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sábado, 18 de outubro de 2014

Tá na hora, hein?

Em conversa com um colega de trabalho essa semana, quando me perguntou se eu tinha filhos, disse-me, ao saber que não tenho: "Tá na hora, hein?". Pois é, a maior parte das pessoas que conheço que tem a minha idade já tem filhos e são casados de bom tempo já.

Anos atrás, quando meu primeiro namoro chegou num ponto mais "sério", falávamos de planos de casamento e filhos. Já morávamos juntos e olhávamos o futuro. Se me lembro bem, 2007 era o ano que teríamos o primeiro. Acho que muito disso vinha do meu desejo grande de ser pai. Quando estava com essa moça, achava que iríamos casar e eu teria uma família, nos padrões tradicionais.

Dez anos depois do término, outras pessoas apareceram e saíram da minha vida. Em boa parte desses anos, esteve aquela que nunca consigo esquecer, com a qual eu também sonhava em ter família. Ela desapareceu (menos do meu coração) e apareceu uma outra que, apesar do pouco tempo juntos, tínhamos lá nossos momentos de "viagem" sobre família.

O que acontece é que minha vontade grande de ser pai arrefeceu. Não me vejo mais sendo pai, levando criança à escola, vendo filho sair de casa, essas coisas. Falando só de mim, apesar de gostar muito de criança, não tenho mais essas visões de ser pai. Não sei se um dia serei mas lamento, ao ver minha mãe envelhecendo, que possivelmente não darei a ela a alegria de ser vó.

Com a vida que levo hoje não me vejo nem namorando quanto mais tendo família, com esposa, filhos, casa, cachorro, etc. Não sei se um dia essa vontade irá voltar e se voltar, espero que não seja tarde demais.

Quando mais novo, me via tendo uma carreira profissional, família, casa, carro, essas coisas que meio que parecem um padrão de "vida arrumada". Hoje, com dívidas monstruosas, dormindo em uma cama quebrada, sem amigos para quem eu possa chamar pra sair no fim de semana e com as pessoas a minha volta envelhecendo, parece que estou apenas fazendo o tempo passar, convivendo com meus transtornos e pensamentos como os que escrevo aqui.

As dívidas estão diminuindo, claro. Talvez antes dos 40 eu já não deva a mais ninguém, se continuar nesse ritmo. Possivelmente, se minha ansiedade não estragar tudo, eu tenha uma carreira acadêmica sólida. São coisas boas, claro. São parte dos sonhos que tinha quando era mais novo, certamente não com o mesmo formato.

Comparando como andei perdido nos últimos 4 ou 5 anos, certamente as coisas estão melhores. Olhando de fora. Mas, intimamente, não consigo me sentir feliz. Talvez esteja apenas passando o tempo, até que chegue a minha hora de partir desse mundo.

Eu tenho consciência de como esses pensamentos são perigosos. Mas não consigo desligá-los. Estão simplesmente aí e vem para me assombrar nos momentos que estou mais só.

Fico olhando lá para o tempo que morava com a ex e fazíamos planos para o futuro. Por que tanta coisa deu errada de lá para cá? Como eu consegui destruir tanto a minha vida e a mim mesmo?

Tenho muito medo do futuro, muito mesmo. Como minha ex-terapeuta perguntava, do que eu tenho medo quando não tiver mais problemas a resolver, como a dívida grande e as pendências profissionais? Acho que tenho medo de não ter mais motivação para sair da cama.



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