Já faz um bom tempo que não tenho tido prazer em nada e me sinto apenas tocando em frente. Há 20 anos atrás, já com dois anos cursados de faculdade, eu tinha muitos planos. Como eu cheguei até aqui assim?
Boa parte dos meus sonhos eram relativos a questões materiais. Talvez por não ter tido nada quando criança, de sempre ter passado aperto, muitos dos meus objetivos passavam pelo "ter". Hoje eu sei que isso tudo era bobagem, pois tenho certeza que um carro, conta recheada ou casa luxuosa não me deixaria feliz. Mas muitas decisões que tomei em nome do "ter" me levaram aonde estou hoje. Com dívidas monstruosas, patrimônio zero e com menos possibilidades futuras de ter bons rendimentos.
Sim, mesmo eu tendo uma profissão com bastante vaga, a idade faz diferença em processos seletivos. Hoje eu sou velho para a minha área de trabalho. E eu, que 20 anos atrás sonhava em ter a vida de luxo que não tive na infância, hoje me preocupo em saber se terei lugar para morar ou dinheiro para comer quando passar dos 60 anos. Eu diria que essa hoje é uma das minhas maiores preocupações e não sei como sair disso. Tudo que eu ganhar nos próximos anos será para pagar as dívidas que, finalmente, parecem estar encaminhadas para serem pagas em no máximo 3-4 anos.
Mas e aí? Já estarei mais perto da casa dos 50, sem poupança, sem patrimônio e ainda com menos chance de trabalho. Isso realmente me preocupa. O sonho que no passado era vida de luxo, hoje se transformou em preocupação se terei como garantir a mim um fim de vida digno.
Tenho tido bons resultados no que ando fazendo, embora nada disso se traduza ainda em dinheiro. Mas estou fazendo o que acho correto para aumentar minhas chances de trabalho.
Às vezes penso que deveria parar de sonhar muito e me contentar em fazer um concurso, mesmo que num nível acadêmico menor do que o meu. Talvez eu devesse parar de ser arrogante e enxergar que essa vida de destaque não é para mim, que ter uma vida digna não passa por ter coisas caras ou por ser referência na minha área.
A maioria das pessoas simplesmente toca em frente, como diria aquela música do Almir Sater. E são felizes assim. Não vivem no luxo, mas tem vida decente, com nome limpo e até com algum conforto. Talvez porque se aceitem como são e não fiquem buscando mais do que talvez a vida não tenha reservado a elas.
Eu sempre me neguei a ser assim. E onde isso me trouxe?
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