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segunda-feira, 31 de maio de 2021

Obrigado por ter sido meu amigo

Estava pensando ontem em quanto essa doença maldita tirou de todos nós. Serão quase dois anos da nossa vida que não serão recuperados. Momentos que não serão vividos, histórias que não serão contadas... Como se não bastasse tudo isso, hoje fico sabendo que a doença levou você. 

Puxa vida, cara. Por que tão cedo?

Penso em todos os momentos que deixamos de ter, mas me dói ainda mais saber que suas duas crianças não terão você. Rezo para que elas tenham força. Sei como é difícil crescer sem pai. 

Foi quase um ano de convívio diário naquela cidade estranha, onde quase todos nós éramos forasteiros. De todos os irmãos que fiz naquele lugar, você era um dos mais próximos.

Quando me disse que ia embora de lá para ficar perto da sua namorada, fiquei muito mal, mas entendi. Você estava buscando sua felicidade e eu tinha que aceitar isso. 

Foi um tempo curto, mas sempre terei ótimas lembranças de ti. Tomei os melhores porres da minha vida com você. Quantas conversas legais, sóbrios ou não, tivemos. Aquela viagem que decidimos fazer enquanto estávamos em mais uma bebedeira. 

Seus conselhos, nossas zueiras no trabalho, o companheirismo quase sempre para tomar cerveja e jogar sinuca na sexta à noite.

Foi amigo de todos, ótimo companheiro de trabalho e parceiro em tudo. Nunca vou esquecer que foi o seu ombro que me apoiou em um dos dias que mais senti dor na vida. De como você estava incomodado de me ver sofrendo com a perda do bebê, que no final nem sei se existiu mesmo, mas você estava lá comigo.

Teve também aquela noite incrível que ficamos batendo papo até de manhã e tomando suco de laranja barato que compramos na black friday.

Estava vendo as mensagens e nos falamos pela última vez no Natal. Eu tinha dito um pouco antes que assim que isso passar eu ia visitar você e sua família aí. 

Choro porque isso não será mais possível. Choro porque mais uma pessoa realmente boa foi levada desse mundo. Choro porque nunca mais vou poder te abraçar.

Eu deveria estar mais calmo, porque nós dois somos espíritas e sabemos que logo esse reencontro acontecerá.

Mas dói tanto, meu amigo tão querido.

Que nossos irmãos te recebam bem, que você faça essa passagem da forma mais tranquila possível e que sua família tenha forças.

Para mim foi uma honra ser seu amigo. Agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de conviver com essa pessoa tão fantástica que é você.

Obrigado por tudo, japa. Sempre vou me lembrar de você.



 

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Reconheço que preciso de ajuda

No meio dessa semana aconteceu mais um fato que disparou meu nervosismo: conversei com a vizinha e ela me contou que estava resfriada. Pronto, meus dias desde então têm sido péssimos. Na hora eu tive diarreia e isso, de certa forma, trouxe algum conforto no meio da tempestade porque associei a causa dos meus problemas gastrointestinais ao meu estado emocional. Nunca tive esses sintomas, mas já parece meio lógico que essa é a causa nesse novo ciclo de ansiedade.

Passada essa reflexão, fiquei com meus pensamentos obssessivos, relembrando todos os passos na interação com a minha vizinha. Duro que eu abri a porta pra falar com ela e não me liguei de usar máscara. Justo eu. Para tentar me acalmar, fiquei analisando todos os fatores que aumentariam ou não o risco de infecção. Até medi por cima a distância que eu estava dela. 

Aí, as evidências mostram que as chances de infecção nessa interação são muito pequenas: estava há cerca de 2 metros dela em um local com ótima circulação de ar, nossa interação não durou 2 minutos e ela estava de máscara. Ou seja, fora o meu vacilo de não estar de máscara, todos os outros fatores diminuem e muito a chance de eu ter me infectado. Escrevi tudo isso num arquivo e leio muitas vezes por dia para ver se me convenço de que não peguei a doença.

Quase três dias depois desse evento, estou sem sintomas. Fora a diarreia, que tive no mesmo dia e é impossivel de se atribuir a doença. Mas fico contando o tempo todo quantas horas já se passaram desse contato e quanto falta para chegar em três, quatro e cinco dias, tempo médio que aparecem os sintomas. Eu calculo mesmo, e fico vendo a cada hora: "se passaram x horas, faltam y horas para chegar nas 72 horas do contato". Faço isso muitas vezes por dia.

Qualquer sensação diferente no meu corpo já é motivo para eu ficar nervoso e tornar a ler esse arquivo para me lembrar que a chance de ter pego é muito pequena. Ontem, falei com ela via whats e ela disse que o exame deu positivo pra covid. Já fiquei mais nervoso e passei o resto do dia observando ainda mais as sensações do meu corpo.

Como aqui está muito frio, aparecem alguns efeitos bem chatos no corpo, como a garganta ruim às vezes, alguma dificuldade de respirar, etc. Aì abro o mesmo arquivo e escrevo essas sensações, tentando me convencer que não é da doença e me lembrando que tive as mesmas coisas semana passada.

Acho que ficarei assim até chegar pelo menos no quinto dia do contato, próxima segunda. Espero que o final se semana voe. Curioso que fico assim em toda interação que julgo ser de algum risco. Conto até chegar no 5o dia e aí começo a me tranquilizar de novo. A diferença dessa vez é que tenho certeza que a outra pessoa está infectada.

Provavelmente não fui infectado, mas contei isso tudo para mostrar que capitulei em relação ao que escrevi de psiquiatras no último post. Sendo um gerador de receitas ou não, é fato que nesse momento eu preciso mais do que terapia e meditação. As coisas só têm piorado e isso tá afetando minha saúde física, pois diarreias constantes e minha alimentação limitada certamente são prejudiciais.

