Páginas

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Copo meio cheio ou meio vazio?

 Às vezes faço as minhas reflexões e penso: "isso daria um bom post", mas aí deixo para escrever depois e nunca escrevo. Esqueço que o blogger tem aquela função de agendar publicação e perco oportunidades boas de colocar no papel certas coisas que penso. Então, essa postagem não é uma daquelas que venho chorar minhas dores em um momento de ansiedade. Entretanto, também não será uma postagem alegre, ou até pode ser, dependendo de como se vê o copo.

No ano passado, num daqueles momentos da pandemia que a carência bate mais forte, reinstalei o Tinder. Acho que nunca fiquei com mulher que conheci no aplicativo. Mas deixo para colocar minhas teorias outro dia, se eu lembrar de escrever.

Não sou daqueles que conseguem muitos matches, mas às vezes aparecem alguns interessantes. E aí conheci uma mulher bem legal, muito mais nova do que eu, mas bastante madura. Super inteligente, engraçada e atraente fisicamente. À primeira vista, talvez eu tivesse passado o perfil dela para esquerda, mas, como eu cheguei a assinar o pacote do app por um mês, consegui ver quem tinha me curtido. Então a encontrei, aluna de mestrado no mesmo local onde faço meu doutorado. 

Se eu tivesse esbarrado com o perfil dela naqueles pontos que vc está apenas passando as fotos, talvez não a tivesse curtido. Mas quando vi que ela me curtiu e li o que ela escreveu na bio dela, pensei: "por que não conhecer?".

Isso foi em abril/maio do ano passado e, embora não tivéssemos nos encontrado pessoalmente, tive bons momentos com ela. Gosto de pessoas que me fazem sentir desafiado intelectualmente e ela é uma dessas pessoas, que me mostram que não sou tão inteligente quanto minha arrogância me faz supor. Enfim, tive com ela muitas afinidades.

Mas aí, e isso sempre acontece, quando sinto que a pessoa está ficando muito interessada em mim e eu não estou na mesma sintonia, começo a desanimar da pessoa. Embora eu estivesse atraído fisicamente por ela e era uma chance certa de "sair da seca", um lado meu fica martelando que não vale a pena  iludir uma pessoa por muitos meses apenas para ter um sexo bom. Talvez, se ela não estivesse tão interessada na minha pessoa e sim em diversão, eu não tivesse desanimado tão rápido.

Infelizmente não era o caso, ela é uma pessoa que se apega fácil e, convenhamos, eu sou uma pessoa legal, o que parece estar em falta no mundo masculino. Então acho que juntou o fato de possivelmente estar iludindo alguém com o meu receio de relacionamentos sérios. Se fosse analisar friamente, ela seria uma pessoa perfeita para estar junto: muito inteligente, engraçada, carinhosa e atraente fisicamente. Mas, infelizmente, não é assim que as coisas funcionam.

Então eu comecei a fazer o que faço sempre: fiquei cada vez menos disponível para conversas no whatsapp, dando as clássicas desculpas de que estou trabalhando muito. Sim, eu sempre estou trabalhando muito, mas encontro tempo para romances quando quero.

Como pessoa inteligente que ela é, logo percebeu de que eu não estava mais tão afim assim. Então passou a se comportar do mesmo jeito, respondendo pouco minhas mensagens e cada vez com menos contato. Como a gente se segue no Instagram, não foi um sumiço total, mas apenas aquelas interações protocolares de rede social.

No final do ano, ficou mais claro porque ela demorava a responder uma mensagem mais simpática minha: ela estava namorando. Isso sempre acontece, as pessoas cansam de esperar por mim e seguem suas vidas. Não as culpo.

Fui ver o perfil do cara na época, e fiz isso hoje de novo, e meu despeito logo apontou: "ah, sou mais atraente fisicamente do que ele". Mas, passada essa pobreza de pensamento trazida pela vaidade, logo vem a constatação: atraente ou não, é ele que está com ela. 

Ao ler as postagens dele fica fácil de entender porque ela está com ele. O cara é muito interessante mesmo. Ele parece, digamos, do mesmo nível intelectual dela e alguém com a vida mais "arrumada". Alguém que considero muito melhor do que eu.

