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terça-feira, 9 de abril de 2019

Insight

Estou para escrever esse post tem um bom tempo mas as semanas estão tão corridas que nunca sobra tempo. Mas, como escrever faz parte de uma tentativa de autoconhecimento e, por consequência, uma maneira de cuidar de mim, tenho que me esforçar para não deixar as reflexões apenas na minha mente sem organização.

Quando comecei a ter crises de ansiedade, por volta do final de 2009 e início de 2010, a primeira ação que eu tomava era buscar conversar com alguém, como se fosse um remédio. Parece que morria de medo de ficar comigo mesmo nessas horas e precisava distrair minha atenção com outras pessoas.

Nessas horas, e isso acontece ainda hoje, eu procurava alguém. Seja ligar para alguém conhecido, interagir via redes sociais e principalmente em salas de bate papo. Eu fiquei uns 3-4 anos entrando quase toda semana e fiz amigos que levo até hoje, com menos contato é verdade. Mas eram duas coisas que eu sempre fazia quando estava muito ansioso: beber muita água e buscar falar com alguém. Talvez esse blog também seja uma forma de interagir com alguém quando não estou bem.

Já falei disso nesse post aqui, mas tenho uma certa dificuldade em manter amizades ou relacionamentos. O que não deixa de ser interessante, visto que nos momentos de maior ansiedade a primeira coisa que faço é procurar alguém. E, embora tenha já falado disso em post anterior, o assunto parece que não sai da minha cabeça.

Nessas duas últimas semanas, dois fatos me chamaram a atenção. O primeiro é que resolvi excluir meu Facebook. Cheguei a conclusão que ninguém nunca me procura por lá mesmo (e nem eu procuro) que não faz sentido manter essa conta. Dias depois da exclusão, um amigo de faculdade me procurou por email. Mas, não acho que vá voltar para o Facebook, porque simplesmente não consigo lidar com tudo que leio lá.

Não falo apenas das divergências ideológicas ou parte da minha decepção em ver que pessoas que eram tão próximas a mim defendem coisas que eu abomino. Mas também tem o fato de ver que as pessoas têm sua vida (família, empregos, viagens, etc) e eu me sinto um completo fracasso. Talvez seja inveja, não sei. Fico feliz por elas, claro. Mas me sinto um lixo porque não consegui fazer o mesmo. E nessas horas, vem aqueles pensamentos do "onde foi que eu errei lá atrás?". Enfim, o Facebook estava se tornando tóxico demais para mim e precisava cortar isso.

O outro fato é que me sinto fora dos grupos que estou, como os grupos das atividades em que estou. Me sinto excluído mesmo que ninguém tenha dito nada nesse sentido. E aí, minha cabeça fica viajando, fantasiando que as pessoas me maltratando com palavras. Aconteceu isso de novo nessa segunda-feira. Voltei no ônibus imaginado que as pessoas estavam me achando um idiota, sendo que não falaram nada que sugerisse isso. E aí, de pensamento em pensamento, cheguei em casa me sentindo muito mal, acho que num estado depressivo.

Mas uma coisa eu tirei desses fatos, especialmente do segundo: me veio o insight que meus problemas com os outros são decorrentes de questões minhas mal resolvidas. Parece óbvio, eu sei. Mas não lembro de ter tido essa visão antes. E enxergar isso parece tão libertador, como se fosse uma nova esperança de tratamento. Isso me alegra, pois se o problema está só em mim, a chave para a cura está só comigo também.

Olhando todo o meu histórico, com a minha dificuldade de criar raízes, parece que isso teve muita influência em tudo que aconteceu comigo nos últimos 15 anos, pelo menos. Mudei de moradia quase 10 vezes (em 5 cidades) e fazendo amigos em todos esses lugares. Mas essas amizades só duram o tempo em que estou nesses lugares. Agora, de volta a cidade onde nasci pela terceira vez, estou tentando refazer contatos. A isso soma-se empregos diferentes e meios acadêmicos diferentes. Na minha entrevista para o doutorado, fui questionado disso. Acharam curioso o fato de que minha a graduação tinha sido na cidade X, especialização na cidade Y e mestrado na cidade Z. Não lembro a minha resposta, mas claramente há indicação que nem nisso criei vínculos.

E hoje, quando a solidão parece incomodar mais do que nunca, percebo que as questões que tenho precisam ser resolvidas. Pois por mais que a vida me traga pessoas novas e as antigas, as minhas questões sempre colocarão um ponto de partida nessas relações. E daí virá uma nova cidade, novos amigos, novos trabalhos e novas universidades.

Preciso refletir sobre isso para tentar entender que questões são essas e como resolvê-las. Como fazer? Psicoterapia seria bom mas talvez eu não consiga isso tão cedo. Bem, ainda bem que tenho esse blog.














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