Meses atrás, quando imaginava com esse dia, achei que escreveria um texto super animado, de esperança, de que dá para vencer a ansiedade sem recorrer a esses remédios. Embora a meta tenha sido alcançada, não há o que comemorar. Sim, hoje tudo o que eu queria era esse remédio para me acalmar.
Desde o início de dezembro eu venho piorando cada dia mais. Começou com uma diarreia e passei dias achando que estava com covid. Depois seguiu-se uma prisão de ventre e dores constantes na região abdominal.
Ao mesmo tempo, começou a me bater uma tristeza muito grande e raiva de tudo. Me sentindo mal comigo mesmo, com o mundo, com essa situação em que vivemos. Triste por não poder estar com a minha família e muitas vezes me sentindo sem esperança, ao perceber que ainda vou demorar muito a estar com eles. Por várias vezes fiquei chorando de madrugada, com muita saudade da minha família.
Minha produtividade,que andava tão bem nos últimos meses do ano, também piorou. Estou demorando muito para terminar as tarefas e agora tudo está atrasado de novo. Todo dia durmo e acordo estressado com os prazos que não estou cumprindo e como estou colocando tudo a perder de novo.
Minha rotina de exercícios acabou. Desde a diarreia em dezembro, em que achei que poderia estar com covid, e com o aumento dos casos no fim do ano, estou com medo de sair. Eu, que caminhava quase todo dia em novembro, só fiz uma caminhada nesses últimos dois meses. Algumas saídas esporádicas para mercado, mas sempre com muita tensão e medo de ser infectado. Até para pegar sol no quintal (moram outras pessoas no terreno) não tenho saído.
Tenho dormido muito mal, muitas vezes dormindo pouco ou indo dormir de manhã e acordando tarde. A hora de dormir na maior parte das vezes tem sido bem difícil.
Com isso tudo, não tem dia que não sinto alguma dor no corpo. Dores abdominais, geralmente do lado inferior direito são constantes. Dores nos braços, na cabeça, também aparecem sempre.Até tento pegar um peso, mas aí quando alguma parte do corpo dói demais no outro dia, meus planos de rotina de malhação vão embora.
Semana passada fiz uns exercícios de peito e, dois dias depois, sentia uma dor muito chata no peito esquerdo. Passei uns 3 dias atento a qualquer sinal do corpo e pesquisando novamente os sintomas de quem tem infarto. Isso passou tem uns dias.
Ontem senti meu coração acelerado e hoje senti meus braços queimando, e um ponto especial do meu ombro doía muito quando eu apertava. Minha cabeça fica entre possíveis sinais de um problema grave e tentativas de convencer a mim mesmo que isso são reflexos de má postura de quem tem usado muito o notebook na cama ou sinais físicos de um desgaste emocional muito grande.
Além de todos esses sinais, ando muito irritado. Estou me aborrecendo facilmente com todas as pessoas com quem desenvolvo alguma atividade. Tudo é motivo para eu ficar bravo e acho que as pessoas já perceberam que não ando nada simpático e dócil como sempre sou. Os apartes que tenho feito nas reuniões têm sido sempre de maneira a reclamar de algo ou alguém. E quando eu imagino que as pessoas estão percebendo esse "novo" eu, fico me sentindo culpado depois e querendo ser uma pessoa melhor.
Antigamente, eu fica recorrendo ao vick para sentir aquele cheiro relaxante. Por conta das dores musculares, comprei aquelas pomadas que ultimamente só tenho usado para sentir o cheiro da cânfora.
Sintomas físicos e emocionais que me fazem lembrar dos piores dias. Eu, que achei que estava livre disso tudo, parece que "acordei" para o eu ansioso, que não consegue ter mais controle de nada. Juro que se tivesse alprazolam aqui eu teria tomado. Pensei nele mais de uma vez nessa semana.
Amanhã tenho consulta em que pedirei exames de rotina, já que passei dos 40 e tem um ano e meio que não faço. É bem capaz de eu pedir a médica receita de um tarja preta. Não queria me sentir derrotado, de perder esses dois anos de conquista, mas tá cada dia mais difícil.
E o que me assusta mais é que não vejo perspectiva de melhora, porque o cenário externo tende a ficar igual ou pior nos próximos meses A diferença é que já são 12 meses sem ver família, quase um ano sem abraçar ou apertar a mão de alguém e quase um ano sem sair nem do meu bairro.
Queria vir aqui nos dois anos sem alprazolam e contar histórias de esperança, mas to me sentindo tão mal...
Não se tu chegou a pedir a receita do tarja preta pra médica mesmo. Porém, se é pra usar remédios controlados pra dormir ou relaxar, que pelo menos seja um tarja vermelha e não preta. Sei lá, um antipsicótico que que cause sedação mas que não vicie e cause tantos transtornos depois.
ResponderExcluirOlá, amigo. Estava sentindo falta das suas interações. Espero que esteja bem, dentro do possível. Acabei não pedindo não, mas a médica insistiu para eu procurar um psiquiatra
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