Então, e aí está o copo meio cheio da questão, vem o pensamento de que no fim foi melhor assim. O cara é muito mais adequado para ela, pois penso que logo ela perceberia o quão fútil eu sou. Além disso, eu nunca teria me arriscado na pandemia a estar com ela, o que para meu "rival" não foi problema. Eles parecem bem compatíveis e eu não me sinto compatível com ninguém. Sempre acho que não presto para ninguém e, passados aqueles 30 minutos de empolgação comigo, as mulheres vão ver que não tenho mais nada a oferecer.

Continuo só, sem ter alguém tem muito tempo, e ela tá com um cara super bacana. Melhor assim.




terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Luz no fim do túnel?

 Estava conversando com duas pessoas diferentes esses dias e para as duas eu disse a mesma coisa sobre o fim dessa pandemia: já não é mais questão de "se" mas "quando". De fato, mesmo com os atrasos de vacinação, graças aos governantes incompetentes, a coisa está andando e já conto os dias para ver familiares mais velhos sendo vacinados. Para mim, que não sou grupo de risco e to na faixa dos 40, acredito que só no segundo semestre.

Nesses tempos que a questão emocional anda tão mal, tenho me "alimentado" de notícias boas que possam me trazer alguma esperança. Olho diariamente os números de vacinação nos países e fico animado quando vejo que em alguns a coisa começar a ter controle. No Brasil, a questão da disponibilidade de vacinas começa a andar e entendo que no meio do ano estaremos com boas perspectivas.

Procuro me cercar dessas notícias porque tudo tem sido muito ruim para mim. Qualquer dor já vira um caos emocional, não consigo fazer mais nada durante dias e tudo fica pior ainda.

Até o final de novembro eu estava "bem", caminhando quase diariamente, faço exercícios em casa e andando com as minhas atividades. De lá para cá, assim como a pandemia no Brasil, a coisa degringolou. Toda semana sofro com algum sintoma físico, não faço exercícios e to dormindo muito mal. O único ponto no meu corpo que parece indo bem é o meu peso: de outubro para cá perdi cerca de 11 quilos, acho que uns 4 no último mês. Não estou deixando de comer, apenas comendo menos e tentando não comer porcaria. 

Mas todo dia fico com um sentimento tão ruim, uma angústia às vezes tão grande. Aí trabalho pouco, não faço exercícios, durmo mal e quem paga é meu corpo. Aliás, nesse ponto, acho que uma coisa alimenta a outra: sinto qualquer mal estar no corpo e isso vira um gatilho para meu estado emocional desabar. 

Até quando isso?

Mesmo que a vacina demore a chegar para mim, acessar essas notícias de vacinação representa, de certa forma, a crença de que uma hora vou ver a luz no fim do túnel para mim também.



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Dois anos sem alprazolam

 Meses atrás, quando imaginava com esse dia, achei que escreveria um texto super animado, de esperança, de que dá para vencer a ansiedade sem recorrer a esses remédios. Embora a meta tenha sido alcançada, não há o que comemorar. Sim, hoje tudo o que eu queria era esse remédio para me acalmar.

Desde o início de dezembro eu venho piorando cada dia mais. Começou com uma diarreia e passei dias achando que estava com covid. Depois seguiu-se uma prisão de ventre e dores constantes na região abdominal. 

Ao mesmo tempo, começou a me bater uma tristeza muito grande e raiva de tudo. Me sentindo mal comigo mesmo, com o mundo, com essa situação em que vivemos. Triste por não poder estar com a minha família e muitas vezes me sentindo sem esperança, ao perceber que ainda vou demorar muito a estar com eles. Por várias vezes fiquei chorando de madrugada, com muita saudade da minha família.

Minha produtividade,que andava tão bem nos últimos meses do ano, também piorou. Estou demorando muito para terminar as tarefas e agora tudo está atrasado de novo. Todo dia durmo e acordo estressado com os prazos que não estou cumprindo e como estou colocando tudo a perder de novo.

