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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Velhos hábitos, mesmos resultados

No post passado, em que eu falava da minha releitura de posts antigos, me dei conta também que continuei com os hábitos que contribuíram para meu estado de ansiedade. Além disso, mesmo sabendo de tanta coisa que poderia me fazer bem, não mudei tanta coisa nas minhas ações. Os resultados com os mesmos hábitos? Só pode ser a mesma coisa.

Em 2009-10, quando eclodiu a minha ansiedade pela primeira vez, percebi várias coisas que contribuíram para isso. Trabalhava sem parar, não cultivava minhas amizades, mal saía de casa, não fazia exercícios, mal dava atenção à minha família, comia mal e com exageros, ficava trancado em casa, etc. Digamos que essa foi a minha rotina por uns 3-4 anos.

Depois de tudo que já aprendi sobre transtornos mentais, em especial aos transtornos de ansiedade, é claro que esses hábitos contribuíram e muito para o meu estado doente. Acho que afirmar que são 100% da causa, seria inadequado. Mas tenho certeza que têm uma boa parcela de contribuição.

Olhando outros momentos bem ansiosos na minha vida, como em 2015 e agora, vejo que continuei a cometer os mesmos erros. A grande diferença é que, em relação a 2009/10, eu já sabia de muita coisa e tinha as ferramentas que poderiam me levar para o caminho da saúde. No entanto, ao continuar com os velhos hábitos, trilhei o caminho da doença.

Em relação ao segundo período, em 2015, eu trabalhava, fazia mestrado e mais um curso de especialização. Então, não sobrava tempo para qualquer interação social e com a natureza. Até tive uns meses fazendo exercícios e com namorada, mas depois voltei ao velho eu. Foram tentativas, é verdade, mas sucumbi e voltei a trilha da doença. Diria que esse período foi mais ou menos de 2014 a final de 2015. Nessa época eu já conhecia meditação, sabia da importância de fazer exercícios e de interagir socialmente.

Ah, lendo meus posts antigos, vi que falo muito da minha situação financeira. Tive duas ótimas oportunidades de trabalho, em 2014 e em 2016, e hoje estou mais endividado do que antes. Ou seja, também no aspecto financeiro meu velho eu não usou o que aprendeu.

Em 2016, em nova cidade, tentei fazer diferente. Tentei conhecer pessoas, não ficava 100% no trabalho e buscava ter alguma coisa que se parecesse com vida social. Curioso, e eu vi isso num post antigo meu, é que eu dizia que nesse lugar novo eu poderia conhecer vários lugares legais, devido a proximidade que eu não tinha antes.

Fiquei nessa cidade de 2016 a 2018 e quantos desses lugares eu conheci? Z E R O. Exatamente isso. Não tinha as desculpas de falta de dinheiro e nem de companhia. Simplesmente, eu sempre arrumava algum motivo para não ir: "estou cansado", "depois que terminar essa pendência eu vou", etc. Desculpas que o velho eu sempre dava para não fazer as coisas que envolvessem interação social e com a natureza.

Sobre isso, aliás, li uma pesquisa bem interessante. Não lembro o nome do artigo, mas os pesquisadores descobriram que o efeito do contato com a natureza é comparável ao efeito de relacionamentos saudáveis. Não é para abandonar as pessoas e sair abraçando árvores, hein? Pode e deve fazer os dois :-)

Tive alguns amigos nesses 3 anos em que fiquei nessa cidade, mas todos feitos no ambiente profissional. E um a um foi embora dessa cidade, porque eram forasteiros que nem eu, voltando para suas cidades de origem. E aí, no segundo semestre de 2018, todos os meus amigos que fiz no trabalho já tinham ido embora e eu estava numa cidade sem amigos e nem família.

Então, além de não ter explorado a região e ter interagido com pessoas basicamente em ambientes profissionais, também mal cuidei da parte física, ficava trancado em casa, ia pouco a cidade da minha família, etc. Exatamente o mesmo eu de 2009/10 e o de 2014-2015. Como agravante, eu já sabia muito mais coisa nesse período, sobre exercícios, meditação, interações sociais e seus benefícios para uma vida mais "leve".

Sabia muito mais do que em 2014-15 e muitíssimo mais do que em 2009-10. E mesmo assim, continuei adotando os velhos hábitos. Olhando tudo o que estou passando agora, com mudança de cidade novamente e falta de dinheiro, vejo que possivelmente essa falta de cuidados comigo me levou novamente à doença. Ou, no mínimo, me deixou mais fragilizado para enfrentar os novos desafios, aumentando meu estado ansioso e somatizando no meu corpo.

Então, tenho 3 histórias comprovadas do que os hábitos do velho eu causaram em mim. Nessa quarta parte, sabendo tudo o que sei e com 10 anos de sofrimento, será que consigo virar a chave e construir um novo eu e fugir da tendência de se manter no velho eu?  Espero que sim.

Crio esse blog para organizar minhas ideias mas espero que meus depoimentos sejam úteis para alguém além de mim. Não precisam acreditar em mim. Procurem as pesquisas científicas que mostram os efeitos positivos que uma mudança comportamental causa em pessoas portadoras de transtornos (uma boa dica é procurar no Google Scholar):

- Fazer exercícios físicos
- Melhorar as interações sociais (mais do que no Twitter ou Face)
- Contato com a natureza
- Meditar

É fácil? Não. estou há 10 anos nessa lida. Mas a nossa única escolha é tentar. Pois, com as minhas 3 histórias passadas, está claro que o jeito antigo não está funcionando. Então, por que não dar uma chance para uma abordagem nova e construir seu novo eu, com este trilhando o caminho da saúde?







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