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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Hipocondríaco 2019

Coloquei 2019 porque acho que acabo repetindo o título das postagens, até porque os assuntos são recorrentes e talvez porque esse tenha sido o principal tema que ocupou minha mente nesse ano que está terminando. Embora ache que o termo hipocondria não seja o mais correto (não lembro o novo nome do transtorno), vou manter esse por ser mais comum.

Seguem alguns números de 2019:

Esse ano passei pelas seguintes especialidades (incluindo retornos):

- Clinica médica: 6x
- Cardiologia: 2x
- Ortopedia: 4x
- Nutricionista: 3x
- Dentista: 5x
- Otorrinolaringologista: 3x

Em média, eu fui a dois profissionais de saúde por mês e fiz quase um exame por mês. Alguns desses eu faço todo ano, desde os 35, embora meu médico atual não ache que eu precise e a médica anterior sempre pedia.

Fico lembrando quantas vezes eu fui a médico durante a minha graduação inteira (entre 15-20 anos atrás). Eu devo ter ido mas não consigo me lembrar de uma consulta sequer, com exceção de dentista.  Lembro também que desde que comecei a ter crises de ansiedade esse número aumenta a cada ano. Ou seja, dos 18 aos 29 anos, mal me consigo me lembrar de consultas médicas, enquanto depois disso fui a mais de uma vez por ano.

Problemas de saúde? Acho que não muito diferente do meu perfil: colesterol alto, pressão e açúcar. Fora isso, não tenho outros problemas físicos. E, para esses problemas, eu tomo remédio já faz um bom tempo e os números esse ano estiveram bons no segundo semestre.

Então, por que fui a tantas consultas e fiz tantos exames além do meu próprio padrão? Bem, convivi esse ano com doenças que eu achava que tinha. A dor no peito, que me acompanha desde maio, é origem do pensamento constante de que posso ter um infarto a qualquer momento. Meu médico disse que estou bem e que não deveria ficar preocupado com isso. Mas sempre fica aquele pensamento de que o diagnóstico dele está errado ( mesmo diagnóstico da cardiologista).

Qualquer sensação no corpo já me leva a pensar imediatamente em alguma doença grave. A mais recente é uma dor na perna, perto da região pélvica, que às vezes parece ser na própria região pélvica. Aí já fico achando que estou com algum problema na próstata, especialmente porque tive dois casos na família. Um lado meu diz que provavelmente se deve a um exercício mal feito (ou minha própria postura de usar o computador na cama, deitado sobre essa parte do corpo). E um outro lado fica me dizendo que posso estar muito doente, embora o exame que mede essas coisas de próstata tenha dado normal em 2018 (esse ano ninguém pediu).

Esses pensamentos sobre dor muscular ou problema de próstata é um exemplo recente do que me aconteceu o ano inteiro, com doenças diferentes. E como eu queria me livrar desses pensamentos ou, pelo menos, que não me atormentassem tanto. Deixo de aproveitar os momentos porque não paro de pensar nisso e nem de ficar observando essas sensações no meu corpo.

Estava ontem na praia e foram poucos minutos que consegui ter sem que pensasse nessas coisas. E lá eu pensava em como vivi pouco esse ano, porque minha cabeça estava em possíveis doenças que eu poderia ter. O ano passou e praticamente fiquei em função de doenças. Fiz muita coisa legal, é verdade. Mas vivi preocupado a maior parte de 2019. E preocupação não se mistura com paz, que é tudo o que mais quero para 2020.

Tive grandes avanços, eu acho. A última vez que recorri ao alprazolam foi em fevereiro. Tive alguns momentos nervosos, mas nada perto de pensar em recorrer ao SOS pra me acalmar. Acho que isso tem que ser comemorado sim. Mas...

Eu gostaria tanto de relaxar. De aproveitar melhor a companhia das pessoas. De aproveitar melhor um momento com a natureza, observando as pequenas coisas. De estar na praia e me sentir feliz por estar lá. De me concentrar nas tarefas que gosto de fazer e não ficar prestando atenção o tempo todo a qualquer sensação do meu corpo, quase que como num autoexame constante.

Talvez eu esteja conseguindo vencer o pior da ansiedade. Mas preciso parar de pensar em doenças o tempo inteiro e aproveitar mais a vida. Porque essa tem passado tão rápido...


2 comentários:

  1. Tu tem plano de saúde? Se pagou consultas particulares em todas essas especialidades, deve ter gastado uma nota. Pelo menos em psiquiatra você não está mais indo. Cara, é absurdo o preço desses profissionais, falo dos bons. Uma consulta particular em um desses que vai tentar te entender e não simplesmente te dar qualquer remédio, por aqui, tá em torno de R$250,00. Ou seja, o pobre não pode ter doenças mentais porque aí ele tá ferrado.

    Também tenho muito medo de ter algo na próstata. Gente já morreu de câncer aí na minha família. Mas não dá pra fazer muita coisa em relação às doenças. Quer dizer, só dá pra se alimentar direito, fazer exercícios e tentar não se estressar. Se mesmo fazendo isso você ter uma doença grave, então era pra ter mesmo. Olha, a vida deve ser muito melhor quando se aceita que o que tiver de ser, será, viu? Um dia ainda chego lá. Todo mundo, ABSOLUTAMENTE TODO MUNDO que conheço e vive dessa forma parece ser muito mais feliz.

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    1. Eu estou sem plano mas aqui em sp tem duas empresas que cobram preços populares e até q tem médicos bons. Algumas dessas consultas foram em serviço público.

      Vc tocou no principal ponto: aceitar. Eu vejo muitas pessoas com diversos problemas mas não as vejo tristes ou preocupadas. Lidam com dor ou limitações quase que como uma coisa normal, que faz parte da vida. Eu não consigo e isso tira a minha paz. Espero conseguir algum dia também.

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