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sábado, 15 de agosto de 2015

Coisas que não faço por mim

Por contas das minhas constantes dores de cabeça, minha médica sugeriu que poderia ser algo relacionado à coluna e indicou um neurologista. Depois da consulta com ele (5 minutos), ele disse que precisaria verificar se é algo referente à coluna ou enxaqueca mesmo. Achei estranho ele não pedir outros exames mas como minha médica recomendou, resolvi dar o voto de confiança e não procurar outro.

Esse médico pediu que eu fizesse um raio-x da coluna e uma ressonância magnética da cervical. Lembrei que esse tipo de exame é aquele que vc entrar numa máquina e todas as vezes que fiz me senti bem incomodado, mesmo quando foi só da face, ou seja, apenas parte do seu corpo fica dentro do tubo.  No caso da cervical teria que ser o corpo inteiro, o que foi um tempero extra para a minha ansiedade.

Enfim, como a dor está sendo diária e estou bem preocupado, resolvi fazer o exame, Estive lá nessa quinta e fiquei mais "animado" quando a moça me disse que ia durar um pouco mais do que a tomografia da face, cerca de 25 a 30 minutos. Quando comecei a entrar na máquina, por um momento me veio o pensamento de estar num caixão. Para não desperdiçar a oportunidade do exame, tentei ignorar esse pensamento e começar a pensar em coisas que me deixassem bem.

Incrivelmente eu consegui manter minha mente controlada a maior parte do tempo e gostaria de ter esse controle na maior parte das vezes em que me sinto agitado. Mas isso é assunto para outro post. O ponto é que enchi minha mente de pensamentos de situações alegres que passei e boa parte desses pensamentos foi de momentos com uma ex, que voltei a ter contato desde que terminei com a última namorada.

Me vi sorrindo, no meio das lembranças dos momentos com ela, e até sentindo saudade daqueles momentos. Vamos até nos encontrar nos próximos dias, mas estou tentando treinar minha mente para não esperar nada mais do que um reencontro de velhos amigos. Estranho isso né? Preferir não alimentar certos pensamentos (que são bons) por medo de rejeição. Como diria aquela música do Lulu Santos: "como uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer".

Além de pensar nela, pensei em outros momentos bons que aconteceram na minha vida, em momentos que eu estava me divertindo e que me deixavam alegre. Saí do tubo e fui caminhando para o transporte, pensando em quanto tempo eu não tenho feito nada por mim, que não seja relacionado a dinheiro, trabalho ou carreira, fora a academia. Me refiro a busca de momentos como esses que lembrei no tubo, onde estava sorrindo e vivendo os momentos sem pensar em mais nada, a não ser em curtir.

Acho que muito do que acontece comigo tem a ver com o fato de que eu dor mínima prioridade a minha felicidade. São sempre obrigações (minhas e relacionadas à outras pessoas) e tarefas, prazos, etc.

Hoje estava em um curso e estava ouvindo duas colegas comentarem sobre suas experiências no Canadá. Mesmo morrendo de medo de voar, sempre pensei em viajar pra fora e gosto de fazer isso, de aprender sobre outros lugares, outras realidades diferentes das minhas. E por uns momentos, pensei que isso talvez não seja mais possível para mim, que talvez eu tenha perdido o timing de ter essas experiências, já que não posso me ausentar por muito tempo de perto da minha mãe.

Relembrando meu histórico, acho que essa característica sempre esteve presente em mim. Estava lembrando hoje da ocasião em que uma enfermeira me descreveu como ninguém nunca fez na vida. Acho que já contei aqui e sei que o post tá longo, mas vou resumir: durante um exame para verificar labirintite (logo no início das minhas crises de ansiedade), ela começou a me questionar de uma maneira como se conhecesse toda a história da minha vida. Me perguntou coisas como "o que vc tem feito por vc?" ou "há quanto tempo vc não cuida de vc mesmo?" que parecia que ela lia a minha mente e sabia tudo sobre mim.

Esse relato foi para demonstrar que parece que não faço mesmo, ou dedico pouco esforço a coisas que sejam unicamente com o objetivo de curtir. Sem estar preso a um relógio, pensamento em outros lugares e obrigações e etc.

Todos esses acontecimentos recentes, somados às dores, ao cansaço por falta de férias, as várias pendências em todas as áreas da minha vida, me fazem lembrar que a vida pode acabar em um instante e a qual propósito estou dedicando a minha vida. O que ando fazendo com ela...

Queria tanto virar esse jogo mas exatamente hoje eu tenho: capítulos da dissertação para escrever, ajustes em artigo aceito para congresso, tcc de especialização para terminar, trabalhos antigos que deixei pendentes, muitas contas para pagar, dinheiro para juntar para operação da minha mãe...

Fico me questionando; paro tudo literalmente e tiro um tempo para pensar na minha vida? Escolho o que não irei fazer no prazo e foco apenas no essencial (o que invariavelmente vai me trazer problemas)? Começo aos poucos a colocar momentos "curtir" na minha vida e ver se isso não aliviaria as minhas crises e pensamentos ruins?

Não sei a impressão de quem me lê, mas esse que vos escreve se vê como extremamente cansado, desmotivado para dar conta disso tudo, se sentindo fracassado em vários pontos da vida, e querendo que o mundo pare um pouco só para eu poder respirar.

Para terem uma ideia, hoje depois do curso fui ao cinema. Sozinho mesmo. Além do fato que não lembro a última vez que entrei numa sala de cinema, tem o que pode parecer absurdo e um indício de como as coisas andam na minha vida: hoje foi a primeira vez que assisti a um filme 3D na vida.

Uma semi-parada vai acontecer nos próximos dias. Não sei ainda de quanto tempo e o que poderei parar de atividades... Mas pararei e vou tentar administrar essas coisas de modo que eu realmente consiga aliviar a minha cabeça.

Mas preciso realmente começar a fazer mais pela minha felicidade... realizar meus sonhos, usar meu trabalho, carreira e estudo como meio e não fim. Talvez essa seja a grande mudança que eu precise fazer em mim...













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