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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Hipocondríaco 2019

Coloquei 2019 porque acho que acabo repetindo o título das postagens, até porque os assuntos são recorrentes e talvez porque esse tenha sido o principal tema que ocupou minha mente nesse ano que está terminando. Embora ache que o termo hipocondria não seja o mais correto (não lembro o novo nome do transtorno), vou manter esse por ser mais comum.

Seguem alguns números de 2019:

Esse ano passei pelas seguintes especialidades (incluindo retornos):

- Clinica médica: 6x
- Cardiologia: 2x
- Ortopedia: 4x
- Nutricionista: 3x
- Dentista: 5x
- Otorrinolaringologista: 3x

Em média, eu fui a dois profissionais de saúde por mês e fiz quase um exame por mês. Alguns desses eu faço todo ano, desde os 35, embora meu médico atual não ache que eu precise e a médica anterior sempre pedia.

Fico lembrando quantas vezes eu fui a médico durante a minha graduação inteira (entre 15-20 anos atrás). Eu devo ter ido mas não consigo me lembrar de uma consulta sequer, com exceção de dentista.  Lembro também que desde que comecei a ter crises de ansiedade esse número aumenta a cada ano. Ou seja, dos 18 aos 29 anos, mal me consigo me lembrar de consultas médicas, enquanto depois disso fui a mais de uma vez por ano.

Problemas de saúde? Acho que não muito diferente do meu perfil: colesterol alto, pressão e açúcar. Fora isso, não tenho outros problemas físicos. E, para esses problemas, eu tomo remédio já faz um bom tempo e os números esse ano estiveram bons no segundo semestre.

Então, por que fui a tantas consultas e fiz tantos exames além do meu próprio padrão? Bem, convivi esse ano com doenças que eu achava que tinha. A dor no peito, que me acompanha desde maio, é origem do pensamento constante de que posso ter um infarto a qualquer momento. Meu médico disse que estou bem e que não deveria ficar preocupado com isso. Mas sempre fica aquele pensamento de que o diagnóstico dele está errado ( mesmo diagnóstico da cardiologista).

Qualquer sensação no corpo já me leva a pensar imediatamente em alguma doença grave. A mais recente é uma dor na perna, perto da região pélvica, que às vezes parece ser na própria região pélvica. Aí já fico achando que estou com algum problema na próstata, especialmente porque tive dois casos na família. Um lado meu diz que provavelmente se deve a um exercício mal feito (ou minha própria postura de usar o computador na cama, deitado sobre essa parte do corpo). E um outro lado fica me dizendo que posso estar muito doente, embora o exame que mede essas coisas de próstata tenha dado normal em 2018 (esse ano ninguém pediu).

Esses pensamentos sobre dor muscular ou problema de próstata é um exemplo recente do que me aconteceu o ano inteiro, com doenças diferentes. E como eu queria me livrar desses pensamentos ou, pelo menos, que não me atormentassem tanto. Deixo de aproveitar os momentos porque não paro de pensar nisso e nem de ficar observando essas sensações no meu corpo.

Estava ontem na praia e foram poucos minutos que consegui ter sem que pensasse nessas coisas. E lá eu pensava em como vivi pouco esse ano, porque minha cabeça estava em possíveis doenças que eu poderia ter. O ano passou e praticamente fiquei em função de doenças. Fiz muita coisa legal, é verdade. Mas vivi preocupado a maior parte de 2019. E preocupação não se mistura com paz, que é tudo o que mais quero para 2020.

Tive grandes avanços, eu acho. A última vez que recorri ao alprazolam foi em fevereiro. Tive alguns momentos nervosos, mas nada perto de pensar em recorrer ao SOS pra me acalmar. Acho que isso tem que ser comemorado sim. Mas...

Eu gostaria tanto de relaxar. De aproveitar melhor a companhia das pessoas. De aproveitar melhor um momento com a natureza, observando as pequenas coisas. De estar na praia e me sentir feliz por estar lá. De me concentrar nas tarefas que gosto de fazer e não ficar prestando atenção o tempo todo a qualquer sensação do meu corpo, quase que como num autoexame constante.

Talvez eu esteja conseguindo vencer o pior da ansiedade. Mas preciso parar de pensar em doenças o tempo inteiro e aproveitar mais a vida. Porque essa tem passado tão rápido...


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Final de ano chegando

Mais um ano se encerrando e geralmente fico menos animado nessa época do que em outras. Talvez seja porque é uma época que as pessoas fazem planos e eu perceba que fiz muito pouco do que pensei no ano anterior. Ou a sensação de que estou ficando mais velho e a sentimento de solidão me dói mais do que o normal.

Aliás, essa questão da idade tem sido recorrente nas minhas reflexões diárias. Tem dias que sinto que a vida está acabando e daqui pra frente é só esperar a morte chegar. Ou vem a sensação de que vou envelhecer sozinho. Tem dias que bate desespero ao imagina que, se não mudar tudo, estarei completamente só porque muitos da minha família e amigos terão ido e não terei mais ninguém pra conviver. Sem contar a questão financeira, já que não terei como me sustentar quando for idoso.

Racionalmente eu poderia trabalhar esses sentimentos trocando por viver mais o agora. Aproveitar as pessoas que estão comigo, trabalhar na carreira pensando no futuro, construir um colchão para que não passe fome quando idoso, e por aí vai. Até melhorei em algumas dessas coisas esse ano. Tenho me esforçado para procurar mais os amigos, trabalhado em várias iniciativas que serão boas para meu futuro, estado mais com a família..Tenho feito alguns planos que em muitos momentos me trazem boa animação e o sentimento de que estou contribuindo para um mundo melhor.

Mas aí aparece a angústia...

Angústia de que devo tanto que ficarei pagando dívida por no mínimo mais uns 6-7 anos, se continuar pagando o que pago hoje. Quando isso acabar, eu estarei perto dos 50 anos e tenho a sensação de que não existirá mais nada para fazer. Sei que isso é estupidez, pois tenho pessoas bem próximas a mim, com mais de 65, que são pessoas bem vibrantes, trabalhando incansavelmente e aproveitando a vida. Deveria aprender com a minha mãe, a melhor pessoa que eu conheço. E quando penso nela, me garganta aperta, porque não sei o que será da minha vida quando ela não estiver mais aqui.

Novamente, aqui eu poderia trocar esses pensamentos por tentar estar mais com ela.

Tenho feito coisas bem legais, que tem a vem com o que enxergo como meu propósito de vida. Mas nada disso resolve os problemas que tenho. Então, tem momentos que penso em parar tudo que estou fazendo e fazer como a maioria das pessoas: trabalhando pra pagar as contas, sem lutar por coisas "maiores". Porque foi tudo que fiz desde a época da faculdade: me achando especial demais para não fazer como a maioria e sempre buscando fazer algo "grande". Acho que no doutorado tem sido assim também. E o tempo vai passando...

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Essa semana completou 10 meses que não tomo alprazolam. Não vou dizer que estou com ansiedade zero. Vira a mexe me sinto ansioso, com dificuldade pra dormir em boa parte dos dias e muitas vezes desanimado. Mas não tenho ficado a ponto de recorrer a um remédio. Vou ficar feliz se conseguir completar um ano.

É fato que estou bem ocupado, mas sem a pressão de outros tempos. Além disso, faz 6 meses que não tomo café e tenho feito algum tipo de exercício de 2 a 3 vezes por semana.

E ainda tem o fator alimentação: ando estudando sobre isso e estou com um post-rascunho há uns dois meses sobre o assunto. Quero desenvolver mais sobre o que tenho aprendido para compartilhar com todxs. Mas, tudo tem passado por cuidar da minha alimentação, com raros abusos. Sem contar que ando cuidando bem da parte intestinal, consumindo iogurte de kefir. Além do benefício nutricional, ter esse bichos em casa nos faz também ter uma rotina, algo que é tão caro para mim.

Mas preparo um post melhor sobre o assunto assim que for possível. Caso tenham curiosidade: leiam a fundo sobre "o intestino é o nosso segundo cérebro". Quando se lê sobre a química dos transtornos, muitas coisas se encaixam.

domingo, 10 de novembro de 2019

Sobre planos

Aproveitando o assunto da postagem anterior e o comentário do amigo Skull, tenho pensado muito nos planos que tive, nos que eu não tenho agora e no que eu deveria pensar para o futuro. Sinceramente, acho que tenho perdido tempo com muita coisa mas que, bem ou mal, me fazem esquecer um pouco da minha vida. E aí levo um bom tempo lendo matérias, vendo lives, ouvindo músicas e por aí vai.

Não que não sejam coisas boas de fazer, mas isso tem ocupado tempo demais dos meus dias ultimamente. Enquanto escrevo, penso que esse exagero pode ser uma fuga do que eu tenho realmente que pensar: o futuro.

Mas, quando penso no futuro, é impossível não pensar no passado, nas várias coisas que não cumpri e no quanto falhei. Dizem que mais difícil do que perdoar os outros é perdoar a si mesmo. Talvez seja, porque eu acabo guardando muito mais mágoa de mim do que de outras pessoas que me causaram algum tipo de chateação.

Estava pensando esses dias, enquanto preparava uma apresentação para a faculdade, no quanto faltou humildade para mim em muitas coisas e isso certamente foi a causa de muitos fracassos meus.

Na época de escola, sempre estive entre os melhores da classe, geralmente era o melhor. E lembro que eu tinha uma certa motivação nisso, em tentar tirar sempre a maior nota entre todos. Quanta bobagem... Claro que isso me motivou a sempre estudar mais, mas competir com outros nunca pode o objetivo primordial no processo de aprendizagem.

Aí, quando entrei na faculdade que era a melhor no meu curso, tive o choque de realidade. Eu, que era um dos melhores na escola, passei toda a minha graduação entre os piores. E aí, já que não era mais destaque naquilo que cresci sendo, fui me envolver com outras atividades estudantis. Até fui bem conhecido naquela época, mas de novo meu foco era buscar confete e não fazer coisas legais. E me envolvi tanto com essas atividades que demorei muito a me formar, porque acaba me dedicando menos aos estudos.

Antes de me formar, abri uma empresa. E com ela fiquei um pouco mais de 10 anos, de novo com objetivo de ser destaque. Até por conta disso, pegava muito mais trabalho do que poderia fazer, buscava coisas que me rendiam mais mídia do que dinheiro e por aí vai. De novo, a vaidade me jogou no buraco, porque eu não aceitava que estava perdendo e não fechava logo a empresa. Não admitia que tinha fracassado, porque ainda achava que poderia conseguir cumprir o plano que tinha de construir uma empresa que todos quisessem trabalhar e que fosse diferente das outras.

Conheci alguns que estava na mesma luta que eu. Dois esses, inclusive, construíram empresas que passaram de 1 bi de valor de mercado, sem exagero. O eu de antigamente até ficaria com inveja ou tentaria desmerecer a conquista desses. O eu de agora acha muito legal ver que conhecidos meus conquistaram algo que muitos de nós sonhávamos há 15 anos atrás. E vejo muitas qualidades neles, essenciais para isso, que não vejo em mim.

Hoje não tenho mais essa ambição de ter uma empresa estilo Google. Mas, mais do que ter ou não ter ambição, a realidade me mostra que não tenho a competência que esses conhecidos têm e que os levaram onde estão hoje. Não me sinto para baixo vendo o sucesso deles, me sinto pra baixo porque eu tentei ser eles, sem me dar conta da realidade e de quem eu sou de verdade.

