No início de fevereiro completarei dois marcos importantes, um motivo de comemoração enquanto outro motivo de muita tristeza. No próximo dia 11 serão dois anos sem recorrer ao alprazolam ou rivotril. Desde que comecei a ter crises de ansiedade, há 11 anos atrás, nunca fiquei tanto tempo sem recorrer a esse tipo de remédio. Motivo de comemoração, sem dúvida.
Por outro lado, mais ou menos na mesma data, será um ano que não vejo a minha família. Para estar com eles, teria que me deslocar muitas horas dentro de um ônibus, o que é muito arriscado na pandemia, especialmente porque as pessoas não seguem uma recomendação tão simples, como o uso de máscaras.
Tem as chamadas em vídeo, claro. Mas nada substitui o abraço, o beijo. E quando vejo que minha vez de ser vacinado vai demorar muito, sei lá se antes de agosto, me bate um desespero tão grande. Eu alimentava a esperança que começaríamos a ter um fluxo bom de vacinação nesse início de ano, mas é algo que vai demorar muito, graças aqueles que colocam seus interesses acima do coletivo.
Saber que vou demorar muito mais a vê-los me deixa tão mal, mas tão mal, que tem horas que me questiono se não valeria a pena arriscar. Cada hora que penso que pode acontecer algo comigo ou com eles, eu fico desesperado e penso em ir logo, mesmo com todo o risco que isso significa. E aí eu me acho idiota, porque por um dia lá no início eu poderia ter ido mas fiquei com medo de ser contaminado. Aí as viagens entre nossos estados foram suspensas e quando voltou, em maio, o risco era muito maior.
Eu to tão mal, mas tão mal, que acho que só estando com a minha família eu teria condições de suportar essa fase. Tento manter um alto astral quando estou nos compromissos profissionais mas, fora deles, quando me encontro apenas comigo mesmo, só o que tem é tristeza e angústia. Aí choro de saudade, meu stress se manifesta em dores por todo o corpo e tudo fica pior.
Uma coisa alimenta a outra, pois a dor ativa minha atenção plena para aquela sensação e voltam os pensamentos de que posso estar muito doente, que posso morrer e nunca mais estarei com eles. Esses pensamentos me dominam, não consigo fazer mais nada do que tenho para fazer e tudo fica atrasado. Os cuidados com a casa, comigo, com minhas tarefas profissionais e acadêmicas...
E fico nesse ciclo por dias, cada vez pior. Tristeza, mau humor, irritação com qualquer notícia que leio e meus dias ficam uma merda, como estão há muitas semanas.
Sabe o que é pior? A falta de perspectiva de melhora. Estou sem esperança. Vou cumprir os dois anos sem tomar o SOS, mas tem horas que só queria dormir e só acordar quando tudo isso passar. Ou pelo menos ter algumas horas de paz comigo mesmo.
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