Minha rotina de exercícios acabou. Desde a diarreia em dezembro, em que achei que poderia estar com covid, e com o aumento dos casos no fim do ano, estou com medo de sair. Eu, que caminhava quase todo dia em novembro, só fiz uma caminhada nesses últimos dois meses. Algumas saídas esporádicas para mercado, mas sempre com muita tensão e medo de ser infectado. Até para pegar sol no quintal (moram outras pessoas no terreno) não tenho saído.

Tenho dormido muito mal, muitas vezes dormindo pouco ou indo dormir de manhã e acordando tarde. A hora de dormir na maior parte das vezes tem sido bem difícil.

Com isso tudo, não tem dia que não sinto alguma dor no corpo. Dores abdominais, geralmente do lado inferior direito são constantes. Dores nos braços, na cabeça, também aparecem sempre.Até tento pegar um peso, mas aí quando alguma parte do corpo dói demais no outro dia, meus planos de rotina de malhação vão embora.

Semana passada fiz uns exercícios de peito e, dois dias depois, sentia uma dor muito chata no peito esquerdo. Passei uns 3 dias atento a qualquer sinal do corpo e pesquisando novamente os sintomas de quem tem infarto. Isso passou tem uns dias.

Ontem senti meu coração acelerado e hoje senti meus braços queimando, e um ponto especial do meu ombro doía muito quando eu apertava. Minha cabeça fica entre possíveis sinais de um problema grave e tentativas de convencer a mim mesmo que isso são reflexos de má postura de quem tem usado muito o notebook na cama ou sinais físicos de um desgaste emocional muito grande.

Além de todos esses sinais, ando muito irritado. Estou me aborrecendo facilmente com todas as pessoas  com quem desenvolvo alguma atividade. Tudo é motivo para eu ficar bravo e acho que as pessoas já perceberam que não ando nada simpático e dócil como sempre sou. Os apartes que tenho feito nas reuniões têm sido sempre de maneira a reclamar de algo ou alguém. E quando eu imagino que as pessoas estão percebendo esse "novo" eu, fico me sentindo culpado depois e querendo ser uma pessoa melhor.

Antigamente, eu fica recorrendo ao vick para sentir aquele cheiro relaxante. Por conta das dores musculares, comprei aquelas pomadas que ultimamente só tenho usado para sentir o cheiro da cânfora.

Sintomas físicos e emocionais que me fazem lembrar dos piores dias. Eu, que achei que estava livre disso tudo, parece que "acordei" para o eu ansioso, que não consegue ter mais controle de nada. Juro que se tivesse alprazolam aqui eu teria tomado. Pensei nele mais de uma vez nessa semana.

Amanhã tenho consulta em que pedirei exames de rotina, já que passei dos 40 e tem um ano e meio que não faço. É bem capaz de eu pedir a médica receita de um tarja preta. Não queria me sentir derrotado, de perder esses dois anos de conquista, mas tá cada dia mais difícil.

E o que me assusta mais é que não vejo perspectiva de melhora, porque o cenário externo tende a ficar igual ou pior nos próximos meses A diferença é que já são 12 meses sem ver família, quase um ano sem abraçar ou apertar a mão de alguém e quase um ano sem sair nem do meu bairro. 

Queria vir aqui nos dois anos sem alprazolam e contar histórias de esperança, mas to me sentindo tão mal...







sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

A vida que eu sonhava

 Num atendimento nessa semana me perguntaram se o que eu vivo hoje é a vida que eu sonhava quando era mais novo. Nem de longe. 

Mas não é a falta de dinheiro que me faz lamentar a vida que levo hoje. 

Só queria ser uma pessoa normal, sem as loucuras que me cabeça cria e que não me deixam ter um dia de paz. Como deve ser bom estar em paz, vivendo exatamente o dia presente, rir sem ter vergonha dos próprios dentes, comer sem ter medo de passar mal ou engordar, não passar os dias sem ter medo da morte..

Como deve ser bom aceitar a si mesmo e não ter vergonha de se mostrar ao mundo.

Que esse ano maldito passe logo e eu possa estar com a minha família. Que Deus me dê a chance de estar com eles novamente.

Essa é a vida que eu sonho agora, nada mais.