E voltando para a parte intelectual, acho que nem nisso tive sucesso. Eu, na minha imensa arrogância, me achava mais inteligente que todos e que esse plano das pessoas de "ter um bom emprego" era pequeno demais para mim, como se eu estivesse destinado a coisas maiores. E aí invisto numa carreira acadêmica, agora como doutorando. E, de novo, a vida de pesquisador te coloca várias tentações que mexem com a sua vaidade. Confesso que ainda me pego agindo mais de acordo com a minha vaidade do que com objetivos mais concretos, de coisas que realmente façam a diferença na minha vida.

E os sentimentos de fracasso aparecem de novo, o tempo vai passando e estou ficando com menos possibilidades e energia para novas empreitadas. Talvez eu devesse aceitar que não nasci para ser a estrela que algumas pessoas que conheço são e ser feliz com o que eu tenho de verdade. Muita gente parece viver muito bem com a vida que eu sempre desprezei e talvez eu pudesse ser feliz assim também.

sábado, 2 de novembro de 2019

Pra que?

Estava vendo um vídeo no YouTube sobre a crise da meia idade e coloquei um comentário que reflete bem o que ando sentindo. Perguntava "Pra que?" e comentava que não via mais sentido em nada porque tinha o sentimento que estava tudo acabado.

Passei dos 40 e pode parecer um absurdo falar isso, já que muita gente que fala do assunto diz que essa fase da vida é quando podemos realizar as coisas que não poderíamos antes. Além do mais, vejo vários exemplos próximos de pessoas mais velhas do que eu, com vários planos e iniciativas, com uma energia que eu queria ter.

Mas o fato é que estou sem essa energia que eu tinha há 20 anos atrás. Ando desmotivado a maior parte das vezes e me questionando qual o sentido de tudo o que tenho feito hoje. Sim, estou envolvido em várias coisas ao mesmo tempo, com iniciativas que parecem coisas boas tanto para mim quanto para outras pessoas. No entanto, existem momentos que olho e penso: "Pra que?".

Além disso, tem vindo com alguma frequência o sentimento de que fracassei em tudo que planejei para mim quanto tinha meus vinte anos. Não tenho a tranquilidade financeira que achei que teria, moro de aluguel, não tenho uma família (me refiro a esposa e filhos) e por aí vai. Esses fatos têm batido a minha porta toda semana e o sentimento fica pior quando me sinto sem perspectiva de mudança, aquele sentimento de que daqui a 20 anos continuarei com problemas financeiros, sozinho e morando de aluguel.

Sei que o poder para mudar tudo isso está todo na minha mão. Isso para mim é absolutamente claro. Mas me sinto sem forças e me questionando: "Pra que?".

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

6 meses sem alprazolam

Como sou muito ligado em números, estava contando o tempo sem o alprazolam. Até como meta mesmo, para ver quanto tempo eu ficaria sem recorrer ao SOS. E cheguei aos 6 meses!

Não vou dizer que não tive momentos ansiosos nesse período. Tive, mas nada que chegasse a ponto de precisar do remédio. Isso me deixa feliz, porque me dá a sensação que estou conseguindo lidar de alguma forma com a ansiedade.

Os pensamentos ruins vem, é claro, quase todo dia. Qualquer dor já é motivo pra pensar em alguma doença grave. De tempos em tempos vem também aquela sensação de "o que eu fiz da minha vida?", como se eu já caminhasse para o final dela e não tivesse muito mais a viver. Mas tenho procurado não alimentar esses pensamentos e me ocupar com algo.

O que fiz nesses seis meses então?

A primeira coisa é em relação a exercícios. Tenho ido com alguma regularidade, com alguns buracos semanais, mas posso dizer que faço exercícios sempre. E sempre saio da academia melhor do que entrei, não importa quanto de exercício tenho feito lá.

A outra coisa, e faz dois meses nessa semana, é em relação ao café. Eu adoro tomar café, mas resolvi cortar da minha vida, imaginando que isso pode afetar meu estado. Acho que quando comecei a ter a ansiedade, eu tomava muito café e vivia num ambiente estressante. Sei que não é resultado de um fator só, mas inegavelmente o excesso de café afeta o cérebro. Então resolvi simplesmente cortar e ver como me saio. Até agora indo bem.

Tenho procurado sempre estar com alguém, visitando parentes, vendo amigos ou não recusando convites de almoço com colegas de universidade. Mesmo que eu queira ficar só ou esteja com preguiça de sair de casa, me esforço para não ficar muito tempo sem interagir com alguém. Isso deveria ser algo normal mas para mim é sempre um esforço.

Sempre me disseram que sou muito acelerado, eu mesmo sinto isso. Então, coloquei um freio até nas coisas mais banais. Na hora de comer, fico contando mastigadas e não ficar engolindo a comida. Para andar de um lugar ao outro, vigio as minhas passadas (todo mundo fala que eu ando muito rápido). Em pequenas coisas tento ir mais devagar.

O que tem funcionado para mim não necessariamente funcionará para outras pessoas. Mas tenho experimentado essas mudanças e vendo resultados, ajustando sempre que achar necessário. Espero que cada um descubra suas formas de lidar com a ansiedade, lembrando que é um dia de cada vez.


sexta-feira, 12 de julho de 2019

A vida depois dos 65 anos

Alguns acontecimentos parecem que aumentaram minhas reflexões sobre o que foi a minha vida e o que vem pela frente. Ando pensando demais nisso e confesso que essas reflexões tem me causado mais incômodo do que algum tipo de satisfação.

Recentemente completei 41 anos, embora ainda me sinta como aquele estudante que saiu da casa da mãe aos 19 anos.  Acho que a cada aniversário ando mais melancólico do que antes. No entanto, tanto esse ano quanto o ano passado tive um pequeno sentimento de alívio em saber que consegui mais um ano e passei dos 40, ao contrário do que me disseram anos atrás.

O outro acontecimento é que um problema bateu na minha porta: recebi uma carta da Receita Federal listando as dívidas da minha empresa e informando que elas passariam para o meu nome. Até aí, nada que não esperasse ou não soubesse. As dívidas da minha empresa são reflexo de tanta coisa errada que eu fiz, principalmente porque fui teimoso e não aceitando que deveria ter parado, aceitando a derrota. Meu orgulho me colocou com esse enorme passivo. Eu nunca tinha um número exato mas a tal carta me mostrou: em torno de 66 mil reais, sem contar os débitos com impostos municipais (mais uns 10 mil).

Por fim, a famigerada Reforma da Previdência. Desconsidero aqui a minha opinião sobre esse assunto e o que ela vai causar na vida dos mais pobres, porque o foco aqui é falar sobre mim. A reforma me estimulou a pensar como será minha vida quando eu estiver na terceira idade. E os números me deixaram muito deprimido. Só tenho 12 anos de contribuição por absoluta desorganização minha. Fazendo as contas simples, se eu contribuir por mais 3 anos, atingirei um pré-requisito para me aposentar por idade, aos 65 anos. Só que isso não me tranquiliza porque, nessas condições, o que eu receberia de aposentadoria não pagaria nem um aluguel. Ou seja, se eu não fizer nada, morrerei de fome quando for idoso.

Então, olhando como deverá ser a minha vida daqui para frente, tenho duas "motivações" principais: pagar minhas dívidas e juntar dinheiro para ter um final de vida sem passar fome. Em certos momentos me bate um desespero em sentir que estarei sozinho, sem mãe, sem casa e sem dinheiro para necessidades básicas que qualquer idoso tem.

Sei que parece muita ingratidão da minha parte, porque sei que tem muita gente em situação muito pior do que a minha. Mas não consigo deixar de me sentir mal, porque parece que a única perspectiva que vejo para mim é pagar pelos erros do passado e lutar pela sobrevivência depois dos 65 anos. Isso, perto de tudo o que sonhei para mim, é tão pouco e tão diferente do que imaginei...

Tenho vários desejos de contribuir para um mundo melhor através da minha pesquisa. Mas cada vez parece mais difícil trabalhar por esse propósito, porque tenho que pagar pelos meus erros e trabalhar para juntar dinheiro e não viver em condição miserável depois dos 65. Sei que não deixa de ser uma motivação mas...


quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mais uma primavera X

A demora em escrever se deve a dois fatores: falta de tempo e inspiração. Não que faltem reflexões, muito pelo contrário, mas acho que tem me faltado algo para tirar da cabeça e colocar no "papel".

Essa semana completei mais um ano de vida e acho que sempre fico tenso nessa época do ano. Pode ser aquele momento de lembrar que tudo o que vivo hoje é muito diferente do que sonhei quando mais novo. Mas também pode ser aquela voz que fica na cabeça: "você está ficando velho, precisa dar um jeito na sua vida". Não sei, embora ache mais provável essa segunda hipótese.

As coisas têm andado por um lado e retrocederam em outras questões. Nos últimos 30 dias, fui uma vez a academia, inicialmente por dores no peito e depois por motivos diversos (=enrolação minha). Estava indo bem evitando café, mas já me vi tomando quase todo dia. Estou em um congresso e só hoje tomei 3 vezes.

Tenho tido dores de cabeça, especialmente entre os olhos. Acho que é algo com minha visão/óculos. Os pensamentos de dores, doenças e tragédias têm me ocupado mais do que nos últimos 3 meses. E aí não sei o que é causa/efeito. Se a distância dos exercícios e o consumo do café ou se esses retrocessos são frutos de um estado ansioso. Como pesquisador essas coisas me intrigam e como paciente isso me faz pensar/lamentar/preocupar.

Mas falemos de coisas boas: em assuntos acadêmicos consegui importantes avanços, que podem fazer as coisas andarem bem no segundo semestre. Só preciso me focar nessas vitórias e não me abater tanto com as derrotas.

P:S: coloquei X no título do post porque acho que já postei alguma vez com esse mesmo título. Duro é se já usei a mesma estratégia (X) antes...

sábado, 11 de maio de 2019

Três meses sem alprazolam

Hoje completei 3 meses sem pedir socorro ao alprazolam. Estou tentando buscar na memória aqui, mas não lembro de quando foi a última vez que fiquei tanto tempo sem recorrer ao SOS. Tive períodos de um mês a pouco mais de um mês, mas 3 meses realmente não lembro. Acho que a última vez que comprei esse remédio foi em julho do ano passado e ainda devo ter quase uma caixa. Algo para se comemorar, não?

Tenho andado menos ansioso? Bem, não tenho tido dias bons nas últimas semanas, mas acho que há uma evolução. Acontece de vez em quando alguns momentos de ansiedade de pensamentos ruins, mas nada que me leve a recorrer a um SOS.

Acho que duas coisas foram fundamentais: ando com muito compromisso na faculdade e tenho mantido alguma regularidade nos exercícios físicos. Se não me curou, pelo menos tenho tido menos crises do que no último ano, ou mesmo de janeiro a fevereiro desse ano.

Os pensamentos de morte e doenças não me largam. Qualquer dor que sinto já é motivo para pensar em algo muito ruim acontecendo comigo. Se leio uma notícia ruim sobre alguém, já  imagino o mesmo acontecendo comigo. De ontem para hoje fiquei sentindo dores no perto, que começaram enquanto malhava ontem. Embora a explicação mais lógica foi que eu trabalhei justamente essa área ontem, a persistência nas dores me incomoda o tempo todo, a ponto de eu ficar a toda hora tocando meu peito para saber se a dor se é no osso mesmo. Já tive isso outras vezes da minha vida e acho que já devo ter publicado nesse blog como me senti.

E, embora tenha muito a comemorar sobre os 3 meses sem SOS, esse sentimento de vigília constante me incomoda muito, pois são raros os momentos que me sinto em paz sem pensar se estou morrendo, sozinho ou me sentindo fracassado. A maior parte do meu dia é tomado com pensamentos como esses. Tem dias que fico sem vontade de sair de casa, mesmo quando tenho compromissos fora. Já me vi dando desculpas para algumas ausências, coisa que fiz bastante nos anos de 2010-2012, o que fechou muitas portas para mim. Preciso lutar contra isso.

