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domingo, 3 de janeiro de 2021

Gatilhos para ansiedade em tempos de pandemia

 

Já falei em diversas postagens das dificuldades que pessoas hipocondríacas têm nessa pandemia da COVID-19. Embora nem todo ansioso seja hipocondríaco também, não sei se essa associação é tão rara, pois normalmente a ansiedade anda junta de outros transtornos. O fato é que a mistura ansiedade + hipocondria +  pandemia torna os dias de gente como eu um inferno, já que são tantos tipos de gatilhos que é difícil ter um dia de paz. Não vou entrar no mérito técnico do que é gatilho e para isso deixo um link de um vídeo no final, que achei num canal no YouTube bastante interessante. 

Estava refletindo ontem e hoje sobre que tipo de informação ando consumindo nessa pandemia e como isso pode estar relacionado a esses dias mais complicados do que o "normal". Foi notícia esses dias de um perfil no Twitter que anda denunciando festas realizadas durante o final do ano e nesses primeiros dias de 2021. Cada notícia de gente que não tá nem aí, enquanto estou longe da minha família há 11 meses, me deixa muito revoltado e triste. Revoltado porque desse jeito a normalidade vai demorar muito mais aqui do que em outros países. E triste porque fico sem esperança no nosso país, por mais que eu trabalhe todo dia para fazer algo que seja importante para melhorar a vida das pessoas. Sinto que eu e muitos outros estamos enxugando gelo e talvez fosse melhor apertar o foda-se.

Essas reflexões e ter contato com tanta demonstração de irresponsabilidade me deixou muito mal ontem. Não cheguei a ter uma crise de ansiedade, mas bateu um desânimo tão grande que não queria fazer mais nada e só dormir, para ver se acordaria num contexto melhor ou se pelo menos teria paz nos sonhos.

Um parênteses aqui: para separar que tipo de conteúdo leio, eu tenho três contas no Twitter.  Na minha "oficial" eu sigo e posto coisas relativas à minha área de atuação atual. Em outra eu apenas assino perfis de notícias, já que uso essa conta como um jornal mesmo. E na terceira eu sigo esse perfil de denúncia de aglomerações que comentei e onde interajo um pouco mais falando aquilo que dá na telha sem me preocupar em parecer "legal" ou educado. Não vou me estender aqui sobre essas contas, porque acho que dá outra postagem no blog, mas sei que parece loucura.

Na minha conta principal (a que eu assino como eu mesmo) acabo tendo bastante acesso a informações mais técnicas sobre a pandemia, assim como relatos de profissionais que estão na linha de frente. Embora seja um conteúdo um pouco diferente do perfil das #covidfest, não deixo de me sentir mal às vezes. Porque sempre aparecem relatos bem tristes mesmo, da situação das unidades de saúde e algumas vezes de pacientes. Nem sempre são relatos de pessoas que eu sigo, mas basta alguém que sigo curtir ou compartilhar e a postagem aparece na minha timeline.

Algumas dessas postagens também despertam em mim sentimentos como aqueles que falei antes, mas também me levam a imaginar o que aconteceria comigo se me infectasse. Aliás, a cada vez que alguma sensação física dispara o meu lado hipocondríaco, o lado ansioso começa a ficar nervoso e daí vem os sintomas típicos de alguém ansioso. O mesmo se dá quando leio respostas de pessoas sobre alguma postagem dizendo que pegaram a doença mesmo tomando cuidados. O mesmo acontece às vezes quando leio jornal.

E o que devo fazer? Parar de me informar? Juro que pensei em desinstalar o app do Twitter do celular e dar um jeito de bloquear meu próprio acesso ao Twitter no meu computador. Talvez eu devesse não procurar saber o que acontece no mundo lá fora e focar na minha lista interminável de atividades. Noto que às vezes eu gasto tempo excessivo lendo postagens sobre a pandemia além de notícias de jornal sobre o assunto, deixando de lado obrigações que eu tenho que fazer. O duro de não ter chefe e estar com horário normal de trabalho é que acabo relaxando e perdendo tempo com outras coisas.

Tenho acessado menos o worldometers.info, site que contém dados dos casos de covid no mundo. Eu acessava mais de uma vez por dia e tinha mais ou menos de cabeça o estado da pandemia nos países com mais casos (sou fanático por dados). Mas aí vem o pensamento: "o que vai mudar na minha vida em saber que tal país está com crescimento dos dados?". De fato, embora o que eu faço tenha alguma relação com esses dados, não é uma relação direta e nas minhas atividades não vai influenciar em nada.

Talvez a mesma lógica pudesse ser aplicada a outros conteúdos. Tem horas que penso em apagar todas as minhas redes sociais, já que claramente tenho dificuldades de lidar com essas informações negativas. Mas será que é a melhor forma? Às vezes acho que talvez eu estivesse mais saudável se morasse no campo, com pouco acesso a TV e Internet. Será que conseguiria num mundo tão conectado? Não sei.

Esse final de ano me mostrou que talvez seja melhor saber o mínimo possível do que acontece no mundo e focar naquilo que preciso. Nem falo dos lixos que têm na Internet, mas de notícias mesmo. O mundo anda tão tóxico que é natural que as notícias não sejam as mais suaves para digerir. E isso ativa diversos gatilhos em mim me deixando sempre preocupado. Será a ignorância uma bênção?


  • Vídeo sobre gatilhos



2 comentários:

  1. Olá caro anônimo, acabo de chegar no seu blog, não tenho ansiedade nem sou hipocondríaca mas acho que se afastar é uma boa solução, embora seja muito difícil, eu tentei nessa pandemia diversas vezes me afastar do Twitter, Instagram e do TikTok, desinstalei e instalei várias vezes mas nunca obtive grande sucesso e eu também venho percebendo em como sou afetada diretamente por saber que as pessoas não ligam para a pandemia quando eu não saio de casa, mas uma coisa que eu venho percebendo é que consumir conteúdos de pessoas que cumprem a pandemia corretamente está sendo melhor do que ver as pessoas saindo, você não precisa se alienar, mas talvez reduzir a quantidade de conteúdos sobre isso possa te ajudar.

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    1. Muito obrigado pelas dicas! De fato, tenho tentado ir mais devagar mesmo nas redes e sites de jornais. Pelo menos usar melhor meu tempo nas várias tarefas que sempre tenho.

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