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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Já perdi a conta

Eu estava contando as semanas em quarentena, mas faz tempo que deixei de contar e me perdi nas semanas. Parte disso é porque passei algumas semanas ou meses extremamente ocupado. Outra possível razão é que contar quantas já foram ou quantas faltam talvez esteja me machucando mais.

Não vou negar que tive progressos, com sintomas de ansiedade cada vez menos frequentes. Já são 17 meses sem recorrer a um SOS, e tive poucas crises de lá pra cá. Os pensamentos hipocondríacos ainda existem, talvez diariamente, mas acho que muito menos do que há seis meses atrás. Isso certamente é um vitória, especialmente nesses tempos de pandemia. 

Se qualquer sintoma era motivo de me questionar se estava ou não com a covid, agora tenho tido poucos episódios desses, ou estou prestando menos atenção a qualquer sintoma físico.

Mas, e tenho certeza que isso acontece com todos (ansiosos ou não), os sentimentos estão bem variáveis. Se num dia me pegando cantando, em outros fico com aqueles sentimentos de que só estou esperando o tempo passar. Muito disso tem reflexo no fato de que fiz aniversário nesse período e aí vem a inevitável reflexão "o que fiz com a minha vida?".

Nas últimas semanas, tenho produzido bem pouco. Acho que quem me lê há tempos deve perceber que uso muito esse verbo. Porque estou sempre com algo pra fazer, o que não quer dizer que realmente eu faça. E aí eu procrastino no YouTube, vendo canais que o meu eu de tempos atrás nunca imaginaria gastar um minuto qualquer.

Quando não estou ocupando meu cérebro com trabalho ou com vídeos inúteis, fico tendo algumas reflexões. Até penso em vir aqui escrever, mas aí arrumo alguma coisa para fazer e até para escrever aqui eu fico procrastinando.

Assunto não falta. As lembranças da guria, saudade da família, dívidas que trazem muita coisa de volta, etc. Falta parar de fazer coisa inútil e produzir algo, seja nos trabalhos ou neste espaço em que sou quase 98% eu.