Acho que preciso manter o que tem dado certo e tentar fazer terapia. A partir da outra semana, vou tentar atendimento psicológico em um posto de saúde perto de onde moro agora. Se não der certo, vou ter que pensar em outra forma de atendimento.





domingo, 28 de abril de 2019

Vigilância constante

Nesses meus 10 anos com a ansiedade, já tive diversos sintomas, cada um com um grau maior ou menor dependendo da época. Atualmente, o que mais tem me atingido é esse estado de completa vigilância a cada sensação física minha, o que tem me deixado preocupado todo o tempo. Dói a mão, dói o pescoço, coça aqui, coça ali, tudo são gatilhos para eu pensar em alguma doença e ficar preocupado e sem conseguir relaxar.

Há muito o que se comemorar, é verdade. Minhas dores no pescoço estão quase sumindo, o que está relacionado à troca por um travesseiro decente. A respiração anda bem melhor também, o que foi causado também pela mudança para um lugar onde há boa circulação de ar. Tenho mantido cuidados comigo e com a casa onde moro, o que dá aquela sensação de limpeza  e organização. Já são quase 3 meses sem o SOS e os exercícios físicos vão bem também. Sim, muita coisa tem melhorado para mim. Mas...

Estava numa reunião na sexta e durante a reunião, como aconteceu em outros dias da semana passada, senti um aperto no peito. Quando isso acontece, sinto a respiração mais pesada, começo a tocar meu peito para saber se tem dor nos ossos ou músculos e começo a beber água sem parar. Curioso é que estava num dia muito bom, com bons avanços nas tarefas e boa interação com as pessoas, o que não tinha acontecido no início da mesma semana. E aí, com essa mente que não descansa, já comecei a me questionar se aquelas coisas eram mesmo emocionais ou físicas, já que eu estava num dia bom e não teria motivos aparentes para ficar preocupado ou estressado. Realmente não sei.

O fato é que isso tem acontecido muitas vezes na semana, diria todo dia, e meus pensamentos de doença ou sensação de coisa ruim não me largam, tirando minha tranquilidade, concentração no trabalho, sono, etc. Tinha uma avó (voltarei nisso na série que estou escrevendo) que claramente era hipocondríaca. Mas eu não tinha esses pensamentos de doença até mais ou menos meus 30 anos. Raramente ia a médico desde a adolescência até aos 30 e não ficava pensando em doenças.

O que será que mudou? Por que isso só piorou de uns anos para cá? Por que estou bem pior disso de uns 4 meses para cá?

Muitas perguntas e sem pistas evidentes das explicações, o que espero encontrar na minha viagem à minha história de vida.



domingo, 21 de abril de 2019

Balanço do primeiro terço de 2019

Um terço do ano já se vai e "como o tempo passa, hein?". Pois é, estou no fim de algumas tarefas acadêmicas e avançando nesse quesito. Ainda tenho dois assuntos que me incomodam nessa área. Um deles é que ainda não tenho uma pesquisa bem definida. E essa incerteza de qual caminho tomar me angustia, visto que o tempo passa rápido. No meu mestrado passei pela mesma coisa, mas a exigência da profundidade de um projeto é bem menor do que tenho agora. 

O outro fato é que naturalmente surgem oportunidades de viajar, por conta desses compromissos acadêmicos. Até agora eu consegui sair pela tangente sem contar o real motivo, mas estou vendo a hora que não conseguirei mais omitir o fato de que não consigo entrar num avião há quase 3 anos. E essa dificuldade me impede de aproveitar oportunidades incríveis, que talvez fossem mais difíceis se eu não estivesse na condição de pesquisador. Mas não sei o que fazer quanto a isso, ainda na espera de vaga no serviço de terapia oferecido pela faculdade.

As outras coisas estão melhores. Mudei para um bom local, onde tenho tido paz quando não estou na rua. Ter um local para cuidar, e tenho feito isso diariamente, tem sido uma coisa boa. Mas, como tudo tem um outro lado, o fato de ter mais conforto agora às vezes me estimula a não sair de casa e trabalhar daqui mesmo. O que para muitas pessoas pode ser uma coisa boa, para mim não é, visto que preciso interagir com pessoas. Todos nós, é claro. Mas eu tenho que me "forçar" a fazer isso.

Tenho tido alguma regularidade nos exercícios físicos e isso tem sido uma coisa boa. Ando mais satisfeito com meu corpo e tenho progredido nos exercícios. Parte das dores que tenho, na cervical e na cabeça ainda não foram resolvidos. Vou voltar num ortopedista daqui a 2 semanas e espero que meus exames possam revelar algo. Eles passou dois remédios para tomar, um relaxante muscular e outro anti-inflamatório. O primeiro eu não tomei por medo e o segundo eu não comprei porque estou sem dinheiro. Vamos ver se depois de ver os exames ele vai manter os remédios.

A tontura melhorou bastante e hoje foi o primeiro dia que tive uma sensação forte, depois de alguns dias sem nada. Estava fazendo uma tarefa deitado, sem óculos e quando levantei veio aquela sensação, com a parte de trás da minha cabeça bem tensa e tensão também entre os olhos. E isso funciona como um gatilho para a minha ansiedade e fiquei bem agitado. Não cheguei a tomar remédio e me pus a escrever nesse blog, agora sentado e com meus óculos. Não sei se tem a ver com a postura e a falta dos óculos, já que tinha feito isso outras vezes nessa semana e não senti nada, mas pode ter relação. O fato é que ando super atento a qualquer sensação corporal e qualquer coisa fora do normal já dispara um estado super agitado em mim.

Além da super atenção ao meu corpo, continuo com medo de que algo aconteça a mim e à minha família. Para se ter uma ideia, nessa quinta eu fiz uma tarefa com um grupo e eu fiquei responsável por enviar os dados a todos. Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi mandar, porque estava com medo de algo acontecer comigo e eles nunca receberem os dados, já fantasiando várias tragédias. Algum sintoma físico que indicasse isso? Nada. Mas esses pensamentos não me largam e não consigo evitar e nem sei como lidar com eles.

Como tenho interagido com pessoas, seja na faculdade ou na academia, é natural que converse com mulheres. Embora possa me sentir atraído, vem aquela fantasia de "o que eu digo a ela quando tiver uma crise de ansiedade?". Inconscientemente eu coloco a ansiedade como um fardo muito grande que eu carrego e nenhuma mulher ficaria comigo sabendo que eu passo por isso.

Sabe quando você lê aquelas descrições de aplicativos de encontro e umas pessoas colocam algo como "pessoas complicadas apertem X"? Quando eu leio essas coisas, de certa forma já me sinto como alguém que não vai servir para ninguém, por causa dessa minha condição. Eu sei que não sou a ansiedade, mas acho que tenho muito mais preconceito com isso do que talvez as pessoas tenham.

Ainda sobre mulheres, ando refletindo sobre a  minha percepção de que sou fútil, de que só dou "like" naquelas mulheres reconhecidamente bonitas, como se não houvesse beleza em outras coisas. Me acho uma pessoa ruim por isso, principalmente porque não sou exatamente a pessoa que receba "likes". Acho melhor eu dedicar um post só para isso porque não muitas reflexões.

Muitas coisas avançaram nesses primeiros 4 meses do ano, sem dúvida. Mas eu trocaria esses avanços por dias de paz, sem viver todo dia com medo de ter um treco e de me sentir um lixo perante os outros.











sexta-feira, 19 de abril de 2019

Conflitos Internos 2 - Família - Parte 1

Continuando o que comecei aqui, numa espécie de processo de autoconhecimento e busca por dias melhores, hoje pretendo falar sobre família.

Talvez isso tenha relação (ou não) com meu histórico de morar em vários lugares, mas nasci numa cidade diferente de onde meus pais nasceram. Sou de uma cidade A, meu pai de uma cidade B e minha mãe de uma cidade C. Acho que nunca tive muito esse sentimento de pertencimento que as pessoas têm quando nascem e crescem num mesmo lugar, com famílias dos pais sendo do mesmo lugar.

Esse fato não gerou tantas mudanças assim e, até quase o início da minha vida adulta, só morei em duas cidades diferentes: a minha e a da minha mãe. Foi nessa última que cresci, dos 6 aos 17 anos. Saímos muito cedo da cidade onde eu nasci, segundo a minha mãe por problemas financeiros do meu pai. O que nunca entendi bem é porque ele ficou na cidade A e nós na cidade C. O que minha mãe conta, é que ele estava resolvendo problemas do trabalho e que nós iríamos todos para a cidade B no futuro. Acho que preciso conversar com ela de novo sobre esse assunto. Tenho certo receio de tratar disso com ela, pois acho que vai trazer lembranças ruins.

Depois de quase dois anos na cidade C, meu pai veio a falecer. Eu tenho ao menos uma lembrança dele, ainda na cidade A, sendo levado por pessoas numa cadeira de madeira para o hospital porque estava passando mal. Lembro que, na época que meu pai morreu, minha mãe tinha ido a cidade A, porque ele tinha passado mal de novo. Depois de dias de espera, eu acordo com minha mãe na porta do quarto falando comigo. Quando ela começa dizendo que das outras vezes ele tinha se recuperado mas dessa vez... Ela não precisou falar mais nada e desatei a chorar.  Eu tinha quase 8 anos de idade nessa época.

Tenho poucas lembranças dele, para ser sincero. Lembro dele bravo comigo porque eu não queria comer ovo (até hoje não como). Lembro de outra vez que acordei e o vi tomando banho. Uma outra vez, em visita a nós na cidade C, lembro dele dentro do ônibus ajudando um menino vendedor de sorvete a mexer com alguém do lado de fora. É uma lembrança que tenho do meu pai gozador. Mas lembro também que naquele dia me senti meio deixado de lado, porque ele parecia preferir brincar com o menino.

Fora essas lembranças, não consigo me lembrar de mais nada. Não posso dizer que fui mais ou menos amado, porque lembro pouco dessa época na cidade A. Minha mãe diz que meu pai tinha loucura por nós 3, o que é uma característica de todos os irmãos dele e da minha avó paterna. Minha mãe conta outra história dele que gosto de compartilhar, porque acho bem engraçada. Todos os meus irmãos têm os sobrenomes maternos e paternos, menos eu, que só tenho o paterno. Quando falo meu nome, as pessoas perguntam: "Só isso?".

Curioso que nunca tive curiosidade de saber porque dessas diferenças de sobrenome, o que só fui questionar minha mãe tem poucos anos atrás. O que ela conta é que, quando eu nasci, meu pai bebeu muito para comemorar e, quando foi me registrar no cartório, só colocou o sobrenome dele e não o da minha mãe. Ela fica brava quando conta isso, mas eu acho muito engraçado. Pensem que foi apenas um sobrenome que ele esqueceu, quando eu poderia ter sido registrado com um nome estranho, como Brahma ou Antártica.

Enfim, eu sempre fiquei incomodado com o dia dos pais, especialmente na época de escola, porque todos poderiam fazer lembranças e eu tinha que arrumar alguém para dar, geralmente meu avô materno. Esse aliás, foi uma das figuras masculinas com quem cresci por perto. Mas meu principal modelo masculino foi meu irmão, apenas dois anos mais velho que eu, mas alguém muito muito especial para mim e sempre a frente do nosso tempo.

As pessoas que conviviam com meu pai sempre falavam que ele morreu porque não se cuidou. E acho que cresci ouvindo isso, que bebida é um problema e isso matou meu pai. Não tenho nenhuma lembrança de um pai alcoólatra, mas sempre essa imagem de que adorava uma cerveja, como toda a família paterna. Todos meus tios, irmãos dele, bebem muito mas nunca tiveram problema com cerveja, como os casos que escutamos por aí. No entanto, minha mãe fica muito incomodada com essa época, em que ela cita que ele bebia muito. Talvez tenha acontecido algo que ela nunca contou para nós, mas ela fica incomodada porque não gostava que ele bebia, assim como não gosto que os filhos bebam.

Como foi crescer sem pai? Bem, muito difícil. Não posso afirmar que isso é um determinante para meus problemas, porque meus irmãos passaram pelo mesmo e não têm transtornos psicológicos. Embora tenha me acostumado em não ter um pai, certas coisas me afetam muito. O Fábio Jr. tem uma música linda, chamada "Pai", que dedicou ao pai dele. Sempre que escuto essa música eu me emociono, pois me vejo naquela música.

O convívio diário com meu pai foi até os 6 anos de idade, com visitas esporádicas desde a nossa mudança para a cidade C até a morte dele. Mas me incomoda eu não ter lembranças dele, além das que eu já citei. Tenho receio de perguntar mais coisas para a minha mãe porque não quero despertar lembranças que possam fazê-la sofrer. Só que fico me perguntando porque, entre outras lembranças que tenho da cidade A, meu pai aparece em tão poucas. Não tenho tantas lembranças assim da cidade A, mas o fato dele aparecer em apenas duas me incomoda. 

Talvez outras lembranças apareçam nesse processo, mas fiquei 5 minutos parado, desde o fim do parágrafo anterior, e não consigo me lembrar de nada.

Acho que para falar do capítulo família, eu tinha que começar pelo meu pai. Durou tão pouco e com tão poucas lembranças que eu gostaria de ter mais do que contar. Vamos ver o que sairá nas outras partes do capítulo família.







domingo, 14 de abril de 2019

Conflitos Internos 1 - Introdução

Ando angustiado e com pensamentos nada agradáveis nos últimos dias. Por vezes, vem a sensação de que passar mal de repente ou de que vou morrer. Tem vezes também que sinto que minha vida acabou e não fiz nada de útil. Associado a isso, tem a sensação sempre presente de que sou um fracasso e que não consigo resolver meus problemas. E o que acontece comigo? Bom, todos os sintomas físicos de crises de ansiedade, em maior ou menor grau dependendo da época. Mas, seja pelo desejo de que passe a ter dias tranquilos e de que me sinta "normal" ou pela curiosidade científica, tenho pensado muito nos "por quês" ultimamente.

Tentando lembrar de mim antes de sair da casa da família para fazer faculdade, há 21 anos atrás percebo várias diferenças entre quem eu era e planejava ser e em quem me transformei. Financeiramente falando, eu tinha planos bem detalhados e todo o meu processo de vestibular-viagem-moradia fora foi bancado por mim mesmo, com preparação durante um ano para que não causasse despesas à minha mãe. Fui extremamente bem sucedido nisso, pois tudo o que tinha que gastar um ano antes estava no meu planejamento e eu me preparei para isso. Ao longo dos anos, me transformei alguém que gerou grandes dívidas e mal consigo me bancar hoje, com um passivo muito grande. Colocando em números, considerando dívidas pessoais e empresarias, devo cerca entre 40 e 60 mil reais. Não sei o número exato, já que isso depende de muitos cálculos. E pensar nisso me incomoda tanto, porque sinto que nada fiz depois adiantou, mesmo tendo empregos em que recebia bem. Ou seja, aquela pessoa bem organizada financeiramente virou alguém que não tem controle das suas finanças. Como cheguei nisso e por que não consigo sair? Não sei, ainda. Vamos a outro ponto.

Sempre tive dificuldades em relacionamentos, desde a fase que os adolescentes começam a namorar. Para se ter uma ideia, sempre fui muito tímido e, mesmo gostando de algumas meninas, nunca consegui me aproximar de fato. Meu primeiro beijo foi aos 22 anos de idade. Desconsidero "selinhos" com prima, quando eu estava com 16 anos. A primeira namorada foi aos 23 anos, que foi aquela com quem fiquei por quase 4 anos. Ela também foi a primeira com quem tive relação sexual. De lá para cá, outras 4 namoradas, com nenhuma passando de meses. Fiquei com algumas outras, mas nada significativo. Tinha certa facilidade de me envolver com mulheres através de salas de bate papo, conhecendo algumas pessoalmente e outras nunca. Aquela que foi a que mais amei, e que nunca vi pessoalmente, foi através de uma sala no bate papo do UOL.

No período entre a primeira namorada e hoje, tive vários momentos sem nenhum envolvimento amoroso. Hoje, por exemplo, fazem mais ou menos 2 anos e meio que não fico com ninguém. Existem outros vazios históricos desse. E me quando penso nisso e que não estou desesperado para beijar alguém, vejo que tem algo bem anormal comigo. 

Ainda sobre relacionamentos amorosos, sempre fui muito inseguro. Seja quanto a minha aparência ou quanto achar que as mulheres não gostavam de mim o suficiente. Por conta disso, sempre tive problemas e pensamentos como "ela vai me trair", "ela acha ele melhor do que eu", "ela vai me largar", e assim vai. É muito ruim estar num relacionamento e esses pensamentos te acompanhando. E, como tem a ver com outros problemas meus em outros tipos de relacionamentos, isso tem relação total com autoaceitação.

Aproveitando o gancho, com amigos a mesma coisa. Acho que sempre me senti o menos legal, o menos bonito, o menos descolado, etc. A única coisa que eu tinha total confiança em mim mesmo era quanto a inteligência. Sempre fui muito acima da média onde estudei (antes da faculdade) e era o único ponto em que eu me sentia "bom" de verdade. Na faculdade isso mudou completamente, onde eu era o aluno das piores notas. Novamente, uma grande mudança entre o cara antes da faculdade e o durante/depois da faculdade, tal como na questão das finanças pessoais. Vou voltar nisso em outros posts.

Ainda sempre os amigos, como tenho escrito bastante ultimamente, nunca fui muito de cuidar bem das amizades. Desde novo, eu sempre recusava os convites para fazer alguma coisa. Ainda hoje acontece isso, embora eu tenha me esforçado para mudar isso, aceitando convites mesmo não estão com vontade. Ao longo dos anos, o que isso gerou: raramente sou lembrado para alguma coisa e não tenho um "grupo de amigos" com os quais sempre fazemos alguma coisa. Não os culpo, já que isso deve-se a minha construção de isolamento longo dos anos. Isso acontece desde a minha adolescência. Sei que tenho que fazer amigos e manter as amizades mas, na prática, não me esforço para isso.

Nunca criei raízes, o que explica a quantidade de cidades que morei. Sempre que comecei a ficar muito tempo em algum lugar, logo eu mudava para outro. Não acho que isso seja fruto apenas de oportunidades profissionais e acadêmicas, já que a decisão de mudar sempre foi minha. Então, embora eu tenha o desejo de ter raízes, alguma coisa em mim me impede de criar e estabelecer vínculo com locais.

Em relação a trabalhos, tenho um vasto histórico de projetos inacabados. Normalmente porque eu perdia o foco e prazos de meses viraram projetos de anos. Estou em um projeto, por exemplo, que era para terminar no meio de 2017 e não acho que termine nesse semestre. Minha ex-psicóloga tinha uma teoria que eu nunca terminava as minhas pendências porque eu tinha medo de ter contato comigo mesmo e as pendências ocuparam minha mente o suficiente.

Olhando para mim mesmo hoje, a imagem que tenho de mim é:

  • feio
  • não atraente
  • não interessante
  • não inteligente
  • fracassado
  • enrolado com dinheiro
  • incompetente
  • doente mentalmente

Algumas dessas imagens eu já tinha desde a minha adolescência, outras foram surgindo depois (como a de não ser inteligente ou de ter problemas com dinheiro).

E por que estou escrevendo tudo isso? Porque entendo perfeitamente que a minha ansiedade e angústia é também decorrente de conflitos internos e de questões mal resolvidas, e não apenas de questões químicas do meu cérebro. Por isso, penso que o uso de remédios, embora possa ajudar, não vai resolver de fato. E como não aguento mais viver assim, preciso expurgar de mim tudo o que me faz mal e de fato resolver meus problemas. Existem conflitos entre aquilo que desejo e as minhas ações que me levam à direção contrária. Por que isso acontece? Preciso fazer essa análise.

Como repassar a minha vida leva muito tempo, vou dividir essas postagens em várias partes:

  • Família
  • Amigos
  • Namoradas
  • Dinheiro
  • Projetos
  • Raízes
  • E o que mais eu achar relevante

Certamente, as áreas acima têm relações entre si e compartilham muitos dos problemas internos que tenho. Um exemplo disso é o fato de eu não me aceitar, que deve ter influência em tudo que descrevi acima. Mas, ao organizar as reflexões por tópicos, penso que eu possa chegar a algum lugar.























terça-feira, 9 de abril de 2019

Insight

Estou para escrever esse post tem um bom tempo mas as semanas estão tão corridas que nunca sobra tempo. Mas, como escrever faz parte de uma tentativa de autoconhecimento e, por consequência, uma maneira de cuidar de mim, tenho que me esforçar para não deixar as reflexões apenas na minha mente sem organização.

Quando comecei a ter crises de ansiedade, por volta do final de 2009 e início de 2010, a primeira ação que eu tomava era buscar conversar com alguém, como se fosse um remédio. Parece que morria de medo de ficar comigo mesmo nessas horas e precisava distrair minha atenção com outras pessoas.

Nessas horas, e isso acontece ainda hoje, eu procurava alguém. Seja ligar para alguém conhecido, interagir via redes sociais e principalmente em salas de bate papo. Eu fiquei uns 3-4 anos entrando quase toda semana e fiz amigos que levo até hoje, com menos contato é verdade. Mas eram duas coisas que eu sempre fazia quando estava muito ansioso: beber muita água e buscar falar com alguém. Talvez esse blog também seja uma forma de interagir com alguém quando não estou bem.

Já falei disso nesse post aqui, mas tenho uma certa dificuldade em manter amizades ou relacionamentos. O que não deixa de ser interessante, visto que nos momentos de maior ansiedade a primeira coisa que faço é procurar alguém. E, embora tenha já falado disso em post anterior, o assunto parece que não sai da minha cabeça.

Nessas duas últimas semanas, dois fatos me chamaram a atenção. O primeiro é que resolvi excluir meu Facebook. Cheguei a conclusão que ninguém nunca me procura por lá mesmo (e nem eu procuro) que não faz sentido manter essa conta. Dias depois da exclusão, um amigo de faculdade me procurou por email. Mas, não acho que vá voltar para o Facebook, porque simplesmente não consigo lidar com tudo que leio lá.

Não falo apenas das divergências ideológicas ou parte da minha decepção em ver que pessoas que eram tão próximas a mim defendem coisas que eu abomino. Mas também tem o fato de ver que as pessoas têm sua vida (família, empregos, viagens, etc) e eu me sinto um completo fracasso. Talvez seja inveja, não sei. Fico feliz por elas, claro. Mas me sinto um lixo porque não consegui fazer o mesmo. E nessas horas, vem aqueles pensamentos do "onde foi que eu errei lá atrás?". Enfim, o Facebook estava se tornando tóxico demais para mim e precisava cortar isso.

O outro fato é que me sinto fora dos grupos que estou, como os grupos das atividades em que estou. Me sinto excluído mesmo que ninguém tenha dito nada nesse sentido. E aí, minha cabeça fica viajando, fantasiando que as pessoas me maltratando com palavras. Aconteceu isso de novo nessa segunda-feira. Voltei no ônibus imaginado que as pessoas estavam me achando um idiota, sendo que não falaram nada que sugerisse isso. E aí, de pensamento em pensamento, cheguei em casa me sentindo muito mal, acho que num estado depressivo.

