Diferentemente de 2020, passei essa virada com minha mãe. Finalmente consegui criar coragem e vim para a casa dela no final de novembro. Acredito que, sem querer, escolhi a janela perfeita para encarar a longa viagem dentro de um ônibus. Se tivesse enrolado duas semanas a mais, a coragem iria embora diante do surgimento de mais uma variante e também da epidemia de gripe que explodiu na minha cidade e aqui.
Em um ano tão difícil, especialmente no primeiro semestre, pude me dar esse presente: estar com minha família. Ainda não consegui ver meu irmão, mas o fato de ter visto a minha mãe, irmã e a mais nova integrante da família foi o ponto alto desse ano que passou.
Nesse pacote também pude rever o mar. Cada vez que venho para cá fico me perguntando porque ainda moro em cidade grande. Claro que aqui tem problemas, mas poder ver o mar todo dia compensa tudo. Sempre que venho para cá fico refletindo que deveria achar um jeito de alinhar minhas expectativas acadêmicas com os benefícios de morar nesse paraíso.
Ou, quem sabe, reconhecer que não posso ter as duas coisas e escolher o que realmente eu quero da vida.
Naquelas reflexões de final de ano, acho que esse é O grande ponto. Se por um lado, vejo que tenho avançado em pontos importantes estando lá, por outro tem o sentimento que a vida é muito curta e preciso aproveitar agora.
Apesar do primeiro semestre muito ruim, o ano em si foi positivo. Voltei a fazer terapia, avancei muito na quitação da minha maior dívida e até comecei a guardar um pouco para o futuro. Nesse segundo semestre procrastinei muito menos também. Embora não hajam certezas, os planos profissionais para os próximos dois anos estão delineados e com isso a boa expectativa de manter o fluxo financeiro normal.
Os fantasmas que me assombram ainda estão comigo todos os dias. Mas, quando consigo focar no que tenho que fazer ou simplesmente curtir a vista do mar, parece que tudo fica estável. Queria ter sempre comigo o sentimento que tive na primeira vez que vi o mar depois de tanto tempo. Foi uma alegria tão grande que praticamente não apareceram os pensamentos pandêmicos. Eu simplesmente desfrutei.
Sei que tem muito mais a ver com o que tenho dentro de mim do que com a vista maravilhosa. Talvez eu precise encontrar em mim essa capacidade de desfrutar mesmo estando na selva de pedra. Mas penso muito em como seria boa a minha vida se eu pudesse morar aqui. Estaria perto da minha família e numa cidade maravilhosa. Só faltaria pagar as contas. Na minha área profissional existem possibilidades mesmo eu tendo mais de 40, é verdade, mas não sei se é com isso que quero trabalhar. O mundo acadêmico me abriu horizontes com que me identifico muito mais do que o mundo corporativo.
Há coisas a decidir e logo. Parece que agora o relógio anda mais rápido do que quando eu estava na casa dos 20-30 anos. Talvez por saber que escolhas implicam em renúncias, o que preciso para 2022 é decidir o que quero da minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário