É impressionante como a nossa visão muda ao longo dos anos. Eu lembro da época do vestibular, quando estudava sem parar e ao mesmo tempo sonhava com a vida que teria quando me formasse. Eu me imaginava trabalhando em uma grande empresa, tendo dinheiro, carro, casa.. tudo que minha família não teve. Também imaginava que estaria casado, com filhos.. Enfim, estaria com a vida "modelo" da galera da minha geração (e acho que de muitas também).
Por um tempo, fiz tudo o que pude para seguir esse sonho que considerava o ideal de felicidade para mim. Fiz muitos contatos na universidade, tanto no meio acadêmico quanto no mercado. Consegui trabalho logo, ganhava bem para a época e não media esforços para subir na carreira. Nunca fui desleal com ninguém mas certas coisas eu faria de maneira diferente. Passei por cima de amizades em prol da produtividade e de fazer as coisas certas na empresa. Fazer a coisa certa é bom, mas se isso envolve criar fendas irreparáveis em amizades, então não deve ser a coisa certa.
Conheci uma moça, começamos a namorar e logo estávamos morando juntos. E, no meu plano de ter mais e mais, resolvi largar uma situação boa em uma empresa para ir atrás de um sonho: ter minha própria empresa. Tinha o objetivo nobre de criar um lugar onde as pessoas tivessem o prazer de trabalhar mas meu maior objetivo era ser rico.
E nessa empresa também não medi esforços. Fui um ótimo chefe, pelo menos todos são meus amigos até hoje. Mas, na ânsia de ganhar mais e mais, perdi a noção de quantas horas eu trabalhava, virando noites, finais de semana, feriados, etc. Até no dia de Natal eu trabalhei. Nesse cenário seria fácil alcançar o objetivo de enriquecer, correto? Só que, apesar de chefe legal e capacidade técnica acima da média, eu descuidei do principal quando se tem uma empresa: a gestão.
Então caí num processo de pegar mais trabalho para pagar as contas mal planejadas, atrasava os existentes, queimei meu filme em muitos lugares e só me endividei mais, tanto na pessoa jurídica como na pessoa física. Mas, apesar de ambicioso, eu mantinha a preocupação com as pessoas. Parte da minha dívida pessoal começou quando eu não queria dispensar o pessoal que trabalhava comigo e peguei empréstimos e mais empréstimos. Tb descuidei de obrigação que todo empresário tem pq não admitia que o pessoal ficasse sem receber e pra mim isso era prioridade. Outro erro era não dar a liberdade suficiente para eles errarem e aprenderem com isso. Eu era quase uma babá do pessoal que trabalhava comigo.
Depois de um tempo, já tendo levado um chute da namorada/esposa, não tinha mais como manter todos e tive que dispensar. Mas fiz uma coisa que sempre procuro me lembrar quando me sinto mal com qq coisa: graças a minha grande rede de contatos, consegui realocar todos em empresas de colegas. Hoje vejo que poderia ter feito isso quando vi que não os conseguiria manter comigo. Mas fico feliz de ver que todos estão bem estabelecidos no mercado.
Abreviando, a empresa foi a bancarrota, não fiquei com dinheiro, esposa e nada de material que imaginei no meu mundo ideal de felicidade. Também estava distanciado dos meus amigos e da família, porque trabalhava sem parar para pagar as dívidas e nunca abria tempo para estar com eles.
Depois de uns 2 anos que dispensei todos e estava em uma oportunidade de trabalho, foi quando apareceu aquela que muitas vezes considero uma dádiva: a ansiedade. Outro dia conto como foram esses meses até saber o que eu tinha, mas a ansiedade me mostrou aquilo que a minha ganância não me deixou enxergar por anos. Eu já tinha a maior riqueza que uma pessoa pode ter. Porque foi nesse período de tantas crises que todas as pessoas que eu havia afastado de mim estavam procurando me ajudar, entender o que eu estava passando e me apoiando. Minha família e meus amigos me ajudaram como nunca e eu percebi que corri tempo demais atrás do dinheiro quando poderia ter dedicado tempo às pessoas que sempre estiveram comigo.