Mas uma coisa eu tirei desses fatos, especialmente do segundo: me veio o insight que meus problemas com os outros são decorrentes de questões minhas mal resolvidas. Parece óbvio, eu sei. Mas não lembro de ter tido essa visão antes. E enxergar isso parece tão libertador, como se fosse uma nova esperança de tratamento. Isso me alegra, pois se o problema está só em mim, a chave para a cura está só comigo também.

Olhando todo o meu histórico, com a minha dificuldade de criar raízes, parece que isso teve muita influência em tudo que aconteceu comigo nos últimos 15 anos, pelo menos. Mudei de moradia quase 10 vezes (em 5 cidades) e fazendo amigos em todos esses lugares. Mas essas amizades só duram o tempo em que estou nesses lugares. Agora, de volta a cidade onde nasci pela terceira vez, estou tentando refazer contatos. A isso soma-se empregos diferentes e meios acadêmicos diferentes. Na minha entrevista para o doutorado, fui questionado disso. Acharam curioso o fato de que minha a graduação tinha sido na cidade X, especialização na cidade Y e mestrado na cidade Z. Não lembro a minha resposta, mas claramente há indicação que nem nisso criei vínculos.

E hoje, quando a solidão parece incomodar mais do que nunca, percebo que as questões que tenho precisam ser resolvidas. Pois por mais que a vida me traga pessoas novas e as antigas, as minhas questões sempre colocarão um ponto de partida nessas relações. E daí virá uma nova cidade, novos amigos, novos trabalhos e novas universidades.

Preciso refletir sobre isso para tentar entender que questões são essas e como resolvê-las. Como fazer? Psicoterapia seria bom mas talvez eu não consiga isso tão cedo. Bem, ainda bem que tenho esse blog.














sábado, 30 de março de 2019

É impossível ser feliz sozinho

É impossível ser feliz sozinho

A linda música do Tom Jobim, que conheci ainda na adolescência quando tentava aprender violão, sempre ficou na minha memória, especialmente por essa parte. Talvez ela tenha ficado na minha memória como um lembrete para mim mesmo. No entanto, esse lembrete geralmente soa mais como uma constatação (ou sentimento) de fracasso do que propriamente algo que eu deveria cuidar na minha vida de maneira constante.

Acho que sempre me senti só, mesmo quando em convívio com outras pessoas. Seja na escola, nos trabalhos, nos empregos ou muitas vezes em casa mesmo. Não que as pessoas tenham me afastado, é claro. Longe de mim colocar na conta dos outros uma responsabilidade que é só minha. Eu mesmo tenho uma certa dificuldade de interagir com as pessoas. Embora ache que sou uma pessoa simpática, boa ouvinte e, como dizem algumas pessoas a meu respeito, até carismática. Eu gosto de pessoas mas não consigo me enturmar, em qualquer ambiente.

Quando estou em algum grupo, normalmente eu sou o que menos fala. A maioria das reuniões de trabalho que participo geralmente fico calado, especialmente quando me sinto inferior aos outros. Relembrando em grupos da escola, no recreio ou em festas, eu sempre era o da rodinha que ficava calado. Muitas vezes eu torcia para aqueles eventos acabarem logo para eu voltar para meu mundo comigo mesmo.

Em relação a relacionamentos amorosos, uma ex-namorada reclamava muito que não interagíamos com os outros, que só ficávamos conosco mesmo. E, também por ciúme ou insegurança, ela estava certa. Toda vez que tínhamos que estar em algum evento, seja com amigos ou com a família dela, eu ficava emburrado, torcendo para aquilo acabar logo. Lamento pelo incômodo que causei a ela nesse período.

Relacionamentos, amorosos ou não, são complicados. Temos coisas boas e também momentos nada agradáveis. E, olhando para trás, percebo que me isolei muitas vezes quando alguma coisa não saía direito. Seja quando era zoado, quando era rejeitado, ou qualquer outra coisa que me desagradasse. Muitas vezes me peguei com aquele falso pensamento de "não preciso de ninguém, sei me virar sozinho".

Tenho consciência que relacionamentos são construídos diariamente e exigem esforço nosso. Seja para entender as limitações dos outros, assim como muitas vezes entendem as nossas. Seja para aceitar que as pessoas também tem seus anseios, que não necessariamente sejam iguais aos nossos. Ceder e compreender são condições necessárias em quaisquer relacionamentos.

Olhando meu histórico vi que nunca estive preparado para isso. Raramente criei problemas para os outros por conta disso, porque realmente me importo com o próximo. Para não desagradar ninguém por conta de uma discordância minha e devido a minha incapacidade de aceitar algo diferente do que eu quero, eu geralmente me isolo, me achando autosuficiente.

E por que comecei a pensar nisso aos 40 anos de idade? É porque o sentimento de solidão tem me incomodado muito. Vou almoçar no restaurante da faculdade e vejo grupos de amigos e casais, todos tendo uns aos outros, e me vejo completamente só, esquecido pelo mundo. Passo finais de semana e não tenho ninguém para ligar ou sair. E nem falo só de namoro, mas ter com quem interagir.

Quando era mais novo, sempre me chamavam para sair. Uma vez, um amigo disse algo como: "Desisto de te chamar para as coisas. Você nunca vai!". E de tantos "não quero" na vida, as pessoas foram cansando e me encontro só, sem amigos, sem namorada, sem ninguém.

Boa parte dos meus colegas de faculdade já tem suas famílias e suas vidas próprias. Devo ser o último dos solteiros. Aquelas que eu tinha acabaram morrendo por falta de cuidados meus. Ninguém me considera para nada, nem para me chamar para fazer algum programa. E não culpo ninguém, pois desistiram de mim há muito tempo.

E aos 40 anos parece que está tão mais difícil construir novas amizades. Não sei por onde (re)começar. Meu ambiente acadêmico acaba se resumindo às reuniões e interações do dia a dia, nada que extrapole o horário comercial.

Achei que podia lidar com isso, mas tem sido muito difícil. Como bom ansioso, me preocupo, porque sei que a falta de relacionamentos tem impacto na nossa saúde mental e física. Penso como serei quando tiver meus 50 ou 60 anos, se não descobrir como mudar isso agora.

Não sei como fazer e, além de descobrir meios de como mudar isso, preciso melhorar como pessoa, de modo que não faça tudo errado novamente quando a vida me der outras oportunidades de ter pessoas nela. Aceitar os outros como eles são é parte de cuidar de relacionamentos. Mas como melhorar nisso de verdade, mais do que concordar com a lógica da sentença anterior?

A única certeza que tenho é que, como diz na música do Tom, é impossível ser feliz sozinho.









quinta-feira, 14 de março de 2019

30 dias sem alprazolam

Ontem fez 30 dias da última vez que precisei tomar alprazolam. Naquela semana, senti necessidade por mais duas vezes mas não cheguei a tomar, lidando com meus momentos ansiosos de outras formas. O que aconteceu desde então?

Bem, nas duas semanas seguintes, estava na casa da minha mãe, local que me sinto protegido. Embora não tenha tidos dias de lazer propriamente ditos, estar descansando lá me fez muito bem. Ainda estava com crises de sinusite e dores no dente e na face, o que foi diminuindo depois que um médico me receitou um antibiótico.

Na terceira semana, voltei para a cidade onde moro para retomar meus compromissos acadêmicos. Ainda tive sintomas decorrentes da sinusite e dores no pescoço, o que julgo ser decorrente de tensão e possivelmente mal jeito para dormir. Mas já tinha melhoras no meu corpo e humor como um todo, sem nem lembrar do remédio que sempre levo na mochila e na carteira.

Na semana seguinte, a do carnaval, eu mudei de local de moradia. Morava num lugar muito pequeno e com vizinhos bem barulhentos (era uma república). Optei por pagar bem mais caro e me mudar para um lugar onde tivesse paz e com mais cara de casa. Além disso, na semana do Carnaval, eu reiniciei minha história com academias, me matriculando em uma aqui perto. Com a quantidade de estudos relacionando exercícios físicos com melhoria nos casos de ansiedade, eu preciso tentar. Academia não é bem o lugar onde mais fico a vontade, mas preciso fazer esse esforço lutar por mais saúde na minha vida.

Essa semana passei bem, na correria das minhas tarefas e nos cuidados comigo mesmo. Mal senti dores no pescoço, que me incomodaram muito nas últimas semanas e praticamente não tive problemas respiratórios. Não sei o que é causa e o que é efeito, mas é fato que meu melhor estado físico e mental caminharam juntos.

Para organizar as coisas, procurei fazer uma lista do que deveria fazer, me disciplinando para apontar todo dia o que fiz e o que não fiz. Segue minha lista:


Evitar alimentos tóxicos: café

Amanhã fazem 4 semanas que não tomo café, o que é muito difícil para mim, já que adoro café. Não acho que abandonarei o café, mas entendo que tomar como eu tomava pode influenciar no meu organismo e, por consequência, no meu estado emocional.

Não digo que eliminei a cafeína, porque tomei chá mate dia desses. Mas sei que a concentração é muito menor.  Além disso, evitei outros estimulantes, como chocolate. Esse não posso afirmar que não comi nada, mas diminuí bem.

Procurar dormir bem

É uma luta que ainda não acabou, mas tive boas vitórias. Sempre fui muito estressado para chegar nos locais antes e estava me impondo horários para acordar que eu não precisava, exceto quando tenho compromissos (como aulas). Como resultado, mesmo que eu vá dormir mais tarde, tenho tido boas horas de sono em quase todos os dias. Mas ainda preciso melhorar em muita coisa, como deitar para dormir e não ficar me distraindo enquanto o sono não vem.

Boa alimentação

Essa é uma parte que eu já tinha melhorado muita coisa, mas tenho feito algumas coisas, até para melhorar meu sistema imunológico:

- Tomar um suco de limão todo dia de manhã
- Comer frutas
- Não exagerar na quantidade de comida
- Inserir mel na alimentação
- Evitar coisas fritas

Acho que progredi bem nesse ponto

Cuidar da casa

Acredito firmemente que nosso local de descanso tem que ser agradável e organizado. Com esse pensamento, me policio para não deixar nenhuma louça suja e nem deixar as coisas bagunçadas. Tenho mantido uma certa organização em casa e essa sensação de controle tem me feito bem.

Além disso, comprei uma planta para o lugar onde moro. Já queria ter uma planta faz tempo e acabei comprando uma espada de São Jorge, planta que é ótima para ambientes fechados.

Ver as coisas no lugar, limpas e ter uma planta são pequenas mudanças que têm me feito bem.

Cuidar da minha higiene

Eu estava barbudo tem uns dois anos. Nos dias na casa da minha mãe, fiquei cada dia com mais vontade de tirar a barba, como se ela estivesse me deixando sujo. Não fico mesmo bem de barba e, quando estava tirando a barba, tive o sentimento de estar cuidando de mim.

Além disso, todo dia tenho feito a higiene bucal sem pressa, como se fosse um ritual mesmo. Sempre fiz essa parte o mais rápido possível, o que provavelmente me causou alguns problemas.

Exercícios

Mesmo não podendo gastar mais, me inscrevi numa academia aqui. A melhora nas dores do pescoço já foi perceptível após os primeiros dias indo lá. Preciso me esforçar para manter uma rotina de ir à academia.

Controle de Tarefas

Tenho feito um planejamento das tarefas da semana e, mesmo que não funcione 100% todos os dias, isso tem aumentado minha produtividade. Além disso, e é o que considero mais importante, planejar e marcar todo dia o que fiz/não fiz me dá a sensação de controle.