Enfim, vou aceitar qualquer opção de psiquiatra que eu puder pagar e vamos, provavelmente, começar medicação novamente.


 

 


terça-feira, 11 de maio de 2021

Ir a um Psiquiatra?

Faz dois meses que voltei a  fazer terapia. Apesar daquele início demorado, em que a profissional precisa te conhecer, tem sido bom. Não porque eu tenha tido alguma melhora nesse tempo, muito pelo contrário. Mas porque eu tiro um dia na semana para analisar minhas várias questões junto com uma psicóloga. Estava conseguindo fazer isso sozinho até o ano passado, mas esse ano está muito difícil. 

Hoje ela disse-me que gostaria que eu fosse a um psiquiatra. Ela já tinha comentado antes que talvez me encaminhasse para a psiquiatria, mas hoje falou isso como uma coisa que eu precisaria pensar. Confesso que não gostei, preferia que ficássemos "apenas" nas sessões de terapia. 

Acho que muito dessa minha resistência vem da minha análise econômica de um tratamento psiquiátrico. Não tenho muito dinheiro para consultas e os preços de consultas com psiquiatras são sempre muito altos e não vejo custo-benefício nisso. Talvez porque minhas experiências com psiquiatras foram bem insatisfatórias. Digo isso porque nos dois ou três que fui o procedimento era sempre o mesmo: aqueles minutos para falar o que estava sentindo e aí um receituário. Ou seja, exatamente o que um clínico geral faz com um custo bem mais acessível.

Além da questão econômica em si, começa aquele processo de início de medicação, que é uma droga. Toda vez que iniciei qualquer remédio para a ansiedade ou depressão, vem aqueles sintomas chatos. E nem falo pela libido não, sinceramente nem to ligando para isso. Me refiro a crises de ansiedade, diarreia, etc. 

Sei que são sintomas temporários, mas é mais um porém no tratamento. Outro ponto sobre a minha resistência é justamente sobre o tratamento. Simplesmente não tenho fé nesses tratamentos medicamentosos. Sei que os remédios têm eficácia comprovada nos vários estudos, mas nem sempre funciona para todos. Caso aquela medicação não funcione comigo, aí tenho que gastar mais uma grana, voltar ao psiquiatra para falar por uns minutos enquanto ele faz receita de outro tipo de medicamento para testar comigo.

Aí ficamos nesse ciclo até achar alguma coisa que funcione comigo. Se eu tivesse os mesmos rendimentos que tinha no passado, talvez suportasse esse processo  como tentativa. Mas sinceramente não tenho fé e mal tenho dinheiro para minhas contas normais, quanto mais para fazer testes com algo que no passado não funcionou.

Pode parecer injusto com tantos psiquiatras bons que devem ter por aí, mas nunca tive acesso a um desses. Quando leio relatos de outras pessoas, fico mais desanimado e sem fé ainda na psiquiatria para gente pobre que nem eu.

Então, se é para pagar apenas para pegar uma receita de remédio, eu prefiro um clínico geral. 

Enfim, não sei ainda o que fazer. A psicóloga gostaria da opinião de um psiquiatra, mas se for um gerador de receita automático eu prefiro um clínico geral. 





quarta-feira, 5 de maio de 2021

Mais um dia lixo

Quando estou no meio de uma crise, achando que estou com uma doença grave, fico com medo de morrer e peço a Deus para melhorar. Em outros momentos, fico refletindo como minha vida está uma droga e que talvez não seja tão ruim se as coisas acabarem logo. Nunca me passou pela cabeça tomar alguma atitude, longe disso. Mas, em certos momentos, fico pensando no cansaço que estou de sentir tudo isso, desse medo constante e, fora alguns momentos de calmaria, minha vida tem sido assim por 11 anos. 

Mas aí penso na minha família, em como seria duro com eles se algo acontecesse comigo. Tenho feito o que posso, buscando boa alimentação, fazendo exercícios quando tenho coragem e até voltei à terapia.

Hoje foi mais um dia merda na minha vida. Toda vez que tenho uma crise dessa, fico arrasado e não consigo fazer mais nada no dia. Estou com tanta oportunidade de fazer coisas legais, mas dias como hoje não me deixam fazer nada. Até tento fazer alguma atividade, mas fico tão arrasado que fico enrolando para o dia passar mais rápido e chegar a hora de dormir.

Queria ser uma pessoa normal. Queria que uma diarreia fosse só uma diarreia e não um sinal que posso ter algo grave no intestino. Queria que uma garganta arranhando fosse só uma garganta arranhando, e não um possível sintoma dessa maldita doença que destrói tantas vidas no mundo. Queria não ficar pensando em doença o tempo todo.

Queria viver o dia de hoje e não ficar pensando o tempo todo num futuro que não tenho tanto controle. Queria poder aproveitar o dia, sem ficar pensando que estou ficando velho, que as pessoas que amo estão ficando velhas e que o fim um dia chegará.

Queria ser como as pessoas que simplesmente tocam em frente, que dão o valor às coisas como tem que ser e nada mais. 

Eu não consigo ser assim e vivo há tempos nesse jeito merda de viver. 

Queria saber como é a sensação de ser uma pessoa normal. Que a essa hora está vendo TV, curtindo a família ou amigos, ou simplesmente fazendo alguma coisa qualquer. E não aqui em lágrimas, sentindo pena de si mesmo e sem saber o que fazer para melhorar.

Peço à Deus para não me deixar desistir, pois não suporto pensar no sofrimento da minha família. Queria saber como é ser feliz e ter paz.