De lá para cá, vejo que estou em processo de franca evolução como ser humano. Eu não era uma pessoa ruim no passado, tenho certeza que fiz muitas coisas boas e mesmo quando errei, nunca foi com intenção de ser desonesto ou prejudicar alguém. Por ter passado muito aperto quando era criança, eu só enxergava felicidade numa vida de posses. E fiz tudo o que achava necessário para alcançar isso. E quanto mais eu corria atrás do dinheiro mais eu me afastava dele e principalmente me afastava da felicidade real.
E tudo que vem acontecendo nesses últimos 5 anos têm me feito uma pessoa melhor. Claro que fraquejei nesses anos e muitas vezes. Mas especialmente depois dos últimos 2 anos, com um sonho quase realizado, consigo enxergar claramente qual meu mundo de felicidade e sinto que estou cada vez mais perto de encontrar a resposta sobre qual é o meu papel nesse mundo. Isso foi confirmado quando fiz um teste de perfil de carreira. Eu já sabia mas foi legal ver uma avaliação externa.
Talvez eu ainda pegue uma oportunidade que me traga retorno financeiro rápido pois ainda tenho muitos erros do passado para consertar. Mas está claríssimo para mim qual é meu horizonte de felicidade profissional/pessoal e que não devo mais colocar barreiras para buscar isso.
Além disso, me desapeguei completamente de questões materiais. Não que pense ainda em viver apenas com uma mochila com poucas dezenas de itens, mas minha ambição passa longe de ter um carro caro, um celular moderno ou uma casa para impressionar. O que quero, na verdade, é sentir que estou contribuindo para esse mundo e ajudando pessoas como tantas vezes fui ajudado.
E é interessante notar que eu tive vários sinais ao longo da minha vida de qual era a minha verdadeira vocação, mesmo nas épocas em que buscava ser rico. E agora vejo as coisas de uma maneira cada vez mais clara e me sinto bem com isso, mesmo tendo crises com alguma frequência ou sofrendo com algumas situações. Mas o que está cada vez mais forte em mim é a esperança de que vou finalmente trilhar o meu verdadeiro caminho da felicidade.
Venho aqui de tempos em tempos para tentar organizar meus pensamentos e, anonimamente, expurgar tudo o que me sufoca.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Essas escolhas...
Pra variar estou chegando numa fase que preciso fazer escolhas e sempre sofro com isso. Tenho basicamente duas opções
A) Buscar oportunidades na carreira onde tenho larga experiência
B) Buscar oportunidades na carreira que quero pro resto da minha vida
Teoricamente a opção B seria a opção fácil, certo? Não pra mim. Pq avalio mil cenários e fico meses para decidir uma coisa. Na verdade, a opção B vai acontecer. A minha dúvida é se foco na busca agora ou se deixo para daqui a um tempo.
Estou na casa da minha mãe, mas por mais que ame a minha mãe e me preocupe com ela (além da medida), eu sinto falta do meu espaço. Ela faz de tudo para me deixar a vontade mas com tantos anos morando só, não consigo dividir casa com ninguém. Aliás acho que esse é um dos motivos pelos quais acho muito difícil que vá casar de novo. Eu amo meu espaço, amo estar só em alguns momentos. e gosto muito do silêncio.
E o que isso tem a ver com as minhas escolhas. Bem, a opção B, embora seja o sonho da minha vida, não me dará rendimentos suficientes ainda para que eu possa ter meu espaço. Afinal, ainda tenho tenho um legado financeiro imenso para pagar. Por isso a opção A parece ser aquela que em curto prazo me dará essa liberdade e a possibilidade de resolver essas coisas, até que eu esteja livre de verdade para seguir meus sonhos.
Por outro lado, tenho pensando muito na questão de buscar a felicidade na minha vida e acho que já passei tempo demais correndo atrás do dinheiro. Fico vendo pessoas que passam a vida trabalhando em algo que não é do seu sonho pq precisa ter casa, carro, viajar pra fora, etc, etc, etc. Mas cada vez tenho a certeza de que a vida é um sopro e que preciso não ficar adiando a busca da minha felicidade.