Interagir com as pessoas

Tem vários estudos mostrando a importância de manter relações saudáveis e como isso pode contribuir para a nossa saúde. Então, na minha planilha de controle, tem um item chamado "falar com alguém". Mesmo que sejam pessoas do meu convívio de trabalho ou academia, tenho procurado não apressar as interações para acabar logo e menos evitar falar com os outros, o que sempre faço.

Diversão

Sempre tenho muita coisa para fazer, mas raramente tenho trazido trabalho pra casa. Quando estou em casa, tenho me proporcionado fazer alguma coisa que seja entretenimento, seja algum canal de YouTube ou assistir a um jogo de futebol.

Não sei explicar como fiz isso, mas toda vez que penso em alguma tarefa no meu momento de descanso, já vem um pensamento "amanhã eu faço isso e não vou parar meu descanso".

Resumindo

Não acho que tenha descoberto a fórmula mágica, mas colocar essas coisas como pontos a verificar no fim do dia tem me feito ter a sensação de que estou no controle. Além disso, para pessoas desorganizadas como eu, colocar como uma lista de tarefas me obriga a ser disciplinado. Talvez depois de um tempo eu não precise mais disso e já faça naturalmente, tornando esses cuidados comigo como um hábito estabelecido.

Vamos em frente.













sábado, 2 de março de 2019

De volta

Depois de duas semanas de repouso na casa da minha mãe, voltei às atividades nessa semana. Quando estava no ônibus de volta pra cá, bateu aquele receio de acontecer tudo de novo e não melhorar. Mas, felizmente, passei uma semana muito boa.

Tive aulas nessa semana e isso de certa forma me ocupou bastante. Além disso, com reuniões de pesquisa e outras atividades posso dizer que tive uma semana bem cheia. Chegava à noite e, embora não tenha dormido cedo em nenhum dia, tive boas noites de sono. Aquela minha tontura aconteceu muito pouco e percebi que é devido a tensão muscular na nuca, o que já tinha acontecido há 4 anos sem os efeitos da tontura. Notei que tive alguma tensão muscular e acho que, além do stress em si, pode estar relacionada ao meu travesseiro.O fato é que estou meio tenso, ansioso, menos emotivo e também com pouca sensação de tontura e desequilíbrio. Deve ter relação.

Em relação à sinusite, o uso da azitromicina realmente melhorou meu quadro. Estou com poucas dores no resto e pouca secreção. Talvez esse quadro remanescente se deva à minha volta pra cidade poluída onde moro. Verei isso na próxima consulta com o médico.

Outra mudança que tentei colocar já no período que estava na casa da minha mãe foi cortar o café. Eu amo café e talvez por isso exagere às vezes. Embora para algumas pessoas não faça efeito nenhum, café me deixa mais agitado. Com o excesso então, o quadro pode piorar. Então, resolvi cortar o café até eu me sentir melhor e com o quadro de ansiedade sendo devidamente tratado. Essa semana fez duas que não tomo café.

Pensando da minha volta e para tentar organizar minhas pendências, fiz um planejamento do que tinha que fazer essa semana. Acho que foi muito bem e ver as células verdes na planilha (=tarefa concluída) fez bem para mim. Nas várias leituras que já fiz, está claro que valorizar cada vitória nossa, por menor que seja, tem um efeito no nosso humor. Então, além de planejar o que tenho que fazer e organizar meu dia, trouxe para mim a sensação de controle da minha vida (outro aspecto que é importante reforçar, especialmente em casos de transtorno).

Em relação aos quadros de transtorno, não é uma coisa só que resolve, isso é claro. Mas, o tratamento deve ser composto de mudanças de comportamentos além da ajuda profissional e familiar. Tenho me esforçado nesses dias para trabalhar em mudar meu comportamento, melhorando aspectos de alimentação (tirar o café), interagir mais com as pessoas, reforçar pensamentos positivos (ver as tarefas concluídas). Além disso, vou tentar atendimento psicológico na universidade onde estou, o que só poderei fazer quando o serviço voltar, no meio de março.

Até lá, o que posso fazer é tomar as atitudes que estão ao meu alcance e só dependem de mim. Tem horas que falta vontade, mas não tem jeito. A nossa única opção possível é lutar e confiar, como mostram dezenas de estudos científicos, que a melhora vai vir quando trabalhamos nosso comportamento.

Vamos em frente.







quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A hora de voltar

Tenho passado esses dias aqui na casa da minha mãe e tenho me sentido bem melhor do que quando cheguei aqui. Estar perto de quem amo, boa alimentação, conforto, tranquilidade, ar puro... Acho que é uma soma de coisas que colaboram para o nosso bem estar. Da mesma forma, a falta delas contribuem para um estado doente.

Com certo receio de sair de casa, ontem saí para um exame e hoje fui à padaria. Tive momentos de insegurança mas posso dizer que me saí bem. Meu estado físico parece bem melhor, embora esteja com uma dor de dente que tem me incomodado bastante. Mas a minha reação a esses incômodos físicos tem sido bem melhor do que há uma semana atrás.

Ainda penso em 10 doenças por hora, claro. Não estou nem perto de estar bem (achei "curado" uma palavra forte). Mas claro que há progressos, tanto que hoje decidi voltar ao lugar onde moro e retomar minhas atividades.

Essa decisão de voltar me causou um certo temor agora à noite e incrível como meu corpo transparece esses sentimentos. Garganta doeu, respiração mais difícil, sensação de tontura e um pouco de agitação. Depois de um chá e um pouco na frente da TV, consegui me acalmar.

Mas bate aquele receio de sentir tudo de novo quando eu voltar para onde moro. Preciso encontrar formas de mudar o que não me agrada onde vivo e tornar um ambiente mais suportável. Além disso, preciso procurar novamente ajuda profissional, o que farei quando voltar. Como estou dependente de um serviço da universidade, terei que esperar até quase o meio de março, quando eles retornarão o serviço aos alunos.  Espero ficar bem até lá.

Enquanto isso, o que fazer? Tenho que mudar de moradia, fazer exercícios físicos e separar tempo para entretenimento. Aqui eu fico vendo TV e acabo vendo filmes, séries e shows. Sempre disse que não gosto de TV e nunca fiz questão de ter uma. Mas está claro que aqui na casa da minha mãe eu acabo me ocupando bastante com a TV. Logo, preciso achar formas de entretenimento também onde moro.

Espero continuar bem nos próximos dias para voltar pra casa. Tenho muito o que fazer e estou com tarefas do doutorado atrasadas. Nada diferente considerando a minha história de vida. Mas espero lidar com isso melhor do que das outras vezes.




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Sinais de melhora?

Hoje faz uma semana que estou na casa da minha mãe. Desde que cheguei não tomei SOS nenhuma vez, embora estivesse a ponto de tomar por dois momentos. Quando isso aconteceu, tentei dizer a mim mesmo que ia passar, como sempre passou, e tentei me ocupar. Não que ache que tenha descoberto a fórmula mágica, mas funcionou nesses dois momentos.

Por alguns dias tive momentos de muita angústia, achando que estava morrendo e que minha vida estava acabada, não importava o que fizesse.

Além disso, meu monitoramento de sensações corporais tava bem ativo, diminuindo um pouco nos últimos dois dias. Reparei que isso tem relação direta com meu humor, me sentindo menos triste ou angustiado.

Tenho tido dores em um lado da face e isso me causava muita preocupação na semana passada. Nesse fim de semana e hoje, embora ainda doa de vez em quando, tenho tido menos preocupação com isso.

Outra coisa que notei em relação a mim foi que tive mais vontade de me cuidar. Estava com uma barba há uns 2 anos e meio, e acabei tirando nesse domingo. Me senti bem em fazer isso, embora eu ache que fique melhor de barba. Mas sei lá, talvez tirar a barba represente raspar de mim um eu que não se cuida ou com aparência de largado.

Achei um canal no YouTube muito legal, chamado NeurologiaePsiquiatria TV, de uma psiquiatra e um neurologista. Em linguagem simples, eles explicam muitas coisas sobre diversos males. Olhando as palavras dela, me dei conta de duas coisas que parecia evitar: 1) A sensação de que preciso de ajudar profissional; 2) Não devo me sentir mal se tiver que tomar remédios de novo, desde que isso me faça bem.

Acho que muito da relação médico-paciente se baseia em confiança. Dessa forma, se vc não está aberto  as indicações do profissional, talvez fique mais difícil para encontrar as soluções para os problemas. Já tinha decidido procurar atendimento psicológico, mas também irei procurar psiquiatra. Preciso lutar de todas as formas para buscar saúde, me despindo de certos preconceitos que tenho.

Embora ainda tenha alguma sensações físicas que me causam muito incômodo, o que mudou de uns dias para cá e que meu nível de "esperança" está um tanto melhor. Que seja a curva pra baixo da minha fase ruim!

Ah, já ia esquecendo: instalei um aplicativo chamado Diário de Humor, em que coloco de vez em quando como estou. Tem uma dinâmica diferente de blog, mas parece uma abordagem interessante. Segue um print










sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Buscando o porto seguro

Na última segunda, depois de mais um momento de pavor, resolvi vir para a casa da minha mãe. Acabei vindo praticamente só com a roupa do corpo e estava desesperado para estar aqui.

Na terça fui a um médico que me receitou um antibiótico para a sinusite. Apesar de ter receio quanto a remédios fortes, acabei tomando porque não aguentava mais o que estava passando. E é claro que pesquisei reações que podem ocorrer com a azitromicina, o que certamente nunca é uma atitude boa. Digo que não é porque, como bom ansioso, olhar bulas sempre me causam mais mal do que benefícios.

Como sou hipertenso e tomo remédio, sempre aviso aos médicos dos remédios que tomo e lhes questiono se teria algum efeito por causa disso. Mesmo com a negativa deles, eu acabo buscando ler sobre os remédios na internet e isso me leva a mais pensamentos ruins do que informações úteis de fato.

Embora não esteja bem ainda, tive melhora nos dois primeiros dias com o antibiótico. Nem perto de estar bom, mas uma melhora perceptível. Hoje, após o 3o e último dia tomando o remédio, acabei me sentindo muito mal. Desconforto no nariz, dores na face e tensão na nuca, que me dá a sensação de tontura ou cabeça caindo. E aí tudo começa...

Diante desse quadro, meu pensamento de "estou tendo um treco, vou morrer" já é disparado e penso em muitas coisas. O que acontece quando estou assim: vontade de beber água (uma garrafa atrás da outra), tosse, dores no corpo, respiração rápida, coração acelerando e por aí vai.

Dessa vez, ao menos, não tomei o alprazolam. Estive com ele na mão mas tentei falar para mim mesmo que esse momento ia passar e eu precisava vencer esse momento. Além de tentar controlar a respiração, procurei me ocupar com alguma coisa. Primeiro com coisas de trabalho e depois com um jogo de cartas que achei no Windows.

Agora, por mais que ainda esteja com dores e sensação de cabeça pesada, estou mais calmo. Espero continuar nos próximos dias, enquanto o antibiótico ainda faz efeito no meu corpo. Segundo a bula, a meia vida é em torno de 68 horas, o que implica que ainda está agindo por mais uns dias mesmo eu tendo tomado a última dose ontem.

Embora eu tenha as mais ferramentas e conhecimento, me parece que esse momento de ansiedade é comparável a primeira manifestação, há 10 anos atrás. Ando sem fome, chorando por tudo, sem esperança, vontade de desistir do meu doutorado, etc.

Quero crer que isso é "só" a ansiedade e que não tenho nada físico muito grave. Mas provavelmente irei passar pelos vários especialistas para me certificar que não há nada de errado com o cérebro, coração, etc.






segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Velhos hábitos, mesmos resultados

No post passado, em que eu falava da minha releitura de posts antigos, me dei conta também que continuei com os hábitos que contribuíram para meu estado de ansiedade. Além disso, mesmo sabendo de tanta coisa que poderia me fazer bem, não mudei tanta coisa nas minhas ações. Os resultados com os mesmos hábitos? Só pode ser a mesma coisa.

