro. Talvez antes dos 40 eu já não deva a mais ninguém, se continuar nesse ritmo. Possivelmente, se minha ansiedade não estragar tudo, eu tenha uma carreira acadêmica sólida. São coisas boas, claro. São parte dos sonhos que tinha quando era mais novo, certamente não com o mesmo formato.

Comparando como andei perdido nos últimos 4 ou 5 anos, certamente as coisas estão melhores. Olhando de fora. Mas, intimamente, não consigo me sentir feliz. Talvez esteja apenas passando o tempo, até que chegue a minha hora de partir desse mundo.

Eu tenho consciência de como esses pensamentos são perigosos. Mas não consigo desligá-los. Estão simplesmente aí e vem para me assombrar nos momentos que estou mais só.

Fico olhando lá para o tempo que morava com a ex e fazíamos planos para o futuro. Por que tanta coisa deu errada de lá para cá? Como eu consegui destruir tanto a minha vida e a mim mesmo?

Tenho muito medo do futuro, muito mesmo. Como minha ex-terapeuta perguntava, do que eu tenho medo quando não tiver mais problemas a resolver, como a dívida grande e as pendências profissionais? Acho que tenho medo de não ter mais motivação para sair da cama.



quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Rivotril ganhou de novo

Por conta dos vários compromissos assumidos e das coisas que tenho que pensar/cuidar/resolver estou cada vez mais cansado e irritado. Tenho perdido a paciência com facilidade, sair da cama tem sido bem difícil e no trabalho não tenho produzido tanto quanto posso.

Hoje estava indo embora pra casa e comentando com um colega o quanto eu estava desgostoso com tudo e ele disse: "é verdade e isso não é de hoje". Despedimo-nos e ao me dirigir ao ponto de ônibus comecei a sentir umas dores que sinto bem de vez em quando (desde antes dos 18) na região anal. É uma dor q incomoda muito na hora mas sempre passa depois de uns minutos.

Mas de repente comecei a sentir (ou achar) minha pressão baixando e senti que ia desmaiar a qualquer momento. Fui a uma loja do Mundo Verde e comprei coisas energéticas, porque estava realmente achando que ia desmaiar (era noite e só estava com o almoço no estômago). Enfim, sentei num banco, comi o que tinha comprado e esperei normalizar as coisas.

Depois peguei as conduções para casa mas ainda estou ansioso. Eu penso que ansiedade e suas crises não são causadas por um fato isolado mas sim um acúmulo de coisas. No meu caso, além das várias tarefas, de estar dormindo pouco, ainda tem a falta de vida. Sim, não tenho feito nada que não seja trabalhar e estudar.

Como falei em posts anteriores, graças ao acordo que fiz para me livrar de um problema grande, estou sem dinheiro até dezembro. Então me divertir como? Não sei.. mas preciso achar uma forma porque a coisa está piorando.

Essa semana uma ex-namorada me escreveu dizendo que estava indo viajar para a Califórnia e passar uns meses lá. Ela foi a última pessoa que namorei e, apesar de não estarmos mais juntos tem 4 anos, nos falamos de vez em quando.

A gente tem uma afinidade muito grande mas não sei se tentaríamos algo. Uma porque acho que ela não quer, já que moramos perto agora e apesar das minhas indiretas sugerindo tomar um café, ela nunca disse sim (e nem não). E outra pq nem sei se posso me envolver de novo. Digo, seria tão bom namorar de novo.. especialmente ela, que reúne quase tudo que me atrai numa pessoa. Mas minha vida anda tão zoneada que acho que seria como foi da outra vez: meus problemas afetando nosso dia a dia de namorados.

Nesses dias que ando tão cansado e aborrecido com várias coisas, ter alguém para conversar e ter carinhos seria tudo que me tranquilizaria agora.

Mas, como tb já falei em outro post, que mulher vai querer se envolver com um cara que deve mais de 10x o que ganha (bruto), com crises de ansiedade o tempo todo, com agenda super complicada porque estou investindo na minha carreira acadêmica. Eu sou uma pessoa legal e até tenho meu charme. Mas a minha carga parece tão pesada pra mim mesmo que, lendo as declarações de mulheres nesses sites de relacionamentos, as mulheres irão querer distância de mim...

Fico pensando que não sei se superei o término com essa última. Talvez pelo fato de que ela sabia de tudo da minha vida e mesmo assim esteve comigo um ótimo tempo. Mas agora ela está lá, curtindo o sonho dela de passar um tempo fora.