Isso me lembra um filme alemão que me indicaram uma vez, The Edukators, que tem muitas dessas reflexões. Olho os números e fico pensando que será que vale a pena ficar mais uns anos adiando meus sonhos só para resolver os problemas que causei? Não que precise ignorá-los, mas talvez equilibrar as coisas de modo que possa resolver o legado sem deixar de lado a busca do meu sonho. Sei que no futuro a carreira B me dará quase o que poderei ganhar hj com a carreira A. Mas isso, como não sou muito experiente no nicho que quero, levará um bom tempo.
Olhando tudo que escrevi, acho que fica claro para onde a balança está indo.
A) Buscar oportunidades na carreira onde tenho larga experiência
B) Buscar oportunidades na carreira que quero pro resto da minha vida
Teoricamente a opção B seria a opção fácil, certo? Não pra mim. Pq avalio mil cenários e fico meses para decidir uma coisa. Na verdade, a opção B vai acontecer. A minha dúvida é se foco na busca agora ou se deixo para daqui a um tempo.
Estou na casa da minha mãe, mas por mais que ame a minha mãe e me preocupe com ela (além da medida), eu sinto falta do meu espaço. Ela faz de tudo para me deixar a vontade mas com tantos anos morando só, não consigo dividir casa com ninguém. Aliás acho que esse é um dos motivos pelos quais acho muito difícil que vá casar de novo. Eu amo meu espaço, amo estar só em alguns momentos. e gosto muito do silêncio.
E o que isso tem a ver com as minhas escolhas. Bem, a opção B, embora seja o sonho da minha vida, não me dará rendimentos suficientes ainda para que eu possa ter meu espaço. Afinal, ainda tenho tenho um legado financeiro imenso para pagar. Por isso a opção A parece ser aquela que em curto prazo me dará essa liberdade e a possibilidade de resolver essas coisas, até que eu esteja livre de verdade para seguir meus sonhos.
Por outro lado, tenho pensando muito na questão de buscar a felicidade na minha vida e acho que já passei tempo demais correndo atrás do dinheiro. Fico vendo pessoas que passam a vida trabalhando em algo que não é do seu sonho pq precisa ter casa, carro, viajar pra fora, etc, etc, etc. Mas cada vez tenho a certeza de que a vida é um sopro e que preciso não ficar adiando a busca da minha felicidade.
Isso me lembra um filme alemão que me indicaram uma vez, The Edukators, que tem muitas dessas reflexões. Olho os números e fico pensando que será que vale a pena ficar mais uns anos adiando meus sonhos só para resolver os problemas que causei? Não que precise ignorá-los, mas talvez equilibrar as coisas de modo que possa resolver o legado sem deixar de lado a busca do meu sonho. Sei que no futuro a carreira B me dará quase o que poderei ganhar hj com a carreira A. Mas isso, como não sou muito experiente no nicho que quero, levará um bom tempo.
Olhando tudo que escrevi, acho que fica claro para onde a balança está indo.
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
2016 e nova/velha casa
Ontem fiz minha n mudança de cidade na minha vida. Não foram muitas cidades na minha vida (6 em 2 estados) mas se contar as vezes que morei em cada uma, acho que dá fácil mais de 10 mudanças de cidade. Fiz as contas e acho que já mobiliei umas 3 casas nessa vida, quando achava que ia criar raízes em algum lugar. Da última eu fui mais perto. Como sabia que não ficaria mais de 2 anos, comprei apenas o suficiente para o período e que fosse fácil de me desfazer. Mesmo assim, acho que foram umas 8 bolsas/mochilas de coisa na vinda para cá. Perto de quem eu era no passado, até que foi pouco mas ainda muita coisa para alguém que tem dificuldades de criar raízes.
De uns anos para cá, após essas mudanças constantes, comecei a ver o quanto gastava dinheiro e energia com coisas que mal usaria ou que iria me desfazer em pouco tempo. A cada mudança, a quantidade de itens materiais que levava diminuía. Eu era uma pessoa extremamente materialista e hoje certamente sou bem diferente. Mas sinto que ainda preciso melhorar nisso, visto que 8 mochilas de coisas ainda é muita coisa para quem nem sabe onde estará no mês que vem.
