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terça-feira, 27 de setembro de 2022

O que eu faria se tivesse 30 anos de novo

Antigamente era mais comum as pessoas escreverem suas reflexões na tal da blogosfera e, de certa forma, era um ponto de encontro de pessoas nessa espécie de terapia em grupo assíncrona. Hoje não sei onde as pessoas escrevem sobre a vida. Talvez, com as redes sociais, escrever tenha saído de moda e tudo se resuma a imagens + frases de efeito para ganhar curtidas e ter o tal do engajamento.

Algumas pessoas guerreiras ainda insistem em continuar aqui e sempre procuro ler, como o amigo Skull. Inspirado em uma de suas postagens, resolvi escrever sobre algo que vira e mexe toma conta dos meus pensamentos: o que eu faria de diferente se pudesse voltar atrás. Geralmente isso acontece quando me encontro insatisfeito com o presente e desanimado com o futuro. Mal de ansioso é viajar no tempo, né?

Já passei dos 40 e parece que tudo anda mais rápido agora. Há 20 anos atrás eu mal tinha terminado a faculdade e estava no começo da minha carreira atual. Quando penso em 20 anos para frente, percebo que serei idoso e isso sempre me deixa mal, pois não alcancei nada que pretendia para a minha idade atual e morro de medo de envelhecer sem ter boas histórias para lembrar.

Mas falando do passado e aproveitando o número que o amigo Skull colocou em sua postagem...

Lembro-me que quando completei 30 anos eu estava estável financeiramente e com menos dívidas do que tenho hoje. Tive uma oportunidade profissional em outra cidade que me permitiria zerar todo o passivo e fazer um bom pé de meia. Era um projeto inicial de meses que virou um emprego durante 3 anos. 

Quitei algumas dívidas na época, é verdade. Mas perdi a chance de fazer melhor porque não cuidei do meu dinheiro. Se soubesse na época o que sei de investimentos hoje, certamente dinheiro não seria um problema para mim no momento. Para ilustrar, eu ganho hoje 60% do que ganhava naquela época e mesmo assim hoje eu consigo investir. E olha que nem estou aplicando correção monetária, ou seja, em valores corrigidos eu ganhava naquela época algumas vezes mais do que ganho hoje.

O que fiz de errado e que conselho eu daria para o eu de 30 anos: guarde o máximo que puder. Viva com dignidade e faça contas o tempo todo para não perder dinheiro. O emprego bom pode acabar uma hora, mas quem cuida do dinheiro com inteligência dificilmente passará aperto a médio prazo.

Hoje tem milhares de canais sobre investimentos, mas naquela época não era raro também. Então eu teria investido meu tempo em estudar sobre como valorizar meu dinheiro. Aprender para aproveitar oportunidades que só aparecem para quem está com dinheiro em caixa. 

Um exemplo: logo no início desse emprego, eu vi um anúncio de um empreendimento imobiliário perto de onde eu morava. Era algo bem tranquilo para eu pagar, mas pensei na época: "ah, não vou ficar aqui muito tempo, não tem porque investir". Resultado: três anos depois eu ainda estava no mesmo lugar e o prédio estava construído. Mesmo que eu não tivesse intenção de morar lá, teria valorizado muito meu dinheiro ou, no mínimo, teria algo que anseio hoje: um teto pra chamar de meu.

Eu olhava a vida a curto prazo e não pensei no futuro. Se tivesse pensado, teria aplicado a maior parte do que recebia, já que não tinha grandes custos para me manter. Hoje poderia estar com um apartamento, talvez vivendo de aluguel e/ou com ótima carteira de investimentos. A vida passa muito rápido e, se hoje meus principais problemas são emocionais, é possível que daqui a 20 anos eu tenha outros problemas que dependam muito mais de ter dinheiro, como saúde e moradia. 

Outro conselho que daria para o eu de 30 anos: viva sem medo de ser feliz. Eu morava numa cidade onde as pessoas passam férias e com muita coisa para fazer de dia e à noite (especialmente). Passei 3 anos praticamente no esquema casa-trabalho e fui me envolver com mulheres quando já estava no final desse período. E olhe que tinha muita mulher onde eu trabalhava, o que garante no mínimo uns bons contatos. O cara de 30 anos não está fora do mercado tanto para as mulheres dos 20+ quanto para as mulheres dos 30+. Mas com 40+ vc já vira o cara "idade para ser seu pai" para as de 20+. As de 30+ provavelmente já estarão casadas. Então, eu teria aproveitado muito, mas muito mais, meus 30 anos se soubesse que o mercado estaria tão restrito para mim quando passasse dos 40+.

Falando em mercado restrito, o mesmo se dá na questão de emprego. Tudo bem que na minha área o que se sabia há mais de um década atrás não vale muita coisa hoje. Mas uma coisa não mudou e acho que não mudará nos próximos 20 anos: inglês. Até tive umas aulas de inglês quando estava com meus 30 anos, mas teria investido muito mais em ficar fluente. Hoje, eu não dou match em muitas das vagas do LinkedIn simplesmente porque não falo inglês. Fora que perco todas as oportunidades de trabalho remoto com empresas de fora porque meu inglês é intermediário. Imagine quanto eu ganharia com o dólar do jeito que está...

A tecnologia da moda naquela época é totalmente diferente do que se valoriza hoje e o que se valoriza hoje certamente será substituído por outras coisas daqui a 10 anos. Mas saber falar inglês continuará a ser fator decisivo, não tenho a menor dúvida. 

Acho que faria muito mais coisa diferente se eu tivesse 30 anos de novo, mas "só" esses três pontos que coloquei certamente deixariam a minha vida mais tranquila hoje e com boas lembranças para contar. 

Conseguirei tirar o "atraso" em algum desses pontos mesmo depois dos 40? Ou o que fazer para aproveitar melhor essa década? A pensar. Talvez a resposta esteja no mesmo conselho que eu daria para o meu eu de 30 anos: 1) aproveite para fazer agora aquilo que será mais difícil daqui a 10 anos; 2) garanta agora as condições para ter tranquilidade quando tiver as restrições que aparecem com a idade.


2 comentários:

  1. Demorei pra ver essa postagem. Obrigado pela menção.
    Cara, lendo a sua postagem, só consigo pensar que a questão financeira é, sem dúvida, uma das coisas mais importantes para prestar atenção.

    Uma coisa é certa: depois dos 40 anos, você começa a ser desprezado pelo mercado, então só há duas saídas: ser um profissional fodástico, tão foda que as empresas sabem que não irão arranjar alguém tão bom quanto você ou ter o próprio negócio. Isso já tem me deixado apreensivo, já que, diferente de você, não tenho vocação para empreender.

    A década dos 30 anos me parece uma idade estranha. Jovem para ser velho mas velho para ser jovem.

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  2. O comentário anterior é meu hehe

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