Em 2009-10, quando eclodiu a minha ansiedade pela primeira vez, percebi várias coisas que contribuíram para isso. Trabalhava sem parar, não cultivava minhas amizades, mal saía de casa, não fazia exercícios, mal dava atenção à minha família, comia mal e com exageros, ficava trancado em casa, etc. Digamos que essa foi a minha rotina por uns 3-4 anos.

Depois de tudo que já aprendi sobre transtornos mentais, em especial aos transtornos de ansiedade, é claro que esses hábitos contribuíram e muito para o meu estado doente. Acho que afirmar que são 100% da causa, seria inadequado. Mas tenho certeza que têm uma boa parcela de contribuição.

Olhando outros momentos bem ansiosos na minha vida, como em 2015 e agora, vejo que continuei a cometer os mesmos erros. A grande diferença é que, em relação a 2009/10, eu já sabia de muita coisa e tinha as ferramentas que poderiam me levar para o caminho da saúde. No entanto, ao continuar com os velhos hábitos, trilhei o caminho da doença.

Em relação ao segundo período, em 2015, eu trabalhava, fazia mestrado e mais um curso de especialização. Então, não sobrava tempo para qualquer interação social e com a natureza. Até tive uns meses fazendo exercícios e com namorada, mas depois voltei ao velho eu. Foram tentativas, é verdade, mas sucumbi e voltei a trilha da doença. Diria que esse período foi mais ou menos de 2014 a final de 2015. Nessa época eu já conhecia meditação, sabia da importância de fazer exercícios e de interagir socialmente.

Ah, lendo meus posts antigos, vi que falo muito da minha situação financeira. Tive duas ótimas oportunidades de trabalho, em 2014 e em 2016, e hoje estou mais endividado do que antes. Ou seja, também no aspecto financeiro meu velho eu não usou o que aprendeu.

Em 2016, em nova cidade, tentei fazer diferente. Tentei conhecer pessoas, não ficava 100% no trabalho e buscava ter alguma coisa que se parecesse com vida social. Curioso, e eu vi isso num post antigo meu, é que eu dizia que nesse lugar novo eu poderia conhecer vários lugares legais, devido a proximidade que eu não tinha antes.

Fiquei nessa cidade de 2016 a 2018 e quantos desses lugares eu conheci? Z E R O. Exatamente isso. Não tinha as desculpas de falta de dinheiro e nem de companhia. Simplesmente, eu sempre arrumava algum motivo para não ir: "estou cansado", "depois que terminar essa pendência eu vou", etc. Desculpas que o velho eu sempre dava para não fazer as coisas que envolvessem interação social e com a natureza.

Sobre isso, aliás, li uma pesquisa bem interessante. Não lembro o nome do artigo, mas os pesquisadores descobriram que o efeito do contato com a natureza é comparável ao efeito de relacionamentos saudáveis. Não é para abandonar as pessoas e sair abraçando árvores, hein? Pode e deve fazer os dois :-)

Tive alguns amigos nesses 3 anos em que fiquei nessa cidade, mas todos feitos no ambiente profissional. E um a um foi embora dessa cidade, porque eram forasteiros que nem eu, voltando para suas cidades de origem. E aí, no segundo semestre de 2018, todos os meus amigos que fiz no trabalho já tinham ido embora e eu estava numa cidade sem amigos e nem família.

Então, além de não ter explorado a região e ter interagido com pessoas basicamente em ambientes profissionais, também mal cuidei da parte física, ficava trancado em casa, ia pouco a cidade da minha família, etc. Exatamente o mesmo eu de 2009/10 e o de 2014-2015. Como agravante, eu já sabia muito mais coisa nesse período, sobre exercícios, meditação, interações sociais e seus benefícios para uma vida mais "leve".

Sabia muito mais do que em 2014-15 e muitíssimo mais do que em 2009-10. E mesmo assim, continuei adotando os velhos hábitos. Olhando tudo o que estou passando agora, com mudança de cidade novamente e falta de dinheiro, vejo que possivelmente essa falta de cuidados comigo me levou novamente à doença. Ou, no mínimo, me deixou mais fragilizado para enfrentar os novos desafios, aumentando meu estado ansioso e somatizando no meu corpo.

Então, tenho 3 histórias comprovadas do que os hábitos do velho eu causaram em mim. Nessa quarta parte, sabendo tudo o que sei e com 10 anos de sofrimento, será que consigo virar a chave e construir um novo eu e fugir da tendência de se manter no velho eu?  Espero que sim.

Crio esse blog para organizar minhas ideias mas espero que meus depoimentos sejam úteis para alguém além de mim. Não precisam acreditar em mim. Procurem as pesquisas científicas que mostram os efeitos positivos que uma mudança comportamental causa em pessoas portadoras de transtornos (uma boa dica é procurar no Google Scholar):

- Fazer exercícios físicos
- Melhorar as interações sociais (mais do que no Twitter ou Face)
- Contato com a natureza
- Meditar

É fácil? Não. estou há 10 anos nessa lida. Mas a nossa única escolha é tentar. Pois, com as minhas 3 histórias passadas, está claro que o jeito antigo não está funcionando. Então, por que não dar uma chance para uma abordagem nova e construir seu novo eu, com este trilhando o caminho da saúde?







domingo, 10 de fevereiro de 2019

Mexendo no baú velho para achar respostas

Ontem, depois de ficar refletindo sobre tudo o que anda acontecendo comigo, tive um insight de ler minhas postagens antigas nesse blog. Eu sabia que já tinha tido boa parte dos sintomas que tenho hoje e achei que ler postagens antigas poderia me ajudar de alguma forma.

Em 2015, eu passei boa parte do meu ano com dois sintomas físicos que estou tendo agora: sinusite e a dor na parte de trás de cabeça. O que me impressionou foi que passei quase o ano inteiro tendo tudo isso. A diferença para a situação atual é que naquele ano a sinusite e as dores de cabeça não foram ao mesmo tempo.

Naquele ano eu andava bem estressado, sem férias, com tarefas acumuladas no mestrado e outro curso, namoro que foi bom no início mas depois me causou mais desgaste do que benefícios, etc. Além disso, eu passava por um conflito de largar ou não um emprego. Tive uma mudança de cidade também. Na verdade, foram duas, a última já no início de 2016.

Agora, eu também mudei de cidade, saí do emprego que tinha e estou às voltas com o doutorado. Claramente estou com um nível de estresse parecido com o daquela época. Prazos, falta de dinheiro, dormitório bem pequeno e mais barulho do que acho normal. Assim como naquela época, ando perdendo a paciência facilmente. Essa madrugada, meus vizinhos chegaram fazendo barulho e eu me irritei tanto que senti a tensão muscular na cabeça ardendo. Acabei recorrendo ao alprazolam.

Assim como naquela época, as dificuldades e motivos de insatisfação se referem mais a questões internas do que ao que acontece fora. O que quero dizer é que claramente essa somatização das coisas tem a ver com o jeito como lido com tudo.

Por exemplo: prazos. Notei que ando muito preocupado com os prazos do doutorado sendo que, no papel, não tenho motivo algum para me preocupar, pois estou com tudo em dia. Naquela época, em 2015, eu andava preocupado com os prazos mas ninguém morreu porque estiquei mais 6 meses além do prazo normal e, como resultado, fiz um grande trabalho de mestrado. Então, por que me estressei tanto? Por que ando ocupando tanto meus pensamentos imaginando situações que não aconteceram e talvez nem aconteçam?

Esse pequeno depoimento serve para ilustrar o que acontece com muitos de nós, que sofremos por questões que nós mesmos criamos e que só existem na nossa cabeça.

Como vencer isso? Ainda não sei. Mas um caminho possível talvez seja aprender a observar nossos pensamentos e não nos identificarmos com eles. Observar de maneira gentil e sem julgamentos. Nós não somos nossos pensamentos!

Sim, estou falando de meditação. E eu já sabia de boa parte disso em 2015. Por que não fiz a escolha do caminho da saúde e continuei com os velhos hábitos que me levam à doença? Como já ficou grande aqui, vou deixar para outro post.




sábado, 9 de fevereiro de 2019

Hipocondríaco?

Embora esse termo não seja mais usado na comunidade médica, acho que hipocondria resume bem meu estado quando numa fase aguda de ansiedade. E esse estado é responsável por minhas várias idas a médicos, de diferentes especialidades e as constantes buscas ao Google após qualquer sensação corporal que eu julgue ser "diferente".

Uma vez, há cerca de 10 anos, um amigo me disse: "Você é hipocondríaco". Não lembro exatamente o contexto, mas penso que ele se referia a minha relação com médicos e remédios. Lembro também que foi numa fase que eu achava que estava com problemas de pressão e vivia indo a médicos. Além disso, nessa época, eu tinha engordado bem, comia muito, vivia estressado e não fazia exercícios. Logo, a possível suspeita de pressão alta (comum na minha família) era absolutamente plausível. O que não imaginava é que isso também poderia ser reflexo e/ou causa de problemas emocionais.

Como lido com dados, a curiosidade científica me força a fazer umas análise de dados recentes. Desde a minha última mudança de cidade, há cerca de dois meses e meio, segue a contagem de profissionais que já visitei:

- Clínico geral: 3 vezes
- Otorrino: 2 vezes

Acho que só não fui a mais porque não tenho mais plano de saúde e a marcação no atendimento pública não é uma coisa tão fácil.

Ainda nessa análise "estatística", seguem remédios que já tomei (a contagem exata eu não sei):

- Losartana: tomo diariamente há cerca de 10 anos
- Ibuprofeno: uma vez
- Alprazolam: acho que umas 12 vezes (0,5) desde novembro/2018
- Novalgina: 1 vez
- Vitamina C: 5 vezes nos últimos cinco dias

Alguns sintomas que observei no meu corpo:

- Tremedeira no dedo esquerdo da mão: fim de novembro/início de dezembro
- Dor de cabeça
- Dor em volta do nariz
- Dor no centro da testa, entre os olhos
- Dor e tensão na nuca
- Dor naquele osso do início da coluna
- Cabeça pesada
- Peito apertado
- Dor de garganta
- Cansaço às vezes
- Dor de dente
- Nariz entupido
- Sensação de tontura ao andar: desde novembro, mas muito frequente nos últimos 7 dias

Alguns sintomas emocionais:

- Sensibilidade (vontade de chorar e choro algumas vezes)
- Saudade maior do que o normal da família
- Sensação de fracasso em todas as áreas
- Sensação de morte
- Pensamentos ruins (prefiro não descrevê-los)
- Tristeza e falta de perspectiva

Sim, tenho passado semanas me sentindo muito mal. No entanto, olhando meu histórico, vejo claramente que estou num ápice de estado ansioso além, é claro, de sintomas de sinusite. A sinusite eu consigo entender, visto que fiz duas mudanças de casa, mexi com muita poeira, estava em lugar com pouca circulação de ar e vim para um lugar notadamente poluído.

Já em relação ao meu estado ansioso, não sei explicar o(s) motivo(s). Eu fiz a mudança que eu queria, vindo para um lugar mais perto da minha família e trabalhando em um aspecto que considero muito na minha carreira. Estou mais perto de amigos também, coisa que não tinha na cidade anterior. Então, eu estou na cidade que eu escolhi estar e isso que me deixa intrigado. Das outras vezes que eu estava muito ansioso, eu estava em situações que me incomodavam muito e eu não conseguia mudar. Mas, assumindo as minhas responsabilidades, também eram frutos de escolhas minhas.