E eu estou às voltas com meus problemas de ansiedade, contas, tarefas infinitas, família e tempo cada vez de menos.

A dívida está diminuindo e tenho alguma interação social, graças ao trabalho e ao mestrado Mas tenho me sentido até pior do que antes que nesses momentos de crise tenho vontade de parar tudo.

Por enquanto, vou me render a umas gotas do rivotril para essa agitação passar logo.


















sábado, 4 de outubro de 2014

Batalha perdida

Apesar de precisar muito, tive mesmo que parar com a terapia. Devido ao acordo financeiro que fiz com um dos credores, estou sem dinheiro até dezembro. Ou seja, tudo que receber, será para pagar as contas básicas e eliminar essa dívida. Ao menos estarei livre dessa em dezembro.

Esses dias recebi um mail do trabalho perguntando sobre planejamento de férias com relação a datas. Isso me lembrou o fato de que minhas férias não terão nada de especial, quero dizer, irei para a casa da minha mãe. Não que isso seja ruim (e não é) mas fico comparando com todas as pessoas que vi tirar férias nesses tempos e fizeram viagens super legais.

Eu não terei dinheiro para fazer isso e provavelmente estarei pagando outro acordo. É positivo tudo isso? Claro, com certeza. Ao final desse período nesse empresa, terei quitado boa parte das minhas dividas. Infelizmente não todas.

O meu receio, como disse outro dia, é não aguentar até lá. Estava conversando com minha irmã ontem. Não é normal não ter diversão, não ter prazer em nenhum momento da semana. Vendo seu dinheiro ir embora no mesmo dia que chega, dificuldades no transporte até o trabalho, chateações e tarefas múltiplas e nenhum momento para eu curtir, fazer algo diferente.

Acho que a partir de dezembro estarei bem menos ocupado. Terei ainda uma grande obrigação mas sem os compromissos e entregas semanais que tenho hoje, que me ocupam imensamente. Continuarei não tendo dinheiro mas acho que terei mais tempo. Preciso pensar numa maneira de me divertir, ter uma válvula de escape, sem que isso implique em gastos.

Pelo menos meu problema doméstico parece resolvido. Depois de longa conversa, onde ambos desabafamos, acho que chegamos a um acordo com relação às coisas daqui.

Essa conversa foi motivada porque estourei com essa pessoa um dia antes. Fiquei bravo com uma coisa que ouvi mas nada justificava minha reação grosseira. Pedi desculpas a ela. No mesmo dia no trabalho, eu também tinha perdido a calma, em outra situação que não precisava tanto.

Ando muito impaciente com tudo, aborrecido, me irritando com qualquer idiotice que vejo. E como estou cercado disso, seja no trabalho, nas redes sociais, na rua...Mas o fato é que os idiotas não vão deixar de ser idiotas e não estão nem aí se a imbecilidade humana me incomoda. Sou eu quem tem que lidar com isso da melhor maneira e não deixar essas coisas me afetarem.

Relatei tempos atrás que uma amiga atribuía a falta de sexo as minhas irritações. Bom, em maio eu fiz e isso não adiantou muita coisa. Quer dizer, no dia seguinte eu até estava me sentindo relaxado mas meses depois vejo que não é a falta de sexo que vai aliviar as coisas.

Talvez se praticar com mais frequência mas aí recaio no problema de não conseguir me aproximar de mulher e muito menos ter dinheiro para ir aos lugares onde se conhece mulher. Como disse um colega de república anos atrás, fulana não vai bater na minha porta.

Acho que com o fim das aulas as coisas estarão menos corridas e espero ter mais tranquilidade e tempo para pensar em mim. Hoje, por exemplo, estou pensando em algumas atividades que preciso fazer para essa semana que mal comecei, porque dormi muito nesse sábado e fiquei fazendo outras coisas. Sim, faltou foco. Fiz atividades interessantes, que vão me render frutos lá na frente, mas o momento talvez não tenha sido o melhor.

E como sinto falta de ter alguém para conversar. De namorada mesmo. Alguém que além de carinhos, possa escutar o tanto que tenho a falar e também possa preencher minha cabeça com o que tenha a falar, porque eu sempre gostei muito mais de ouvir do que falar.

Sinto falta de alguém para ligar só pra ter o prazer de ouvir a voz, de dar boa noite, de dormir junto, de fazer planos para o fim de semana, etc. Se isso iria resolver minhas crises de ansiedade? Acho que não, mas seria bem melhor do que recorrer ao rivotril, como fiz há pouco e foi a razão do título desse post.