Nesse final de ano estou praticamente sem compromissos com outras pessoas, embora a lista de pendências continue grande. Tenho aproveitado para ler aqueles livros que comprei e nunca me organizava para ler. Além disso, já que assino o serviço de streaming da Amazon, também estou assistindo muitos filmes, de variados tipos. Desde os policiais até aqueles mais bobinhos, feitos para acalmar a mente (pelo menos a minha acalma rs).
Um desses que assisti chama-se a A Garota Ideal (título original: Lars and the Real Girl), um drama com o Ryan Gosling. Não vou dar spoiler, ok? Resumidamente, o personagem é um cara que tem muitas dificuldades de convívio social e que arruma uma namorada pela Internet: uma boneca. O filme se desenrola com o envolvimento de todos à sua volta na tentativa de lidar com o fato de que ele trata a "Bianca" como uma pessoa de verdade. Claro que é bonito em ver como todos na cidade se envolvem nisso para ajudar o cara, mas é um cenário bastante utópico. Se isso acontecesse por aqui, o coitado seria massacrado nos tribunais da Internet e a condição mental dele, ao invés de melhorar, só iria piorar ainda mais.
Mas o que esse filme tem a ver comigo, além do fato de que também tenho minhas dificuldades de relacionamento com as pessoas?
No mesmo dia, mais cedo, estava mexendo em uns discos rígidos antigos e me deparei com coisas que mexeram comigo: tinha guardado histórico de mensagens no MSN com aquela que um dia chamei de "amor maior" e cuja história contei aqui. Não sei porque, mas resolvi abrir as mensagens e ler um pouco. Péssima ideia.
Ler nossas conversas e os planos para um futuro que nunca veio me deixou muito mal. Conversávamos de tudo, desde "como foi seu dia?" até conversas mais picantes. Relembrar isso tudo, de como ela era minha companhia e melhor amiga naqueles anos de convívio via internet acabou comigo na sexta. Nunca fui tão eu com ninguém quanto fui com ela e a certeza de que nunca a encontrarei me deixou triste, como se minha chance de ser feliz tivesse acabado quando ela sumiu da minha vida.
Assim como a Bianca do filme, ela parecia ideal para mim. Ótima pessoa, linda, inteligente e combinávamos até nas nossas diferenças. Por outro lado, da mesma forma que a Bianca, a guria ideal só existia na minha mente. A boneca do filme não falava e nem respirava. A minha guria era alguém que eu nunca encontraria pessoalmente, pois é esse o destino natural de uma história de catfish.
Foi um misto de tristeza, porque o sentimento era real, e raiva de mim mesmo, pois prolonguei isso mais do que deveria. Assim como o Lars do filme com a boneca, eu me relacionar com alguém pela Internet só aconteceu porque tinha (e ainda tenho) muitas questões a resolver.
Por outro lado, ter contato com essa dor na sexta me fez tomar uma atitude no dia seguinte: peguei novamente o disco externo e o formatei, apagando qualquer histórico de conversas com ela no MSN e as suas supostas fotos.
Ainda estou longe da melhora do Lars no filme, porque ela ainda está viva na minha mente e em alguns emails arquivados no meu Gmail, mas espero ter começado um processo de desapego. Como aprendi nas minhas leituras sobre o budismo, o apego é a raiz do sofrimento e preciso encontrar a felicidade dentro de mim mesmo.