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domingo, 17 de abril de 2016

Quando o desânimo bate

Lembro que cerca de 20 anos atrás, quando estudava para o vestibular, eu era uma pessoa completamente diferente do que sou. Seria algo óbvio, se eu estivesse falando de evolução. Mas, e cada vez mais percebo isso, aconteceu o contrário comigo. Regredi em tantas coisas...

Três anos antes de fazer vestibular pela primeira vez, eu já sabia em qual universidade queria estudar. Minha escolha se deu pela qualidade reconhecida dos seus cursos e pelas possibilidades para alguém como eu, sem dinheiro para viver longe da casa da família, pudesse estudar. Não sei se a universidade tem os mesmos programas para estudantes de baixa renda, mas o fato é que eu poderia estudar lá com as bolsas de apoio à moradia e alimentação. E esse fato, mais até do que a fama de lá, foi o que me fez querer ir para esta universidade.

Então, mesmo com minha formação deficiente, estudei muito, principalmente no último ano. Mas não foi suficiente para entrar onde eu queria. Me aconselharam a tentar para outras, mas meu objetivo era ir para lá. E voltei para cidade da família (morava com parentes no último ano, para estar "mais perto das coisas") e continuei a estudar, dessa vez com um planejamento melhor. Como precisava bancar os gastos com viagens para provas, inscrições, etc, trabalhei por uns 7 ou 8 meses em um escritório da cidade. E, no final do ano, fui tentar de novo. E não passei.

Mesmo com mais opiniões contrárias, para prestar para uma "mais fácil", não abandonei meu objetivo. E dessa vez, tinha o plano de estudos e trabalho (para pagar os custos) todo traçado. Aliás, quando fui ver o resultado dessa segunda reprovação, passados os 10 minutos de tristeza, eu já comecei a pensar o que ia fazer no dia seguinte.

Quando prestei pela terceira vez, saíram quase juntos os resultados dessa universidade e de outra, igualmente conhecida por sua excelência (tinha prestado nela também nos dois anos anteriores). Embora tenha prestado em duas, eu imaginava minha vida apenas nessa que eu queria de verdade.

Enfim, na que eu menos queria passei numa minha segunda opção de curso, que apenas coloquei por colocar, já que desde meus 12 anos eu sabia com o que queria trabalhar. E na que eu queria de verdade, eu fiquei na lista de espera, não tão perto dos primeiros lugares.

Com a pressão familiar (afinal, ao menos tinha passado em algo) fui fazer matrícula na outra, cuja data era antes da que eu queria mesmo. E, chegando lá, na mesa com os documentos, perguntei se eu desistisse da vaga, ainda concorreria a vaga de primeira opção. Não lembro a resposta mas o que me passou naquele momento foi que muitos que passaram nessa teriam passado também na que eu queria. E como a que eu queria ficava no interior e a outra na capital, minha lógica me disse que as pessoas da capital naturalmente escolheriam a da capital, liberando vagas para os da lista de espera.

E então desisti dessa vaga nessa universidade. Quando contei aos parentes, todo mundo reclamou muito, pois eu tinha conseguido passar numa "universidade de ponta". Mas não era no curso que eu queria e nem era a minha primeira opção. E estava certo que conseguiria a vaga no dia da matrícula onde eu queria. Nessa, os aprovados se matriculavam de manhã e os da lista de espera que declararam interesse (também pela manhã) em concorrer aproveitariam as vagas remanescentes. E então fui para uma cidade que já conhecia de tanto ler mas que nunca estivera antes.

Resumindo a longa história, aconteceu o que eu previa e eu entrei na universidade e no curso que sempre quis. Se eu faria tudo de novo? Certamente. Não penso como teria sido a minha vida se eu seguisse os conselhos dos outros e renegasse a minha verdadeira vontade.

Essa longa história mostra como eu era há vinte anos atrás. Determinado, que nunca desistia e que lutava todo dia, mesmo quando os outros diziam para eu seguir o "caminho menos difícil".

Hoje eu olho para mim, com tantas coisas para terminar e fazer, e não vejo mais essa pessoa. Eu tenho olhado muito mais o longo caminho a percorrer do que a minha vida, quando me livrar de tudo o que me tira o sono. E quando penso no caminho, me bate um desânimo tão grande que não consigo fazer nada. Fico parado, procrastinando e arrumando outras coisas fora do foco que deveria ter.