Pois é, vim para onde estou agora de forma temporária pela terceira vez na vida, até me ajeitar. Claro que é ótimo eu ter para onde voltar nesses momentos de indefinição, mas mal cheguei e já sinto que preciso dar um rumo na vida, de modo que eu venha aqui apenas como visita.
Mas mais importante do que a questão simbólica está o fato de que depois que vc mora só, a dificuldade para se adaptar em um espaço que não é seu é muito maior. Porque ao longo dos anos, adquirimos manias e estilos de vida que podem ser incompatíveis com o de outras pessoas, principalmente sob o mesmo teto.
Por isso tudo, não penso mais em ter família como sempre pensei quando era mais novo. Não digo que não vá acontecer, mas simplesmente a ideia de compartilhar o espaço e minha vida 24 hs por dia simplesmente me assusta. Mas quem sabe do futuro?
De qq forma, o ano já começou a toda e tenho me mantido ocupado com as várias coisas que preciso resolver sem olhar muito a longo prazo. Acho que isso tem sido bom para mim, pois não tem me dado muito espaço para pensamentos negativos além, é claro, de andar com as coisas que estavam paradas.
Como resultado, acho que em breve me mudarei de novo, já que aqui onde estou é muito fraco de oportunidades na minha área. Além do mais, para andar com minha carreira acadêmica preciso voltar para onde estava ano passado ou atravesse para o outro lado de Dutra de novo. Tudo vai depender de onde eu conseguir oportunidades na minha área. A questão acadêmica vai acabar sendo o desdobramento disso, já que preciso equilibrar minhas finanças. Não para ter coisas, já que não ligo para isso, mas para me livrar do enorme passivo que me tira o sono e que limita as minhas possibilidades de carreira.
Então, o foco para 2016 é resolver isso de uma vez e tirar essa imensa bola de ferro presa na minha canela. Se esquecer obviamente que tenho que terminar até março o que comecei no passado.
De uns anos para cá, após essas mudanças constantes, comecei a ver o quanto gastava dinheiro e energia com coisas que mal usaria ou que iria me desfazer em pouco tempo. A cada mudança, a quantidade de itens materiais que levava diminuía. Eu era uma pessoa extremamente materialista e hoje certamente sou bem diferente. Mas sinto que ainda preciso melhorar nisso, visto que 8 mochilas de coisas ainda é muita coisa para quem nem sabe onde estará no mês que vem.
Pois é, vim para onde estou agora de forma temporária pela terceira vez na vida, até me ajeitar. Claro que é ótimo eu ter para onde voltar nesses momentos de indefinição, mas mal cheguei e já sinto que preciso dar um rumo na vida, de modo que eu venha aqui apenas como visita.
Mas mais importante do que a questão simbólica está o fato de que depois que vc mora só, a dificuldade para se adaptar em um espaço que não é seu é muito maior. Porque ao longo dos anos, adquirimos manias e estilos de vida que podem ser incompatíveis com o de outras pessoas, principalmente sob o mesmo teto.
Por isso tudo, não penso mais em ter família como sempre pensei quando era mais novo. Não digo que não vá acontecer, mas simplesmente a ideia de compartilhar o espaço e minha vida 24 hs por dia simplesmente me assusta. Mas quem sabe do futuro?
De qq forma, o ano já começou a toda e tenho me mantido ocupado com as várias coisas que preciso resolver sem olhar muito a longo prazo. Acho que isso tem sido bom para mim, pois não tem me dado muito espaço para pensamentos negativos além, é claro, de andar com as coisas que estavam paradas.
Como resultado, acho que em breve me mudarei de novo, já que aqui onde estou é muito fraco de oportunidades na minha área. Além do mais, para andar com minha carreira acadêmica preciso voltar para onde estava ano passado ou atravesse para o outro lado de Dutra de novo. Tudo vai depender de onde eu conseguir oportunidades na minha área. A questão acadêmica vai acabar sendo o desdobramento disso, já que preciso equilibrar minhas finanças. Não para ter coisas, já que não ligo para isso, mas para me livrar do enorme passivo que me tira o sono e que limita as minhas possibilidades de carreira.
Então, o foco para 2016 é resolver isso de uma vez e tirar essa imensa bola de ferro presa na minha canela. Se esquecer obviamente que tenho que terminar até março o que comecei no passado.
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