Dessa vez, no entanto, eu escolhi estar aqui e trabalhei para isso. Então, não entendo porque estou sentindo tudo isso. Mas, buscando achar explicações e essa é a razão desse blog, aponto algumas coisas que me incomodam:

- Moro num lugar muito pequeno (o espaço que posso chamar de exclusivo), muito mesmo
- A casa onde estou é uma espécie de república, mora muita gente e a noite geralmente é meio bagunçado por aqui
- Estou com recursos financeiros bem limitados
- Me sinto culpado por não dividir melhor com meu irmão a carga dos custos com saúde da minha mãe
- Me sinto feio, pois nesses apps de relacionamento quase nunca dá "match"

Em relação a minha vida de antes, apenas o último item não é novidade. Então, muita coisa mudou mesmo nos últimos tempos.

Não sei o quanto disso tem contribuído para meu estado ansioso e não posso afirmar que é só isso. Com esses anos todos passando por isso, entendo que a ansiedade é um processo que vai sendo construído durante muito tempo e não "só" uma mudança radical no estilo de vida. Para corroborar isso, eu já estava mal logo assim que cheguei. Então não posso colocar 100% na conta da nova vida o estado em que estou.

A médica que me atendeu essa semana, depois de fazer os testes em relação a tontura e descartar problemas do sistema nervoso central (o que seria bem grave), sugeriu que possa ter relação com o meu estado ansioso e pediu-me que faça um diário buscando entender o que acontece comigo quando sinto esse desequilíbrio ao me movimentar. Além disso, ela sugeriu:

- Intensificar meus exercícios de meditação e relaxamento
- Fazer exercício físico
- Buscar não encucar com essa questão do equilíbrio. Palavras dela: "fique tranquilo"

Ainda tenho um exame para fazer, em relação a vitaminas, que poderia ser uma explicação física para boa parte dos sintomas que tenho. Depois desse exame, talvez eu consiga ter maior clareza sobre o que acontece comigo.




















sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Parábolas de ansiedade

Criei esse blog para tentar colocar no "papel" as minhas reflexões sobre o meu estado. Nem sempre escrevo em um momento de crise. O que acontece muito, é que o caso desse post, é uma escrita pós-crise, em que tento organizar as várias ideias.

Olhando tudo o que aconteceu comigo desde a primeira crise de ansiedade, há quase 10 anos, vejo tudo são fases. Como se fossem uma série de parábolas (sou de exatas, então tendo a quantificar as coisas), onde a fase das crises começa devagar, dando sinais de que as coisas podem piorar, e então atinge seu pico, que são aqueles momentos que você acha que vai enlouquecer. Depois tudo entra em um estado de "normalidade". Até que o ciclo recomeça.

Contextualizando, há cerca de 11 anos atrás, trabalhava em uma empresa onde tinha bastante pressão e vivia planejando (e adiando) a minha saída dessa empresa. Em 2008, se bem me lembro, comecei a me sentir mal, ficando nervoso e agitado. Como sou de uma família de hipertensos julgava que isso era decorrente de pressão alta. Então, comecei nessa época a procurar médicos, que mediam a minha pressão, viam que estava mesmo alta, e me receitavam remédios.

Mas as coisas não melhoraram, fui tendo mais momentos "agitados" e relacionava isso a alguma doença física. Voltava a médicos, fazia novos exames e continuava tomando remédios. Tinha também, nessa época, engordado muito. Com aumento de peso e alimentação sem cuidados, naturalmente meus exames não vinham legais.

Embora tinha começado a minha maratona de médicos, as coisas não melhoravam. Tive algumas crises nervosas em diversos momentos. Mas julgava que tudo isso eram problemas físicos. Até que, no final de 2009, tive aquele que considero o dia mais difícil da minha vida. Um super ataque de pânico em que achei que estava infartando. Minha pressão estava altíssima e naquele dia achei mesmo que ia morrer.

Depois disso, consultas e mais consultas depois, vários exames, remédios e mais remédios, outras crises, alguém disse que isso era ansiedade. Acredito que esse foi o pico dessa primeira parábola de ansiedade da minha vida. Depois daí, em 2010 - 2011, continuei tendo crises mas isso foi diminuindo aos poucos até que poderia me considerar quase "normal".

De lá para cá, houveram outros ciclos desses, talvez com duração menor, mas aconteceram. Acho que meus próprios posts nesse blog ilustram isso.

De 2016 até meados de 18, embora tivesse alguns momentos ansiosos (que nem chamo de crise), posso dizer que foram bons anos da minha vida. Houveram outras parábolas, claro, mas com amplitude e duração bem menor do que a primeira. De julho de 2018 até mais ou menos novembro, comecei a ter sinais parecidos com aqueles de 2008-09. Momentos nervosos, pensamentos de doença e morte quase que diários, etc. Pelo menos, nessa fase mais recente, eu já sabia do que sofro e usava o que tinha de recursos para lidar melhor: meditação, oração, exercícios, respeito aos meus limites, etc. Mesmo assim, as coisas não passaram.

De dezembro/18 para cá, venho tendo crises toda semana, lembrando muito a primeira parábola. Além da ansiedade, problemas para dormir, vontade de chorar (e choro) quase sempre, medo de morrer, quadro hipocondríaco, desgosto com o passado e algumas vezes com o presente, etc. Por mais que essas últimas semanas têm sido insuportáveis, não posso afirmar que sejam do mesmo nível das outras parábolas. Acho que isso se deve a um cuidado que venho tendo faz um tempo. Tenho procurado ter interações sociais, por mais que isso seja um desafio para mim, venho fazendo alguns exercícios e andando com algumas coisas que achei que nunca andariam. Por exemplo, aprendi a andar de bicicleta. Coisa que achei que nunca iria fazer.

Mas, embora eu esteja fazendo tudo o que considero certo para lidar e suportar as crises de ansiedade, essa lógica bonita não funciona no momento da crise. Somado a isso, ainda não sei a causa, mas tenho tido crises de sinusite. O que acontece comigo: cabeça dói, sinto dor em volta do nariz, ouvido direito dói e nariz fica bem entupido às vezes, mas sem coriza, cabeça pesada, etc. Julgo isso a algum componente alérgico que tive/tenho contato desde que voltei a morar na minha cidade natal. Já mudei de lugar de moradia (um mês depois de mudar), cogito nem ir mais ao laboratório onde faço pesquisa (devido ao ar condicionado poluído). Tenho feito lavagem nasal e usado um remédio indicado por uma médica, mas não vejo grandes melhoras. E isso me causa insatisfação, porque o que quero é melhorar logo.

Além disso, e é isso que tem ativado o modo "hard" da minha ansiedade, tenho sentido espécie de vertigens ou tonturas. Não sei a diferença, mas o fato é que quanto estou andando, sinto-me desorientado às vezes, com sensação que vou cair. Também sinto que estou andando como bêbado, sem conseguir fazer uma linha mais ou menos reta. Hoje a tarde, ao sair de uma biblioteca, estava tão desorientado, que não conseguia olhar para frente sem ficar andando em zigue-zague. Não é aquela coisa que acontece quando viramos a cabeça de repente e sentimos um pouco de tontura. É estando parado ou andando numa rua. Resultado: fui do local onde estava até o ponto de ônibus procurando linhas no chão para poder seguir. Aí funcionou mas já tinha ativado meu modo "estou doente, vou ter um treco e vou morrer agora".

Outra característica da parte superior da parábola, é que pesquiso todo o dia sobre doenças e sintomas. Qualquer dor ou sensação, já vira uma pesquisa no google. Hoje, por exemplo, fui pesquisar porque não consigo andar em linha reta. Vim para casa com medo (já medicado com o SOS) e só saí para ir ao mercado porque estava com fome e precisava comprar algo pra comer. Mas fui com medo de ficar zonzo de novo.

Após essas crises, eu fico com medo, esperando a próxima. O resultado? Trabalho mal, durmo mal, vivo mal. Estou sempre em estado de alerta achando que vou ter de novo.

Não sei se isso tudo é "apenas" sinusite ou meus sintomas físicos são causados por um estado ansioso. O fato é que quando estou nessas fases, quero desistir de tudo e voltar pra casa da minha mãe. Fico triste porque não consigo ter uma vida normal, mesmo o meu lado lógico me mostrando que isso vai passar, como passou das outras várias vezes.

Mas, como bom ansioso, as três questões fundamentais são:

1) Quando vai passar?
2) Já atingi o pico da parábola?
3) Ou dessa vez não é "só" ansiedade?

A ver...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Ansiedade de volta ou nunca foi embora?

Essas últimas semanas vinha me sentindo mais agitado do que o normal, mesmo o meu "normal". Até que nessa semana tive uma daquelas crises que não acontecia há muito tempo.

Nesse tempo de trégua da ansiedade, até que eu vinha bem. Conseguindo controlar aqueles momentos que quase saímos do controle, recorrendo ao SOS muito raramente e progredindo em várias áreas da minha vida.

Mas eu parecia já saber que voltaria ter aquelas coisas que me apavoraram há 10 anos atrás. Pensamentos de doenças constante, associando qualquer sensação corporal a uma doença muito grave, dificuldade para dormir, um maior isolamento das pessoas, pensamentos muito ruins a respeito de mim mesmo, pouca paciência com os outros e por aí vai.

Na terça, por exemplo, sentia um aperto muito grande no coração e minha pressão estava alta. Não super alta mas o suficiente para disparar vários pensamentos de ataque cardíaco e morte. Quando acontecem essas coisas, eu fico assustado por uns dias. Agora, por exemplo, sinto pressão na cabeça e estou com medo de dormir e ter um treco. Sentimentos que tinha nas primeiras vezes que tive crises de ansiedade.

Nesse tempo, entre uma postagem e outra, aprendi tanta coisa que venho praticando: meditação, exercícios de respiração, exercícios para me concentrar no agora. Além disso, tenho buscado eliminar da minha vida tudo o que considero tóxico. Seja na alimentação ou mesmo em palavras. Acho que qualquer prática saudável independe de você ter uma condição ou não.

E o que mudou?

Bem, mudei de cidade (de novo), para um desafio acadêmico. Escolha 100% minha e era uma coisa que eu queria fazer. Essa mudança me trouxe restrições financeiras porque abri mão do meu vínculo empregatício para poder receber bolsa. Digamos que dividi minha receita por 3. No entanto, sou grato por ser "pago para estudar".

Com a mudança para cá, venho tendo crises de rinite/sinusite e qualquer sensação (nariz entupido, dor no nariz, sensação de pressão na cabeça, etc) já é gatilho para eu associar a alguma doença grave. E aí uma coisa alimenta a outra. Tendo dizer a mim mesmo que isso tudo está na minha cabeça e posso vencer, mas tem horas que parece tão difícil.

Essa semana já me peguei chorando 2 vezes. Por saudade da família, mas também por me sentir um fracasso, ao lembrar como minha bagagem é pesada.

Espero que isso passe logo... estou cansado.








terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Só por hoje

Só por hoje,

Só por hoje eu queria me sentir feliz

Só por hoje eu queria não sentir medo

Só por hoje eu queria não me sentir só

Só por hoje eu não queria me sentir um fracasso

Só por hoje eu não queria sentir culpa pelas besteiras que fiz

Só por hoje eu não queria pensar que tenho alguma doença grave

Só por hoje eu não queria sentir vergonha de dever muito dinheiro

Só por hoje eu queria ter a determinação que tinha quando era jovem

Só por hoje eu não queria pensar que vou morrer no próximo minuto

Só por hoje eu não queria ficar bebendo água sem parar porque estou nervoso

Só por hoje eu queria sentir que minha vida é normal como das outras pessoas

Só por hoje eu não queria ter que fugir das pessoas para quem eu devo alguma coisa

Só por hoje.