Tem momentos que eu acho que minha bateria está acabando, que nunca vou terminar essas pendências que eu mesmo criei. Aliás, não sei porque tenho essa capacidade, de me meter em coisas que nunca termino ou que demoro imensamente a terminar. E, diferente da época do vestibular, eu só olho o quão longe é o caminho e penso que deveria ficar no "caminho menos difícil", que não tenho mais a energia que tinha para lutar dos meus 17-19 anos.

Tenho muito a fazer e tenho empurrado com a barriga, até que eu esgote a paciência de mais algumas pessoas e tenha prejuízos/processos de novo. Basta eu sentar e trabalhar, certo? Mas não estou conseguindo e tenho pedido forças para seguir em frente, para parar de ficar andando de lado e conquistar o que é meu, como fiz na época do vestibular.


sábado, 9 de abril de 2016

Vencendo o medo

Minha vida é repleta de medos e preocupações. Em todos os aspectos. Durmo e acordo preocupado e com medo de qualquer coisa. E isso me paralisa a todo tempo, me fazendo perder muitas coisas. Muitas vezes penso que esses pedo me impedem de viver a vida. Não me aproximo de uma moça porque tenho medo do não, tem horas que não consigo fazer as coisas porque me sentindo ansioso e tenho medo de passar mal e morrer, medo de perder as pessoas que amo, entre tantas coisas.

Uma dessas é meu medo de voar. Muitas pessoas não entendem como eu, sendo de uma área de exatas, consigo ter medo do transporte mais seguro do mundo. Mas não é uma questão lógica e não se trata de 0 e 1. Como queria que fosse mas não funciona assim.

Já voei mais de uma dezena de vezes, na maioria das vezes por causa de trabalho. E sempre é complicado para mim. Não consigo relaxar totalmente e nem dormir, mesmo já tendo virado noite para pegar um vôo. Em algumas vezes, até consegui ter alguns momentos de calma e observar o visual lindo de cima. Mas sempre com um olho em todo movimento do avião, sinais, etc.

Por duas vezes namorei moças de outros estados e isso me fez voar bastante. Acho que pela frequência, acho que foi a época que cheguei mais perto de algo parecido com relaxamento.

Com a vinda a ansiedade, voar se tornar algo mais difícil ainda. Já perdi muito dinheiro de vôos que desisti simplesmente por medo. Por duas vezes, deixei de fazer uma viagem para um dos destinos que mais quero conhecer na vida por causa do medo de voar. E cancelar vôos em cima da hora sempre tem um custo muito alto.

Mas mais do perder dinheiro, o medo de voar me faz perder grandes oportunidades de realizar coisas que gosto, como conhecer novas culturas ou até oportunidades de trabalho. Sem contar no tempo que gasto em ônibus em viagens que gastaria no máximo 15% se fosse de avião.

Pois bem, nessa semana fiz minha segunda viagem internacional. Viagem curta, aqui mesmo na América do Sul. Mas para mim a possibilidade de estar num avião, me traz todos os pensamentos ruins possíveis: que vai cair, que vou passar mal lá em cima, que algo de muito ruim vai ar de errado. E esses pensamentos me dominaram todos os dias antes da viagem, como em todas vezes que tive que voar.

Tentando me acalmar e relaxar, além do Rivotril, recorri a um vídeo que posto no final. Esse vídeo fala de como seria nossa vida se não tivéssemos medo. E, depois de passado o medo da subida do avião, comecei a pensar em tudo isso. De que estava indo para um lugar que nunca tinha ido, com possibilidades de interagir com pessoas de diversos países e estar outro país pela primeira vez sozinho. Da outra vez estive com colegas, então não tive tanta liberdade como gosto nas viagens.

Embora tenha ido dessa vez a trabalho, tive alguns momentos de entretenimento, na parte da noite, E a cada passo que dava lá, a sensação de descobertas e liberdade me fez pensar ainda mais em como o meu medo tem me impedido de viver, de fazer as coisas que gosto. E comecei a pensar que preciso de alguma forma praticar isso para curtir tudo que essa sensação de liberdade pode oferecer.

Enfim, consegui fazer a viagem, aproveitei cada minuto que pude e me senti livre. Preciso fazer dessa ocasião um ensinamento para todas as áreas da minha vida, de cada momento que deixo o medo me vencer e perco chances de sair da minha prisão e viver a vida.

Segue o vídeo: é uma reflexão mas acho que a mensagem é muito valiosa: