Mais uma semana ficando em casa, dessa vez sem idas até para fazer compras. Resolvi fazer as compras usando serviços de delivery, mesmo sendo mais caro do que se eu fosse ao mercado. Mas estou evitando correr riscos, mesmo para uma saída rápida ao mercado aqui perto. Fico mais tranquilo? Nem sempre.
Cada sensação no corpo já é motivo para ficar preocupado e fazer cálculos para saber quando foi a última vez que tive algum contato com outra pessoas. Nas entregas que recebi nessa semana, procurei manter uma distância segura e tomei o cuidado de levar as mãos, rosto e narinas quando entro em casa. Mas qualquer dor eu já começo a relembrar os passos e analisar onde eu poderia ter errado e ser infectado. Enfim, outra semana convivendo com as preocupações.
Pelo menos os dias têm passado muito rápido. Tenho acordado tarde mas, quando percebo, já é noite. As atividades de plantação, arrumações e exercícios estão fazendo meus dias passar mais rápido. Amanhã fará 30 dias que comecei meu isolamento e parece que passou rápido. O que não parece que passará rápido é essa situação, infelizmente, e isso me deixa muito mal às vezes.
Saudade da família que aumenta ainda mais porque não posso estar com eles. Saudade de sair de casa, para ver o movimento das pessoas.
Não posso me queixar. Sei que sou privilegiado, pois minha vida profissional não parou nada durante essa quarentena, muito pelo contrário. Além disso, os recursos para as necessidades básicas não faltarão e isso é muito diferente de quem perdeu o trabalho e não tem como levar comida para casa. Então, por mais que seja difícil, minha situação é melhor do que de muita gente.
Mas tem horas que bate um desânimo tão grande. Desânimo em perceber que as coisas piorarão muito, especialmente uma parcela considerável de privilegiados como eu insiste em furar o isolamento, colocando a própria vida em risco e das outras pessoas.
Esses dias, quando estava lendo notícias da crise na internet, me senti tão mal ao ler um relato de um óbito de uma pessoa que, aparentemente, era contra o isolamento. Não só por imaginar que uma família ficou sem um ente querido, mas também por ver um número grande de pessoas sem compaixão alguma, debochando de uma coisa tão triste. E aí percebi que preciso limitar meu tempo de leitura de notícias, seja em sites ou redes sociais.
Se eu não fizer isso, sinto que o pouco equilíbrio que tenho há quase um ano irá embora.
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